Em um ano de funcionamento, o Núcleo de Atendimento à Mulher (Nuam) da Prefeitura de Niterói, em parceria com o Plaza Shopping, acolheu e encaminhou mais de 200 mulheres para atendimento nos serviços do poder público, como orientação jurídica e apoio psicológico. O núcleo é uma iniciativa da Coordenadoria de Políticas e Direitos das Mulheres (Codim) da Prefeitura e funciona em uma sala no piso G4 do shopping, de segunda a sábado, das 12h às 18h.
A secretária de Políticas e Direitos das Mulheres, Fernanda Sixel, explicou que o local é um ponto estratégico e seguro de acolhimento e atendimento para as mulheres. “A Codim vem trabalhando em diversas ações, intensificando o acolhimento, a retaguarda e criando formas de dar portas de saída para as mulheres que estão em situação de violência. A ideia de estabelecer uma unidade no shopping é por ser um local de bastante movimento e de fácil acesso para as mulheres buscarem ajuda”, destaca Fernanda Sixel.
O espaço foi cedido pelo Plaza, sem nenhum custo para a Prefeitura. A Codim já realizou, ao longo do último ano, treinamento com representantes dos lojistas e das equipes administrativas do shopping para que possam auxiliar no atendimento de forma humanizada e esclarecedora, com o objetivo de romper o ciclo da violência. “É um orgulho imenso completar um ano de um trabalho intenso e ininterrupto em parceria com a Codim. E neste dia, reforçamos nosso compromisso de oferecer um espaço onde as pessoas se sintam acolhidas e sejam atendidas por profissionais qualificados. Medidas de apoio às mulheres seguem fazendo parte da agenda de ações sociais do shopping”, declara Michelle Cunha, gerente de Marketing do Plaza Niterói.
Ana (nome fictício), 50 anos, foi uma dessas mulheres que acharam no Núcleo de Atendimento à Mulher um ponto de apoio e a ajuda que precisava para sair de um ciclo de violência psicológica. “Estava muito angustiada, estava com minha família no Plaza e quando fui ao banheiro vi um cartaz com o telefone do Nuam. Era um casamento de 25 anos e eu não sabia a quem pedir ajuda porque as pessoas não acreditam. Entrei em contato e disse que queria todas as formas de ajuda profissional possível (jurídica e assistencial) e me encaminharam para o Ceam (Centro Especializado de Atendimento à Mulher) que tem a equipe interdisciplinar”, conta.
Segundo Ana, como não havia violência física, eram abusos psicológicos e morais, ela não se dava conta da situação que estava vivendo. Ao ver uma minissérie que aborda o tema, ela identificou que era vítima de violência. “Como muitas mulheres, eu me dedicava à vida da família e me colocava em segundo plano. A gente se deixa dominar em prol da família e do casamento e eles vão tomando força. Eu fui me anulando para meu companheiro aparecer porque só assim ele ficava bem. Fui entrando numa caixinha e aquele lugar ia me diminuindo. Eu trabalhava, era independente, bem-sucedida, mas fui me diminuindo porque ele reclamava que eu trabalhava muito e não dava atenção para a família e que minhas prioridades eram outras. Até o ponto que fiquei totalmente dependente e larguei o emprego”, diz ela.
Quando percebeu os abusos, Ana teve dificuldade de pedir ajuda para a família. “Quando você vai pedir ajuda, principalmente para a família, você já está tão pequena e psicologicamente abalada que não tem mais nem voz, nem sabe como falar. Ele me colocava como louca e as pessoas acreditaram porque ele tinha voz, deixei ele me dominar”, conta.
Ana relata que precisava de apoio e de um lugar que tivesse alguém na mesma situação que ela e que pudessem entendê-la para ajudar e por isso a importância do trabalho realizado pela Coordenadoria de Políticas e Direitos das Mulheres. “Hoje me sinto muito mais forte psicologicamente. Estou separada e buscando formas de me reerguer financeiramente para sair de casa. Tenho muito a agradecer ao Ceam. Se hoje consigo falar é porque estou com apoio psicológico e já tenho alguns direitos. A casa já está em meu nome junto com ele e estou trabalhando. Estou com um projeto e quero usar o meu trabalho, que é com moda, para dar voz a outras mulheres como eu. Quero dar trabalho para várias Anas dentro das comunidades que passam pela mesma situação, quero poder dar trabalho para quem precisa. Preciso agradecer a todos da Codim e dizer que falar foi muito importante, foi mais um grito de liberdade. Por mim e por muitas mulheres que vivem a mesma situação. Que cada vez menos mulheres passem por essa situação. Só a gente vai se entender e se ajudar”, conclui Ana.
Como Denunciar a Violência Doméstica em Niterói
– Ligue 180 (Grátis/24h) – Central de Atendimento à Mulher
– Ligue 153 (Grátis/24h) – CISP – Centro Integrado de Segurança Pública
– Conselho Municipal de Políticas para as Mulheres – (21) 2719-3047
– Disque 190 (Grátis/24h) – Polícia Militar
– Defensoria da Vara de Família – (21) 2719-2743
– Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (21) 2716-4562/4563/4564
– SOS Mulher Casos de Violência Sexual – Hospital Universitário Antônio Pedro / HUAP – (21) 2629-9073
– Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher – (21) 2613-0593
– Policlínica de Especialidades da Mulher Malu Sampaio – (21) 2621-2302/1109
– DEAM Niterói (24h/presencial) – Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher – Av. Ernani do Amaral Peixoto, 577, 3º andar – Centro
Disque Denúncia (24h exceto domingos e feriados/ somente denúncia anônima)
(21) 99973-1177 (whatsapp exclusivo Niterói)
(21) 2253-1177
Serviços de atendimento à mulher
Centro Especializado de Atendimento à Mulher Neuza Santos (Ceam) da Prefeitura de Niterói
Endereço: Rua Cônsul Francisco Cruz, 49, Centro. Telefones: 21 96992-6557 / 21 2719-3047 (whatsapp). Codim: 21 98321-0548.