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Samba de luto: morre Arlindo Cruz no Rio de Janeiro

Morre Arlindo Cruz, ícone do samba e do Cacique de Ramos, aos 66 anos. Cantor deixa legado imortal no Fundo de Quintal e na música brasileira.

Arlindo Cruz | Divulgação
Arlindo Cruz | Divulgação

O Brasil se despede de um dos maiores nomes do samba. O cantor, compositor e instrumentista Arlindo Cruz morreu nesta sexta-feira (8), no Rio de Janeiro, aos 66 anos, após enfrentar complicações de saúde desde que sofreu um AVC hemorrágico em 2017. A informação foi confirmada pela esposa do artista, Babi Cruz.


Do cavaquinho da infância ao palco do Cacique de Ramos

Arlindo Domingos da Cruz Filho nasceu em 14 de setembro de 1958, no bairro de Madureira, Rio de Janeiro. Aos 7 anos, ganhou seu primeiro cavaquinho do pai, conhecido como Arlindão, e logo mostrou talento. Aos 12, já tocava músicas de ouvido ao lado do irmão Acyr Marques e estudava violão clássico e teoria musical na Escola Flor do Méier.

O ponto de virada na carreira veio ao entrar para as rodas de samba do Cacique de Ramos, berço de grandes nomes como Zeca Pagodinho, Almir Guineto e Fundo de Quintal.

Arlindo Cruz | Divulgação

Sucesso no Fundo de Quintal

Em 1981, Arlindo ingressou no lendário Grupo Fundo de Quintal, substituindo Jorge Aragão. Foram 12 anos de sucesso, assinando composições que se tornaram clássicos, como O Show Tem Que Continuar e Só Pra Contrariar.

Além de cavaquinista e banjoísta, Arlindo se destacou como compositor prolífico, com músicas gravadas por Beth Carvalho, Alcione, Zeca Pagodinho e outros grandes nomes do samba.


Carreira solo e prêmios

Em 1993, iniciou a carreira solo com o álbum Arlindinho. Ao longo da trajetória, lançou dezenas de discos e DVDs, incluindo MTV ao Vivo: Arlindo Cruz (2009), que vendeu mais de 100 mil cópias.

Foi vencedor do Prêmio da Música Brasileira e indicado cinco vezes ao Grammy Latino, consolidando-se como um dos artistas mais premiados do gênero.


Complicações de saúde

Em março de 2017, durante os preparativos para o projeto Pagode 2 Arlindos, com o filho Arlindinho, sofreu um acidente vascular cerebral hemorrágico. Ficou quase um ano e meio internado e, desde então, enfrentou sequelas e diversas internações por pneumonia e infecções.

Mesmo afastado dos palcos, seguiu recebendo homenagens de artistas e fãs, que reconheciam sua importância para o samba brasileiro.


Legado imortal

Arlindo Cruz deixa uma contribuição incomparável para a música brasileira, ajudando a popularizar o samba de raiz e a manter viva a tradição das rodas de samba. Seu nome estará para sempre ligado à história do Cacique de Ramos e ao legado de resistência cultural que o movimento representa.