Restauração Ecológica

Niterói vai reflorestar restingas de Itacoatiara e Camboinhas

Projeto de restauração ecológica de 203,1 hectares entra em nova fase

Foto: Bruno Eduardo Alves
Foto: Bruno Eduardo Alves

O projeto de Restauração Ecológica e Inclusão Social de Niterói avança na recuperação das principais áreas de restingas da cidade.

Na próxima semana, a Prefeitura de Niterói vai iniciar a segunda fase de revegetação de duas das mais bonitas áreas de restingas da cidade: as praias de Itacoatiara e Camboinhas, na Região Oceânica.

A Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade (SMARHS) está à frente do projeto que vem acontecendo de forma gradativa na cidade desde 2019. O programa tem um investimento de R$ 2,9 milhões, com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a fundo perdido (não reembolsável).

A revegetação que acontece em diversos pontos será equivalente a 10 campos de futebol – a maior área recuperada da história do município.

O projeto está restaurando 203,1 hectares de diferentes fitofisionomias da Mata Atlântica, a maior área recuperada da história do município. O trabalho que será realizado em Itacoatiara no próximo mês vai focar nas plantas invasoras, na sequência, a iniciativa vai para Camboinhas. Desta vez, o projeto entra na fase mais difícil que é a supressão de plantas invasoras maiores e revegetação com as plantas nativas para evitar que ocorram novas invasões.

Entre outros pontos, o projeto tem como objetivo caminhar para uma Niterói mais sustentável, de acordo com os protocolos assinados com a Organização das Nações Unidas (ONU) para atender pontos como a melhoria da qualidade ambiental das áreas envolvidas na restauração ecológica para os cidadãos do município, visitantes e gerações futuras.

O projeto engloba a capacitação em outras regiões também e possibilita que os envolvidos busquem empregos futuros na área de recuperação ambiental. A iniciativa também representa fomento ao ecoturismo; benefícios indiretos em relação à cadeia produtiva de insumos necessários para a restauração ecológica e contribuição para sequestro de carbono e outros benefícios.

“Tivemos algumas paradas durante o projeto por conta da pandemia. Quando se lida com a natureza, muitas intempéries podem acontecer. Então, alguns pontos que haviam avançado precisamos retomar as análises antes de partir para outra fase. Nosso objetivo é garantir que em locais onde existam plantas invasoras que não são boas para o solo, possam ser substituídas por nativas e assim manteremos o ciclo do ecossistema de forma adequada, fazendo sempre a manutenção. Estamos muito felizes de podermos estar proporcionando isso para a cidade. Nesta fase de agora em Itacoatiara e Camboinhas teremos que utilizar empresa contratada por as espécies são muito grandes e necessitam de um manejo especial. Depois, a área será cercada para a chegada das plantas nativas”, explicou Rafael Robertson, secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos.

Dentre os locais que estão sendo recuperados estão 30,37 hectares de vegetação nas ilhas Pai, Mãe, Menina e do Veado, inseridas no Parque Natural Municipal de Niterói (Parnit) e no Parque Estadual da Serra da Tiririca (Peset); 65,30 hectares de manguezal no entorno da Laguna de Itaipu e Piratininga, inseridos parcialmente no Peset e no setor lagunar do Parnit; 21,16 hectares de vegetação de restinga em cinco praias do município (Itacoatiara, Camboinhas, Piratininga, Itaipu e Charitas); e 86,28 hectares de vegetação no Morro da Viração, em área inserida no Parnit.

Ilha da Menina

Conhecida como Ilha da Menina, da Filha e até mesmo Pitanga, a menor das ilhas que fica na enseada de Itaipu também terá seu ecossistema totalmente recuperado. Serão contempladas ainda as ilhas Pai e Mãe, na enseada de Itaipu, e Ilha do Veado, em Piratininga, que receberão um lançamento de mix de sementes e plantação de mudas de diversas espécies nativas. Também serão recuperados 65 hectares de manguezal.

Técnicos da Secretaria de Meio Ambiente, acompanhados de um pesquisador do Departamento de Biologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC), especialista em revegetação e restauração ecológica, já realizaram um diagnóstico da ilha e neste momento estudam a melhor forma de reconstituir aquele ecossistema, as técnicas que serão empregadas e espécies da flora que mais se adequarão ao solo para devolver a biodiversidade ao local que foi degradado pelo homem.

“Temos um trabalho estratégico na cidade. O que estamos fazendo é a maior restauração ecológica já realizada pelo município e vamos levar isso para as gerações futuras. É um trabalho feito em todas as regiões por técnicos, com a ajuda de voluntários. Em cada etapa, temos o cuidado de utilizar nossos biólogos, engenheiros florestais para fazer um estudo do solo e todas as necessidades. Não pode ser feito de qualquer maneira, demanda tempo e cuidado”, explicou Allan Cruz, subsecretário de Meio Ambiente.

A meta é fazer ainda o diagnóstico da vegetação das ilhas Pai e Mãe numa próxima etapa. O plantio de espécies nativas também irá contemplar áreas no entorno da Lagoa de Itaipu e manguezais.

Vistorias

Durante as vistorias e limpezas na Ilha da Menina, foram investigados: formações vegetais, tipo de solo, fauna, presença de água doce e profundidade associados à topografia, entre outros aspectos.

Além da revegetação, será feita a restauração do meio ambiente. Serão introduzidas espécies nativas resistentes à seca e adaptadas àquele ecossistema, de modo a controlar a dominância atual do capim colonião e fornecer atrativos para a fauna. O objetivo a longo prazo é aumentar a biodiversidade.