
Começa nesta quarta-feira o XX Encontro de escritores e artistas indígenas no Museu de Arte do Rio (MAR) e segue até sábado na Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB). A edição de 20 anos amplia vozes, reúne nomes de diferentes povos e oferece programação 100% gratuita para todas as idades.
O que é o Encontro e quando acontece
Datas, locais e acesso gratuito
O Encontro de escritores e artistas indígenas será realizado nos dias 15, 16 e 17 de outubro de 2025 no Museu de Arte do Rio (MAR) e no dia 18 de outubro de 2025 na Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB). Toda a programação é gratuita, com conversas, lançamentos de livros, roda de poesia, apresentações musicais e oficinas para crianças.
Realização e parcerias institucionais
Idealizado pelo escritor e educador Daniel Munduruku, com coordenação da professora de literatura da Universidade Federal Fluminense (UFF) Claudete Daflon, o Encontro tem parceria da Coordenação de Pesquisa e Políticas Culturais do Museu Nacional dos Povos Indígenas (MNPI). A realização é do Ministério da Cultura (MinC), por meio da Secretaria de Formação Artística e Cultural, Livro e Leitura (Sefli), com apoio da Fundação Casa de Rui Barbosa, e do Ministério dos Povos Indígenas (MPI) via MNPI, órgão científico-cultural da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). A ação tem como ponto de partida o protagonismo indígena na área cultural.

Protagonismo indígena e impacto cultural
20 anos de avanços e reconhecimento
Segundo Daniel Munduruku, “Ao completar seu 20º Encontro, queremos celebrar os muitos avanços que foram acontecendo na sociedade brasileira, o aumento numérico de escritores e artistas indígenas, a abertura do mercado editorial e livreiro, as políticas públicas que se desenvolveram a partir desse feito, os prêmios e reconhecimentos recebidos pelos autores e autoras, o virtuoso aumento de publicações universitárias trazendo a literatura como objeto de pesquisa, o ingresso do primeiro escritor indígena na Academia Brasileira de Letras, entre outras tantas conquistas**”.

Para Fabiano Piúba, secretário da SEFLI/MinC, “O Encontro de Escritores e Artistas Indígenas é um território sagrado da literatura indígena no Brasil […] tem sido um ambiente para o aprimoramento das políticas públicas de fomento ao livro, à leitura e à literatura, mas também para o próprio mercado editorial brasileiro […] o papel político e social do Encontro […] é fundamental para a promoção da bibliodiversidade […] Compreendemos este Encontro como um projeto de políticas públicas como parte do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), com a participação da Fundação Casa de Rui Barbosa e da **Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural”.

Cena literária, formação e políticas públicas
A edição de 2025 acontece ampliada, com mais participantes e atividades educativas voltadas à formação de professores. O MAR receberá mais de 30 escritores e artistas indígenas de diferentes povos e biomas. Na abertura oficial, a conferência “Vozes Ancestrais: O tênue fio entre literatura e oralidade” será conduzida por Daniel Munduruku, curador do evento, escritor, educador e fundador do Selo Uka Editoria.
Quem participa e o que ver
Autores, artistas e lideranças confirmados
Entre as personalidades estão: Gustavo Caboco (artista plástico, criador do Selo Editorial Picada); Fernanda Kaingang (advogada, escritora, arte-educadora, doutora pela Universidade de Leiden – Holanda); Ademário Payayá (dramaturgo e escritor); Jaime Diakara (professor, escritor e ilustrador); Eva Potiguara (escritora); Moara Tupinambá (poeta e artista plástica); Uziel Guayné (artista plástico e escritor do Povo Maraguá/AM); e as lideranças Marcos Terena, Catarina Tupi Guarani e Darlene Taukane, entre outros.
Programação no MAR (15 a 17/10)
- Mesas de conversas e lançamentos de livros
- Roda de poesia e apresentações musicais
- Oficinas de ilustração e atividades para crianças
- Formação de professores e debate sobre literatura indígena
Etapa cultural na FCRB (18/10)
No sábado, 18 de outubro, a Fundação Casa de Rui Barbosa recebe apresentações musicais, oficinas de ilustração, atividades para crianças, contação de histórias, roda de poesia e feira de artesanato e de livros indígenas — um dia cultural para toda a família.

Falas que marcam o Encontro
Curadoria e sentido do evento
Para a coordenadora Claudete Daflon (UFF), “O Encontro é um espaço de protagonismo indígena […] Como parte da programação do Rio Capital Mundial do Livro, é um sopro de vitalidade e renovação na cena literária e artística do país, oportunidade de rever processos históricos e entender outras formas de conhecimento e de cultura”.

