Rio tem dia de guerra: operação prende 22 e deixa mortos

Rio de Janeiro - Uma megaoperação das forças de segurança do Estado do Rio de Janeiro, realizada nesta terça-feira (28), deixou cinco pessoas mortas, incluindo um policial civil, e resultou na prisão de 22 suspeitos.

A ação, que mobilizou 2.500 agentes, tem como alvo cerca de 100 traficantes do Comando Vermelho (CV) e ocorre simultaneamente nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio.

Segundo as autoridades, a operação integra a fase mais recente da Operação Contenção, iniciativa permanente de combate à expansão territorial da facção criminosa.

“As forças de segurança do Governo do Estado prenderam 22 criminosos durante ação conjunta, que está em andamento na região dos Complexos da Penha e do Alemão, nesta terça-feira (28/10). A Operação Contenção, que mobiliza 2.500 policiais civis e militares, busca capturar lideranças criminosas do Rio de Janeiro e de outros estados, além de impedir a expansão territorial da maior facção do estado. O Grupamento de Recapturas da Secretaria de Administração Penitenciária (SEAP) também atua na operação, identificando os foragidos do sistema prisional que foram beneficiados com a “saidinha” e não voltaram para a prisão.” disse o Governo do Estado do Rio de Janeiro em nota.

Barricadas em chamas e drones com bombas

Durante a manhã, moradores relataram tiros intensos, colunas de fumaça e barricadas em chamas em diversos pontos das comunidades. A Polícia Civil informou que criminosos reagiram com violência e, em retaliação, chegaram a lançar explosivos com drones contra os agentes.

Outros suspeitos foram vistos fugindo em fila indiana pela parte alta do Alemão, em cenas que lembraram a ocupação de 2010.

Mortos e feridos

De acordo com o balanço parcial da operação:

• 4 suspeitos foram mortos em confronto — dois da Bahia e um do Espírito Santo;
• 1 policial civil morreu baleado;
• 4 policiais civis e 2 PMs ficaram feridos;
• 3 civis foram atingidos por balas perdidas, incluindo um homem em situação de rua e uma mulher em uma academia.

Cinco suspeitos feridos estão internados sob custódia no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha.

22 presos e arsenal apreendido

Ao todo, 22 pessoas foram presas, e os agentes apreenderam 10 fuzis, 2 pistolas e 9 motocicletas. Entre os detidos está Nicolas Fernandes Soares, apontado como operador financeiro de Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca ou Urso, um dos chefes do Comando Vermelho.

Secretário de Segurança defende operação

O secretário estadual de Segurança Pública, Victor Santos, afirmou que a ação foi planejada com antecedência, sem apoio do governo federal, e é considerada essencial para conter o avanço da facção no estado.

“Toda essa logística é do próprio estado. São aproximadamente 9 milhões de metros quadrados de desordem no Rio de Janeiro. Lamentamos profundamente as pessoas feridas, mas essa é uma ação necessária, planejada, com inteligência e que vai continuar”, destacou o secretário.

Santos estima que 280 mil pessoas vivem nas áreas afetadas pela operação.

Impactos à população

A operação causou graves transtornos à rotina de moradores da Penha e do Complexo do Alemão.

• Saúde: cinco unidades de Atenção Primária não abriram, e uma clínica da família suspendeu visitas domiciliares.
• Educação: 28 escolas ficaram fechadas no Alemão, 17 na Penha, e 1 unidade estadual suspendeu aulas.
• Transporte: 12 linhas de ônibus tiveram itinerários desviados por segurança, segundo o Rio Ônibus.

Participação de diferentes forças policiais

A operação contou com policiais civis e militares, além de promotores do Ministério Público do Rio (MPRJ). Participaram unidades do Comando de Operações Especiais (COE), delegacias especializadas, o Departamento de Combate à Lavagem de Dinheiro e a Subsecretaria de Inteligência.

Helicópteros, blindados e veículos de demolição foram utilizados, além de ambulâncias do Grupamento de Salvamento e Resgate, que prestaram apoio médico durante os confrontos.