A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) sofreu cortes no fornecimento de energia elétrica em algumas de suas instalações nesta terça-feira (12), devido a uma dívida de R$ 35,7 milhões com a concessionária Light. A medida, autorizada por decisão judicial, atingiu atividades consideradas não essenciais nos campi da Ilha do Fundão e na Quinta da Boa Vista, gerando transtornos para a comunidade acadêmica.
Áreas afetadas e repercussões
No campus do Fundão, a energia foi cortada em locais como o edifício Jorge Machado Moreira, que abriga as faculdades de Arquitetura e Urbanismo (FAU) e Belas Artes. O reitor da UFRJ, Roberto Medronho, discordou da classificação de aulas como atividades não essenciais:
“Tivemos o fornecimento suspenso em áreas fundamentais, como onde ocorrem aulas. Nesta quarta-feira, manteremos atividades com aulas externas, e eu estarei lá para relatar os problemas enfrentados pela universidade,” afirmou Medronho.
Outras áreas afetadas incluem a editora da UFRJ e o estacionamento do Instituto Coppead de Administração. Na Quinta da Boa Vista, a energia foi cortada em instalações do Museu Nacional, mas não afetou o prédio principal, que sofreu um incêndio em 2018.
Risco ao acervo do Museu Nacional
O corte de energia também colocou em risco itens valiosos do acervo do Museu Nacional, como o manto Tupinambá, recentemente doado pelo Museu Nacional da Dinamarca. O reitor explicou que, apesar de evitar o desligamento na área onde o manto é mantido, outros espaços com coleções inflamáveis foram afetados:
“A energia é essencial para preservar coleções e evitar riscos de incêndio, especialmente em laboratórios com produtos inflamáveis e temperaturas elevadas,” destacou Medronho.
O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, reforçou a gravidade da situação:
“O museu é muito mais do que o prédio principal. Algumas áreas críticas, onde mantemos coleções em álcool, estão sem luz. O ar-condicionado, indispensável para a preservação, foi desligado.”
A dívida com a Light
A Light informou que o corte ocorreu após várias tentativas de negociação. Do valor total de R$ 35,7 milhões, R$ 31,8 milhões são referentes a faturas vencidas desde março de 2023, e R$ 3,9 milhões dizem respeito a parcelas de um acordo firmado em 2020, que não foi integralmente quitado. Naquele ano, a UFRJ havia negociado uma dívida de R$ 21,3 milhões, mas pagou apenas R$ 13 milhões.
A concessionária destacou que unidades essenciais, como hospitais e serviços de segurança, foram poupadas do corte para garantir o atendimento à população.
Reitor recorre e critica decisão
O reitor da UFRJ afirmou que a universidade já recorreu da decisão judicial e criticou os critérios da Light:
“Discordamos completamente da definição do que é essencial. Aulas e preservação de acervos culturais são essenciais para a universidade e para a sociedade,” afirmou Medronho.
A UFRJ enfrenta restrições orçamentárias severas, e a situação expõe os desafios para manter serviços básicos em funcionamento. Enquanto aguarda uma solução, a instituição continua buscando negociações para evitar prejuízos ainda maiores à comunidade acadêmica e ao patrimônio cultural.