Rio de Janeiro - Um dos criminosos mais antigos em atividade no Rio de Janeiro, Celso Luiz Rodrigues, conhecido como Celsinho da Vila Vintém, foi preso na manhã desta quinta-feira (8) por agentes da Polícia Civil na comunidade Vila Vintém, em Padre Miguel, Zona Oeste do Rio. Celsinho é apontado como fundador da facção Amigos dos Amigos (ADA) e articulador de alianças entre o tráfico e milícias para expandir o controle territorial na região.
Alianças inéditas entre rivais históricos
Investigações revelaram que Celsinho se aliou ao Comando Vermelho (CV) — facção com a qual já havia rompido no passado — e também a grupos paramilitares para retomar comunidades dominadas pela milícia, como a Vila Sapê, em Curicica. O traficante teria “comprado” o controle da área, até então sob domínio do miliciano André Costa Bastos, o Boto, e enviado homens armados da ADA para ocupar a localidade sem resistência.
A ação integra a Operação Contenção, que busca enfraquecer a estrutura logística e financeira do Comando Vermelho, com foco na Zona Oeste do Rio. Até agora, já foi solicitado o bloqueio de mais de R$ 6 bilhões em bens e valores ligados à facção.
Operação teve início após prisão de oito traficantes em fevereiro
As investigações começaram em 26 de fevereiro, com a prisão em flagrante de oito criminosos armados na Vila Sapê. Os presos revelaram que foram enviados por Celsinho para assumir o controle da região a mando da ADA, após negociação direta com Boto — que mesmo preso em um presídio federal teria intermediado a venda da comunidade.
Depoimentos e interceptações também indicam que Celsinho firmou um pacto com Edgar Alves de Andrade, o Doca (ou Urso), líder do Comando Vermelho, para manter o domínio conjunto da região com ações armadas coordenadas. Uma dessas ações teria sido o assassinato do miliciano Fábio Taca Bala, que se opunha à entrada da ADA em Curicica.
Associação criminosa compartilhava armas, território e lucros
Segundo o inquérito, Celsinho, Doca e Boto chefiavam uma associação criminosa complexa, voltada à exploração do tráfico de drogas em pontos estratégicos da Zona Oeste. O grupo utilizava armamento pesado, coação de moradores, execuções e acordos de divisão territorial para garantir estabilidade nas áreas dominadas.
Histórico de crimes e fugas
Celsinho possui condenações por tráfico, roubo e formação de quadrilha. Foi preso pela primeira vez em 1990 e protagonizou uma fuga cinematográfica em 1998, quando escapou do hospital penitenciário vestido como policial militar. Recapturado em 2002, ele chegou a afirmar, em entrevista ao jornal O Globo:
“Eu sou traficante. Vivo do tráfico. Sou bandido. Mas sou um cara devagar, não dou tiro na polícia. Fujo. Compro meu pozinho, minha maconha e vendo.”
Ele dizia movimentar cerca de R$ 50 mil por semana, embora “sobrassem apenas R$ 10 mil”, segundo suas palavras. Durante duas décadas, esteve detido no Presídio Federal de Porto Velho e, depois, no Complexo de Gericinó, de onde foi solto em 2022, após a Justiça anular acusações relacionadas à invasão da Rocinha em 2017, por falta de provas consistentes.