
A megaoperação policial que resultou em pelo menos 132 mortes nos complexos do Alemão e da Penha, na terça-feira (28), provocou uma profunda divisão no debate público nas redes sociais.
Um levantamento da Timelens, empresa de tecnologia e inteligência de dados, analisou 289.034 menções à ação entre terça e quarta-feira, revelando que 62% dos usuários apoiaram a operação, enquanto 32% a criticaram, classificando-a como “chacina”. Outros 6% expressaram medo ou neutralidade.
O estudo, que abrangeu postagens no X (antigo Twitter), YouTube, Facebook, Instagram e TikTok, mostrou um domínio da direita no engajamento online, que foi cinco vezes maior do que o de perfis associados à esquerda.
Apoio e críticas
Entre os perfis favoráveis, as publicações descreviam a operação como uma “faxina histórica”, defendendo os policiais e endossando a “guerra ao narcoterrorismo”. Muitos usuários elogiaram o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), e reproduziram sua declaração de que a operação teve “apenas quatro vítimas”, referindo-se aos policiais mortos em combate.
Do lado oposto, as postagens críticas responsabilizaram o governo estadual pelo alto número de mortes. Usuários contrários à ação alegaram que houve execuções, mortes de inocentes e violência desproporcional contra moradores de favelas, argumentando que o objetivo seria o “extermínio da população periférica”.
Contexto e repercussões
A operação, que também levou à transferência de líderes do Comando Vermelho para um presídio de segurança máxima, é a mais letal da história do estado. A ação gerou reações de autoridades nacionais e internacionais.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou que o governador Cláudio Castro preste esclarecimentos sobre a operação no âmbito da ADPF das Favelas. O Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU também se disse “horrorizado” com o evento.