Com 45 trilhas mapeadas e sinalizadas, Niterói é o único município fora da capital com destaque no aplicativo Passaporte de Trilhas, uma plataforma que permite aos caminhantes encontrarem as trilhas que já estão sinalizadas em todo o Brasil. A cidade avança cada vez mais no manejo de suas trilhas e construção de novos mirantes, já sendo referência em ecoturismo. Além da gestão pública dos espaços, sob responsabilidade da Secretaria de Meio Ambiente Recursos Hídricos e Sustentabilidade, o município conta com a ajuda de quase 300 voluntários, que são uma espécie de guardiões das florestas.
“Nossa cidade se manterá atenta e atuante para aproveitar as oportunidades inseridas neste eixo do turismo, um dos pilares de nossa estratégia para impulsionar e consolidar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Em muitos países, as unidades de conservação são reconhecidas como um patrimônio, um potencial a ser utilizado de forma sustentável em benefício da população. No Brasil, ao contrário, estas áreas ainda são encaradas como sinônimos de gastos de recursos públicos. Como vice-presidente de ODS da Frente Nacional de Prefeitos, tenho me empenhado em incentivar outros municípios a investir em ações que busquem a geração de emprego e renda com preservação do meio ambiente e mitigação da emissão de gases do efeito estufa. Trata-se de um caminho sem volta. Ou trilhamos o caminho da sustentabilidade ou, simplesmente, não teremos caminho”, destaca o prefeito Axel Grael.
O Município trabalha também na produção de um novo Guia de Trilhas, que deverá ser lançado no próximo ano e está sendo elaborado pela Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade. A atualização da publicação, lançada em dezembro de 2020, será necessária porque o município hoje conta com novas trilhas e, nas já existentes, foram incluídos novos atrativos, como mirantes.
“A consolidação dos novos percursos e o manejo permanente dos caminhos reforça o potencial da cidade para o ecoturismo. A atualização do Guia de Trilhas é importante porque a publicação é uma referência tanto para os niteroienses como para visitantes que percorrem as trilhas da cidade”, explica Fabiana Barros, diretora do setor de Áreas Verdes da Secretaria de Meio Ambiente.
A segunda edição do guia contará com trilhas abertas nos dois novos parques naturais municipais criados pela Prefeitura de Niterói: Água Escondida e Floresta do Baldeador. Também será incluída uma trilha na Área de Proteção Ambiental (APA) do Morro do Gragoatá.
No Parque da Água Escondida, que já possui uma trilha interpretativa sinalizada (instrumento de educação ambiental, focada em estimular o entendimento dos visitantes sobre a importância do meio ambiente), será incluído um novo trajeto, que levará o visitante para contemplar uma belíssima vista panorâmica do alto do Morro Boa Vista.
A Prefeitura de Niterói está realizando oficinas participativas para a elaboração do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal da Água Escondida. O objetivo é apresentar o material elaborado pelos técnicos da Secretaria de Meio Ambiente e discutir de forma participativa os elementos que irão constituir o principal documento da unidade de conservação.
Com 62 hectares, o Parque é a maior área protegida da região central da cidade, abrangendo parte dos bairros de Fátima, São Lourenço, Cubango, Fonseca e Pé Pequeno. A sede será construída na Rua Andrade Pinto, no Bairro de Fátima.
Já no Parque Floresta do Baldeador, a equipe técnica está contando com o auxílio de moradores da região para abrir novas trilhas, definir os melhores trajetos e mapear pontos prioritários para sinalização.
O trabalho de Niterói no manejo de trilhas será apresentado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, gestora das unidades de conservação municipais, no final de maio, do 1º Congresso Brasileiro de Trilhas, em Goiânia, organizado pela Rede Brasileira de Trilhas de Longo Curso. Serão abordados temas como a implantação de unidades de conservação por meio de trilhas ecológicas e o papel dos municípios na consolidação das trilhas de longo curso. Em 2023, a segunda edição do evento acontecerá em Niterói.
“Nos últimos anos, a gestão municipal resgatou várias trilhas, algumas com importância histórica porque foram usadas no passado como caminhos para indígenas e tropeiros, como a que leva até a Ponte de Pedra. Quando o Parque Natural Municipal de Niterói (Parnit) foi criado, existiam apenas cinco trilhas em uso regular. Atualmente, graças ao trabalho da prefeitura e dos voluntários, tivemos um crescimento exponencial do número de percursos, fazendo de Niterói uma referência no manejo de trilhas dentro das unidades de conservação. O nosso Guia de Trilhas é conhecido em todo o país e participar de um evento nacional sobre trilhas e sediar este evento ano que vem, reforça ainda mais a vocação do município para o ecoturismo”, afirma o secretário de Meio Ambiente, Rafael Robertson.
Mirantes
Um exemplo de manejo de trilha aconteceu no Morro Santo Inácio. O diretor de Uso Público do Parque Natural Municipal de Niterói (Parnit), Alex Figueiredo, e um grupo de voluntários trabalharam abrindo um aceiro (faixa onde a vegetação é eliminada com a finalidade de, no caso de queimadas, evitar que o fogo atinja a mata). Foi feito também plantio de espécies da Mata Atlântica. A trilha tem 2,5 quilômetros e o percurso para os caminhantes pode ser feito em cerca de 1h30. A trilha, que também é sinalizada, pode ser acessada pelo Parque da Cidade.
Os voluntários têm sido fundamentais no trabalho nas trilhas novas e na descoberta e demarcação de mirantes nos percursos já existentes, que presenteiam os niteroienses com novos ângulos da paisagem da cidade. Eles contribuíram para a descoberta do mirante Alfredo Sirkis (que estará na segunda edição do Guia de Trilhas). Outros mirantes demarcados em trilhas já existentes foram o da Tapera e do alto do Morro da Boa Vista (no Parque Água Escondida). Estão em fase de demarcação os mirantes Ybitu, com acesso pela Rua Cem, na Fazendinha, e Tamoios e Aimberê, localizados na travessia Tupinambá.
“Esses mirantes demarcados nas trilhas estão em afloramento rochoso, por isso são áreas mais utilizadas por já terem uma estrutura natural. Conforme vamos fazendo o manejo das trilhas, vamos achando esses pontos. Para transformá-los em mirantes fazemos retirada dos resíduos vegetais que obstruem o local, colocação de setas de sinalização, instalação de totens e drenagem”, explica Alex Figueiredo.