Foto: Rafael Wallace
Foto: Rafael Wallace

O Rio de Janeiro viveu nesta terça-feira (28) um dos dias mais violentos de sua história recente. Uma megaoperação policial realizada nos complexos da Penha e do Alemão resultou em pelo menos 64 mortos — entre eles 60 suspeitos e quatro policiais —, além de 81 prisões e 93 fuzis apreendidos.

Segundo o governo estadual, esta foi a operação mais letal da história do Rio, superando em mais do que o dobro o massacre do Jacarezinho, ocorrido em 2021, que terminou com 28 mortes.

A ação envolveu 2.500 agentes das forças de segurança, com o objetivo de cumprir 100 mandados de prisão em uma área de 9 milhões de metros quadrados. Durante os confrontos, traficantes usaram drones com explosivos contra as forças policiais — uma tática inédita no estado.

Foto: Rafael Wallace

Cenário de guerra e caos urbano

O clima nas ruas da capital fluminense e da Região Metropolitana foi de tensão e medo. Comércios, escolas e universidades fecharam as portas, e o transporte público entrou em colapso.

Ônibus foram utilizados por criminosos para bloquear vias, gerando longos engarrafamentos e dificultando o retorno da população para casa. O resultado foi um caos generalizado, com metrôs e trens lotados, barcas abarrotadas e pessoas caminhando por horas para chegar ao destino.

Foto: Rafael Wallace

Governador pede união nacional contra o crime organizado

O governador Cláudio Castro (PL) destacou que a política de segurança do Estado tem se baseado em investigação, integração e investimento.

“Os confrontos acontecem majoritariamente em áreas de mata. Todo o planejamento foi feito para proteger vidas, atuando fora das regiões urbanas e reduzindo o risco para a população”, afirmou o governador.

Castro ressaltou que, pelo terceiro ano consecutivo, o governo ultrapassa R$ 16 bilhões investidos em segurança pública, o maior volume em mais de uma década.

O governador também pediu apoio federal:

“Essa guerra não é só do Rio, é do Brasil. Nenhum Estado consegue vencer sozinho. Precisamos de um pacto nacional pela segurança pública, com apoio de todas as instituições, inclusive das Forças Armadas. O que existe, infelizmente, é a falta de priorização da segurança no cenário nacional.”

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Impactos na vida da população e instituições fechadas

Enquanto as operações avançavam, o caos se espalhava pela Região Metropolitana. Em São Gonçalo, a Baixada Fluminense e partes da Zona Norte do Rio, criminosos bloquearam ruas e queimaram veículos.

A UFRJ, a UERJ, a UFF, a UFRRJ e instituições privadas como a Estácio de Sá suspenderam as aulas. A Fiocruz liberou funcionários e estudantes mais cedo, às 15h30, e o Sesc RJ interrompeu atividades em todas as suas unidades da capital. A Câmara Municipal do Rio cancelou a sessão plenária do dia, e diversos bares e restaurantes fecharam as portas por precaução.


Operação em números

  • 64 mortos, sendo 60 suspeitos e 4 policiais
  • 81 presos
  • 93 fuzis apreendidos
  • 9 agentes feridos
  • 2.500 policiais mobilizados
  • 100 mandados de prisão
  • 9 milhões de m² de área de atuação