
A Polícia Civil do Rio de Janeiro realizou, nesta terça-feira (18), uma nova etapa da Operação Contenção, voltada a impedir o avanço territorial do Comando Vermelho.
Nesta fase, os agentes prenderam Cosme Rogério Ferreira Dias, conhecido como Mentor de Barricadas, além de outros 14 suspeitos. Segundo as investigações, o grupo utilizava ferros-velhos para movimentar recursos que sustentavam atividades da facção.
Cosme se apresentava como empresário do setor de reciclagem. No entanto, de acordo com a polícia, ele comandava o núcleo financeiro da organização criminosa, atuando na lavagem de dinheiro e no suporte logístico ligado ao tráfico.
Mandados e bloqueios judiciais
As equipes da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) saíram para cumprir 41 mandados de prisão e 94 ordens de busca e apreensão. O trabalho resultou também na interdição de oito ferros-velhos e no bloqueio de R$ 217 milhões em bens e valores. A quantia corresponde ao montante movimentado pelo grupo entre 2022 e 2024.
As ações aconteceram no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Minas Gerais. Para a polícia, os estabelecimentos investigados funcionavam oficialmente como empresas de reciclagem, mas eram usados para receber materiais furtados, especialmente cobre, e para dissimular lucros provenientes do tráfico.
Como funcionava o esquema
Segundo a apuração, parte do dinheiro obtido pelos ferros-velhos servia para montar e manter barricadas em áreas dominadas pelo Comando Vermelho na Zona Norte, na Baixada Fluminense e em outras regiões metropolitanas do Rio de Janeiro.
O secretário de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, destacou que esta etapa da operação tem como objetivo atingir diretamente o financiamento da facção e enfraquecer sua presença territorial.
A polícia identificou que os responsáveis utilizavam empresas de fachada, transações bancárias simuladas e bens registrados em nome de terceiros para ocultar a origem dos valores.
Divisão interna da quadrilha
As investigações apontaram que o esquema operava em quatro frentes distintas:
- Comando: núcleo que definia estratégias e direcionava recursos para o funcionamento da estrutura criminosa
- Aporte financeiro: operadores e “laranjas” que realizavam movimentações em nome das empresas fictícias
- Intermediário: responsáveis pela organização logística e repasse de ordens
- Operacional: grupo encarregado de furtar cabos e transportar o material até os ferros-velhos
Determinações da Justiça
Além dos bloqueios financeiros, foram sequestrados imóveis de alto padrão no Recreio dos Bandeirantes e veículos de luxo ligados aos suspeitos. Os sócios e administradores das empresas investigadas também foram afastados para impedir a continuidade da atividade ilícita.