O Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac) enviou, nesta terça-feira (31/01), ofício à Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro solicitando aumento no policiamento em São Gonçalo, principalmente no bairro Jardim Catarina. A medida visa conter a escalada da violência na localidade, intensificada nas últimas duas semanas. Segundo informações de rodoviários, que trabalham em linhas que circulam pela região, marginais estão sequestrando ônibus para utilizar os veículos em barricadas improvisadas ou para transportar cúmplices feridos em tiroteios com a Polícia ou bandos rivais.
A violência urbana ainda é a principal causa de afastamento de rodoviários do trabalho por problemas psicológicos. Em 2022, o Departamento Médico do Sintronac atendeu 4.321 trabalhadores nos setores de Neuropsiquiatria e Psicologia. Deste total, pelo menos 90% são de vítimas de assaltos, agressões, sequestros de veículos, intimidações de bandidos, ficaram encurralados em tiroteios ou testemunharam crimes, inclusive homicídios. Atualmente, 500 rodoviários estão em tratamento permanente no sindicato, sem condições de retorno às suas atividades profissionais.
“Recomendamos veementemente aos rodoviários que não arrisquem suas vidas. Se há locais perigosos, nenhuma lei os obriga a entrar lá. Lamentamos pela população, mas cabe às autoridades públicas agirem para garantir a segurança de todos, inclusive dos trabalhadores. Não somos super-heróis, mas apenas trabalhadores, que lutam diariamente para garantir o sustento de suas famílias e, por isso, merecemos voltar para casa em pleno estado físico e mental”, afirma o presidente do Sintronac, Rubens dos Santos Oliveira.
Ar-condicionado
O Sintronac também enviou ofício ao Ministério Público do Trabalho (MPT), para que o órgão intervenha junto à Prefeitura de São Gonçalo e às empresas, que atuam no município, para a implementação urgente de um programa de instalação de ar-condicionado nos ônibus, ou adquiram novos veículos já com os equipamentos. Atualmente, segundo dados da própria municipalidade, 423 ônibus circulam pela cidade, dos quais apenas 217 são climatizados.
Uma forma de viabilizar a climatização de toda a frota, que circula em São Gonçalo, seria a Prefeitura pagar às empresas os seis anos de repasse das gratuidades, que estão atrasados. “Com o calor excessivo, não só os passageiros, mas os rodoviários também sofrem muito, inclusive afetando sua saúde, provocando cansaço extremo, estresse, enfim, um desgaste físico e emocional brutal, provocado por horas no trânsito. E ainda há a violência, a insegurança, os engarrafamentos. É uma situação caótica”, avalia Rubens Oliveira.