Escrita como memória e resistência
A diretora do Museu Nacional dos Povos Indígenas, Juliana Tupinambá, destaca: “A escrita indígena é uma flecha lançada da memória e do território […] Escrever é também um ato de resistência contra estereótipos e invisibilidades. A literatura indígena é caminho para um país que reconhece sua verdadeira diversidade, livre de preconceitos e do racismo”.
Instituições parceiras (EEAT)
Sobre o Museu de Arte do Rio (MAR)
O MAR é um museu da Prefeitura do Rio, fruto de parceria entre a Secretaria Municipal de Cultura e a Fundação Roberto Marinho. Desde janeiro de 2021, é gerido pela Organização de Estados Ibero-americanos (OEI), que, em cooperação com a Secretaria Municipal de Cultura, apoia programações expositivas e educativas por meio de um amplo conjunto de atividades.
Segundo Rodrigo Rossi, diretor da OEI no Brasil, o MAR conecta a cultura carioca ao mundo, promove acesso à cultura e estimula diálogo e pluralidade. Em 2024, OEI e Instituto Arte Cidadania (IAC) firmaram parceria para fortalecer as ações do museu, com o IAC apoiando a correalização da programação.
O MAR tem como mantenedor o Instituto Cultural Vale, patrocínio Master de Equinor e LATAM e patrocínio Ouro do Itaú Unibanco. Conta com apoio de Globo, Machado Meyer Advogados, Cescon Barrieu e Wilson Sons, além de parceria de mídia com Globo e Canal Curta. A Escola do Olhar recebe apoio da Equinor e do Núcleo de Ideia. O museu é realizado em parceria com a Prefeitura do Rio, Governo do Estado, Ministério da Cultura e Governo Federal, via Lei Federal de Incentivo à Cultura e Lei de Incentivo Municipal. Mais informações: Museu de Arte do Rio
Sobre a Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB)
A FCRB, vinculada ao Ministério da Cultura, preserva, pesquisa e difunde a cultura brasileira, com programas de projeção nacional e internacional. Seu patrimônio inclui a casa em estilo neoclássico, o jardim histórico tombado, a biblioteca particular de Rui Barbosa (mais de 30 mil volumes) e arquivo pessoal (cerca de 60 mil documentos). O acervo soma 120 mil volumes (livros e periódicos), 9 mil folhetos de cordel, 705 metros lineares de documentos arquivísticos, 4 mil peças museológicas e mais de 9 mil objetos.
O Museu Casa de Rui Barbosa preserva 1.550 peças originais, inclusive instrumentos musicais e veículos, além da biblioteca de Rui com cerca de 36 mil volumes anotados. A Biblioteca São Clemente (1937) destaca Direito Constitucional, História do Brasil, Literatura Brasileira e Política Cultural, reunindo cerca de 10 mil folhetos de cordel e coleções de Manuel Bandeira, Vinícius de Moraes, Rodrigo de Souza Leão e Pedro Nava. A BIMM (1979) reúne cerca de 10 mil títulos e materiais lúdico-pedagógicos. O AMLB (1972) guarda arquivos de 152 escritores (como José de Alencar, Clarice Lispector, Rubem Braga, Carlos Drummond de Andrade) e cerca de 2 mil peças museológicas. A Cátedra UNESCO de Políticas Culturais (2017) atua como polo de estudos e gestão cultural, promovendo seminários, cursos e publicações.
Sobre o Museu Nacional dos Povos Indígenas (MNPI)
O MNPI (antes Museu do Índio) é instituição científico-cultural vinculada à Funai, criada em 19 de abril de 1953 por Darcy Ribeiro. Desde dezembro de 1978, está em Botafogo (Rio). Aberto ao público, recebe educandos, educadores, moradores, famílias e turistas, apresentando a diversidade dos 305 povos indígenas do Brasil.
O acervo se divide em: Museográfico (mais de 20 mil objetos de cerca de 150 povos, com coleções desde a década de 1940); Arquivístico (fundos documentais, incluindo o SPI 1910–1967, reconhecido pela UNESCO como patrimônio cultural da humanidade); e Bibliográfico (etnologia indígena, antropologia e política indigenista). O MNPI integra pesquisa, preservação e educação, em colaboração com comunidades indígenas, contribuindo para uma sociedade mais justa, plural e consciente de suas raízes.
Serviço — Encontro de escritores e artistas indígenas
De 15 a 18 de outubro de 2025
Museu de Arte do Rio (MAR) — 15 a 17/10
- 15/10: das 10h às 18h
- 16/10: das 9h às 18h
- 17/10: das 9h30 às 18h
Endereço: Praça Mauá, Centro, Rio de Janeiro-RJ
Local: 5º andar do MAR — Ingressos gratuitos pelo Sympla
Telefone: (21) 3031-2741
Entrada gratuita
Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB) — 18/10
- 18/10: das 10h às 16h
Endereço: Rua São Clemente, 134 – Botafogo – Rio de Janeiro, RJ
Telefone: (21) 3289-4600