
Uma das melhores coisas de nossa cidade é a convivência com personagens que já fazem parte do imaginário coletivo e de décadas do tradicional niteroiense. E não estou falando de gente que levou o nome da cidade pro Brasil e pro mundo, como foram Arthur Maia, Heitor T.P., Ary Parreiras, Ismael Silva, Zélia Duncan, Paulo Gustavo e Fernanda Young. São outros personagens, só quem mora em Niterói e anda pelas ruas da cidade irá reconhece-los. São ídolos orgânicos.
O Índio Araribóia (também conhecido como Índio Poca Ropa) é o primeiro deles. Desde a década de 90 a gente vê ele por aí, em Itacoatiara, pelo Centro ou Icaraí, sempre vestido de índio.

Outro grande nome que já apareceu em exposições de arte, reportagens de televisão e vídeos no Youtube é a Laurinha do Camarão, vendedora do crustáceo frito, no palito, nas areias das praias de São Francisco e Charitas.
O sempre onipresente Sebastião Orlando, o Soneca (apresentador do programa Soneca Show, que passava na TV do IACS, da UFF) já é um longevo amigo meu, gerente da Era do Estúdio Total – um casarão do Beto e do Paulinho, integrantes da banda cover de Lynyrd Skynyrd, Atitude Total, que ficava onde fica hoje o Bar Berton, na Geraldo Martins com Lopes Trovão. Soneca já foi candidato a vereador pelo Partido Verde e está sempre trajado de paletó monocromático. Estudou no Colégio Maria Thereza.
Não podemos deixar de lembrar do digníssimo Cachorrão, da Cantareira. Sempre que passa, sem dentes, sem camisa e de bicicleta pela Praça da Cantareira, da uns latidos nas orelhas das pessoas que, incautos, até se assustam, mas riem depois. Já fiz o teste: basta gritar “cachorrão”, a senha, quando ele estiver passando que ele vai latir.
Uma das personagens mais fofas é a Tia Portuguesa do Pastel de Belém, com o lindo nome de Maria Felicidade. Sempre com um sorriso no rosto, bonzinho e simpatia, costuma passar pelos bares do polo gastronômico e da região ao entorno, portando um pote cheio de pasteizinhos de belém. Receita portuguesa original de sua família, quem prova o pastelzinho dela não deixa de comprar nunca mais. E aí da divulga para todos. Pode ir na certeza: melhor doce fino autêntico da cidade.
In memorian, temos o artista plástico Tay Bunheirão, que infelizmente se encontrava em situação de rua quando se foi; assim como o ex baterista de Tim Maia, o músico Wigberto Silva, que já andava agressivo com as pessoas e também estava em situação de rua, perambulando por Icaraí. Eram duas figuras que todo mundo conhecia e encontrava por aí. Que os espíritos protetores os atenham acolhidos; eram boas pessoas que sucumbiram a vícios e mazelas da vida humana.
E você, conhece mais algum personagem do imaginário coletivo da cidade? Cartas para redação. E que setembro seja um lindo mês para você, meu caro leitor. Até a próxima coluna.

Atuante no jornalismo fluminense desde a adolescência, Leonardo Rivera teve passagens por jornais de sua cidade, Niterói – como os saudosos LIG e Opinião, além do diário A Tribuna. Tornou-se diretor artístico da área musical no final dos anos 90, tendo trabalhado na Universal Music com grandes nomes da nossa música, e em seguida criou um selo para novos talentos. Também se tornou escritor, ao lançar a biografia sobre Seu Jorge (2015) e participar da equipe da autobiografia de Luiz Fernando Guimarães (2022). Segue dirigindo o selo musical, colaborando com biografias e veículos de comunicação.
Atuante no jornalismo fluminense desde a adolescência, Leonardo Rivera teve passagens por jornais de sua cidade, Niterói – como os saudosos LIG e Opinião, além do diário A Tribuna. Tornou-se diretor artístico da área musical no final dos anos 90, tendo trabalhado na Universal Music com grandes nomes da nossa música, e em seguida criou um selo para novos talentos. Também se tornou escritor, ao lançar a biografia sobre Seu Jorge (2015) e participar da equipe da autobiografia de Luiz Fernando Guimarães (2022). Segue dirigindo o selo musical, colaborando com biografias e veículos de comunicação.