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Rio de Janeiro - O Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) aprovou, nesta quarta-feira (26/11), o tombamento definitivo do edifício da Antiga Repartição Central de Polícia, conhecido como antigo DOPS, no Centro do Rio de Janeiro.

O imóvel será incluído nos Livros do Tombo Histórico e das Belas Artes, destacando seu valor artístico, sua conexão com as lutas sociais e políticas pela democracia e seu papel como local de violações de direitos humanos durante períodos autoritários do país.

A decisão reforça o compromisso do Iphan com a preservação dos lugares de memória, especialmente aqueles que testemunharam momentos de resistência e violência política na história brasileira.

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Marco da arquitetura eclética e da história republicana

Inaugurado em novembro de 1910, o edifício foi projetado pelo arquiteto Heitor de Mello, com forte influência do ecletismo francês, representando a modernização do Estado no início da República, durante as reformas urbanas do prefeito Pereira Passos.

Com três pavimentos, pátio interno e fachadas ornamentadas, o imóvel se destaca por sua imponência, pela cúpula na esquina e por detalhes de grande valor artístico — características que motivaram seu tombamento também como bem arquitetônico.


Símbolo da repressão política que não pode ser esquecido

Ao longo do século 20, o prédio sediou diferentes órgãos policiais, entre eles o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS-RJ). Durante o Estado Novo e a ditadura militar, o local se tornou palco de prisões, torturas, perseguições e desaparecimentos, sendo reconhecido como lugar de memória traumática da história do Brasil.

“Este ato homenageia aqueles que foram torturados, perseguidos, mortos ou desaparecidos por lutarem pela liberdade”, afirmou o presidente do Iphan, Leandro Grass. “Ao torná-lo patrimônio, contribuímos para que as gerações presentes e futuras não repitam os erros desse período.”


Acervo histórico de grande relevância cultural

O edifício também abrigou o Acervo Nosso Sagrado, com objetos de religiões de matriz africana que foram ilegalmente confiscados em ações policiais entre 1890 e 1946. O conjunto já é tombado e representa importante símbolo de resistência e identidade cultural.


Caminho aberto para um centro de memória e justiça simbólica

A expectativa é que o tombamento estimule a criação de um centro de memória no local, preservando o edifício como referência fundamental para o ensino, o debate e a defesa dos direitos humanos no país.

“Estamos realizando uma ação que ficará registrada nos anais da história da preservação do patrimônio cultural brasileiro”, destacou o conselheiro relator José Ricardo Oriá Fernandes.

Para a superintendente do Iphan no Rio, Patricia Wanzeller, o tombamento reafirma: “Reconhecer o antigo DOPS como patrimônio cultural é reconhecer oficialmente sua relevância na história brasileira”.


Tópicos importantes

  • Preserva a memória da repressão política e das lutas democráticas
  • Homenageia vítimas de violações de direitos humanos
  • Valoriza a arquitetura histórica do início do século 20 no Rio
  • Fortalece políticas públicas de conservação e reparação simbólica