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Após polêmica, stand up paddle segue liberado — veja o que muda agora

Stand up paddle livre nas praias cariocas. Descubra as mudanças e a nova regulamentação anunciada pela Prefeitura do Rio.

Freepik
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A Prefeitura do Rio voltou atrás e decidiu não proibir a prática de stand up paddle nas praias da cidade. Em nota oficial divulgada nas redes sociais, o prefeito Eduardo Paes (PSD) afirmou que a medida será direcionada apenas à empresa responsável pelo episódio que deixou mais de 70 praticantes à deriva no último sábado (21), após uma súbita mudança climática no Leme.

Segundo o prefeito, o alvará da empresa será cassado, e uma nova regulamentação da prática do esporte nas praias cariocas será publicada no Diário Oficial nesta terça-feira (24), por meio da Secretaria Municipal de Esportes.

“A Prefeitura do Rio informa que não haverá qualquer proibição para a prática de stand up paddle nas praias do Rio. Será cassado o alvará do responsável pelo episódio envolvendo 77 pessoas resgatadas pelo Corpo de Bombeiros, por não ter observado aspectos básicos de segurança. Os demais profissionais deverão se adequar às orientações da nova regulamentação”, declarou Eduardo Paes.

Episódio no Leme deixou 73 resgatados e 8 feridos

O acidente ocorreu na manhã do último sábado (21), na Praia do Leme, onde mais de 100 praticantes foram surpreendidos por fortes ventos que os arrastaram para alto-mar.

O Corpo de Bombeiros do RJ (CBMERJ) resgatou 73 pessoas que não conseguiram retornar sozinhas à orla. Pelo menos oito vítimas precisaram de atendimento médico no local.

Nesta segunda-feira, entre os Postos 6 e 5, o movimento era discreto, com poucos praticantes de stand up paddle e nadadores, devido à ventania.

Relato de um praticante: “Foi o maior perrengue”

Um dos participantes do grupo atingido pela ventania publicou um relato nas redes sociais, descrevendo os momentos de tensão:

“Tudo começou com uma fila enorme só para pegar colete e remo, com poucos instrutores para dar conta. Ao entrar no mar, foi um caos: pranchas virando, gente caindo, e já sabiam que a previsão era de ventos fortes. Ficamos à deriva desde cedo e só conseguimos ser resgatados pelo Corpo de Bombeiros quando já estávamos longe da orla,” contou.

Ainda segundo o relato, a empresa havia prometido um bote de apoio, que não apareceu, e os próprios banhistas precisaram acionar o Corpo de Bombeiros.

Leme não é recomendado para a prática

Especialistas destacam que a Praia do Leme não é recomendada para a prática de stand up paddle, especialmente com vento terral. Desde 2015, um acordo validado pelo então subprefeito da Zona Sul delimitou oito pontos oficiais, do Posto 6 até a Rua Júlio de Castilhos, além de áreas da Praia Vermelha e da Urca.

Segundo relato de barraqueiros, é comum o funcionamento de tendas clandestinas, sem estrutura adequada ou quantidade suficiente de coletes salva-vidas, em toda a orla da Zona Sul.

“Sempre orientamos que não se ultrapasse o trecho entre a Rua Júlio de Castilhos e o Forte de Copacabana. Colocar praticantes no Leme com vento terral é um risco enorme,” alertou um especialista da área.

Associação apoia decisão de não penalizar toda a modalidade

Fábio Andrade, presidente da Associação de Stand Up Paddle do Rio de Janeiro (Aprosup), elogiou a postura da prefeitura de não punir a modalidade como um todo:

“Hoje na praia, tendas de outras modalidades também colocam pranchas de stand up no mar, mas ainda não existe uma regulamentação oficial para a prática. Buscamos essa regulamentação há 20 anos. A decisão do prefeito de punir o responsável e não toda a categoria foi acertada,” afirmou.

Em nota oficial, a Aprosup declarou:

“Recebemos com satisfação a decisão de não penalizar toda uma modalidade por um episódio isolado, causado por um ponto não vinculado à associação. A responsabilização direta e o diálogo com os profissionais sérios e comprometidos com a segurança representam um avanço importante. Seguiremos atuando com ética e respeito às diretrizes que vierem a ser publicadas pela Secretaria Municipal de Esportes.”