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Luto no samba: Bira Presidente falece aos 88 anos no Rio

O samba se despede de Bira Presidente, que faleceu aos 88 anos no Rio. Uma grande perda para a cultura brasileira.

Foto/ Instagram/ birapresidente
Foto/ Instagram/ birapresidente

O mundo do samba se despediu neste sábado (14) de uma de suas maiores referências: Bira Presidente, nome artístico de Ubirajara Félix do Nascimento, morreu aos 88 anos, no Hospital Unimed Barra, no Rio de Janeiro, por complicações causadas por um câncer de próstata. O artista também convivia com o Mal de Alzheimer.

A informação foi confirmada através de uma nota conjunta divulgada nas redes sociais do Cacique de Ramos e do grupo Fundo de Quintal, instituições que ele ajudou a fundar e consolidar como pilares da cultura popular brasileira.

O sambista deixa duas filhas — Karla Marcelly e Christian Kelly —, os netos Yan e Brian, e a bisneta Lua.

“Sua atuação no Cacique de Ramos moldou o bloco e o samba. O Doce Refúgio se tornou uma referência cultural. No Fundo de Quintal, criou uma linguagem que inspirou gerações”, diz o comunicado oficial.


Velório aberto ao público terá homenagem especial no Cemitério Jardim da Saudade

A despedida de Bira Presidente será nesta segunda-feira (16/06), na Capela 9 do Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Norte do Rio. O velório será aberto ao público e acontecerá das 14h às 16h30.

A bateria do Cacique de Ramos fará uma apresentação especial em homenagem ao sambista. Diversos músicos e personalidades do samba são esperados para prestar as últimas homenagens. O grupo Fundo de Quintal, que está em São Paulo cumprindo agenda, fará uma homenagem em sua apresentação deste domingo (15) e retorna ao Rio para acompanhar o velório.


Trajetória marcada por pioneirismo no samba

Nascido em 23 de março de 1937, no bairro de Ramos, Zona Norte do Rio, Bira foi envolvido pela música desde a infância. Frequentava rodas com nomes lendários como Pixinguinha, João da Baiana e Donga, tendo sua primeira experiência no samba aos sete anos, ao ser “batizado” na Estação Primeira de Mangueira.

Reprodução/Instagram

Sua mãe, Conceição de Souza Nascimento, mãe de santo da Umbanda, influenciou profundamente sua espiritualidade e musicalidade.

Em 20 de janeiro de 1961, fundou o Grêmio Recreativo Cacique de Ramos, ao lado de amigos e familiares. O bloco se transformou em um dos maiores centros culturais do samba no Brasil. Com sede apelidada de “Doce Refúgio”, o Cacique foi responsável por revelar grandes nomes da música brasileira.

Bira foi o único presidente da agremiação até sua morte, conhecido por muitos como “o próprio Cacique”.


Fundo de Quintal: a revolução na roda de samba

No fim dos anos 1970, a partir das rodas do Cacique, nasceu o Fundo de Quintal, grupo que inovou ao adicionar instrumentos como o tantã, repique de mão e banjo ao samba tradicional. Bira era um dos fundadores e sua marca registrada era o pandeiro, além do carisma e do famoso “miudinho”, estilo único de dança que encantava o público.

Entre os grandes sucessos do grupo com Bira estão:

  • “O Show Tem Que Continuar”
  • “A Amizade”
  • “Do Fundo do Nosso Quintal”
  • “Lucidez”
  • “Nosso Grito”

Com sua morte, o Brasil perde um dos grandes mestres do samba, mas o legado de Bira Presidente permanece vivo em cada roda, em cada verso e em cada batuque que ecoa pelos terreiros do país.