VÍDEO: Remoção de barricadas do crime chega a São Gonçalo
Foto: Reprodução

A primeira etapa da operação Barricada Zero mobilizou diferentes municípios fluminenses e terminou com a retirada de 593 toneladas de bloqueios que impediam a circulação em vias públicas. A ação, que atingiu áreas do Rio, Baixada Fluminense e São Gonçalo, também resultou em cinco prisões ao longo desta segunda-feira (24). O balanço foi confirmado no início da noite pelo governo estadual.

O avanço das equipes coincidiu com relatos de que criminosos dos complexos do Alemão e da Penha teriam determinado a retirada de barreiras para evitar uma incursão policial. A informação foi citada pelo secretário do Gabinete de Segurança Institucional, Edu Guimarães, que afirmou esperar esse tipo de movimento por parte das organizações criminosas.

Veja o vídeo do momento da retirada de uma das barricadas em São Gonçalo:

Primeiro dia da ofensiva

O governador Cláudio Castro descreveu a iniciativa como o início de um novo ciclo na segurança pública, ressaltando que quem tenta impedir o trabalho das forças policiais deverá rever essa postura. Para ele, a operação precisa acontecer diariamente para reforçar que o Estado não admite mais a presença de barricadas.

Entre os locais atendidos estão a Cidade de Deus, na Zona Sudoeste do Rio; a Mangueirinha, em Duque de Caxias; Grão-Pará, em Nova Iguaçu; São Simão e Dom Bosco, em Queimados; além do Jardim Catarina, em São Gonçalo. No mesmo bairro de São Gonçalo, as equipes encontraram uma estufa de maconha. Em Queimados, havia entorpecentes escondidos no solo.

Durante entrevista coletiva, Castro informou que o trabalho de inteligência será intensificado para identificar quem fornece o material usado nas estruturas ilegais. O primeiro dia contou com 220 policiais militares, 50 viaturas, 30 retroescavadeiras e 60 caminhões.

Impacto simbólico da retirada

Segundo Edu Guimarães, eliminar as barreiras físicas representa, também, derrubar o símbolo de poder exercido pelo crime. Ele afirmou que o governo não permitirá mais que essas estruturas voltem a ocupar as ruas. O material recolhido deverá ser reciclado ou encaminhado para áreas autorizadas. Trilhos de trem usados como bloqueio ficarão armazenados no Comando de Operações Especiais para evitar que retornem às comunidades.

A coletiva reuniu ainda os secretários Victor César dos Santos (Segurança Pública), Marcelo de Menezes (Polícia Militar), Maria Rosa Lo Duca (Administração Penitenciária) e o subsecretário Carlos de Oliveira, da Polícia Civil.

Ampliação do plano

A operação começou uma semana após o encontro no Palácio Guanabara que reuniu prefeitos e representantes de 12 municípios. Na reunião, o governo apresentou a versão ampliada do plano, que prevê a remoção contínua das 13.604 barricadas mapeadas pelo Instituto de Segurança Pública. As informações foram compiladas com base em denúncias, imagens de drones e registros policiais.

Participaram da reunião gestores de diversas cidades, incluindo o prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o prefeito de São Gonçalo, Capitão Nelson. Representantes de Nilópolis, Duque de Caxias e Maricá também estiveram presentes. Castro destacou o modelo aplicado em Belford Roxo e elogiou o prefeito Márcio Canella por ter iniciado a estratégia adotada agora em outros municípios.

Divisão das tarefas

O funcionamento do projeto prevê que o Estado fique responsável pelo maquinário pesado, pelas equipes policiais e pela coordenação técnica. Já as prefeituras devem atuar no suporte logístico, realizando tarefas como retirada de entulho, aterramento de valas, melhorias urbanas e definição dos pontos de descarte.

Cada município precisa indicar dois servidores — um do setor de ordenamento e outro dos serviços urbanos — para acompanhar o processo. Em Duque de Caxias, o local de descarte será um centro municipal que poderá auxiliar outras cidades.

O governo estadual fornecerá tratores, retroescavadeiras, basculantes, maçaricos, motosserras e 50 kits de demolição. Castro afirmou que a operação será mantida diariamente até o fim de sua gestão. Em caso de reconstrução das barreiras, novas ações serão realizadas imediatamente.

Segundo o governador, qualquer tentativa de erguer novamente os bloqueios provocará resposta rápida, com atuação do Bope e da Core. Com o apoio das prefeituras, será possível monitorar quando a reconstrução começar e reagir com operações contra grupos criminosos.

Onde as barricadas são encontradas

Os bloqueios identificados incluem valas abertas, restos de obra, estruturas improvisadas, concreto com ferros cravados e veículos abandonados. Em São Gonçalo e São João de Meriti, há registros de valas que impedem o deslocamento de viaturas e ambulâncias. Na capital, os obstáculos chegam às margens da Avenida Brasil, como em Vigário Geral.

A elaboração do plano ocorreu após a megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha, realizada há três semanas, que terminou com 121 mortos, o maior número de vítimas em ações policiais no Rio.

A população pode informar ruas fechadas por meio do Disque Denúncia, que criou canais exclusivos para esse tipo de ocorrência. Os contatos são: (21) 2253-1177, 0300-253-1177, WhatsApp (21) 2253-1177 e o aplicativo Disque Denúncia RJ.