A interrupção no fornecimento de água e a incerteza sobre a retomada do serviço levaram muitos moradores de Niterói a esvaziarem prateleiras de água mineral nos supermercados nesta quinta-feira (4), em uma corrida para garantir reservas. Em resposta à situação, condomínios, prevendo dias de falta de água, estão se mobilizando para o racionamento, fechando áreas de lazer e comprando caminhões-pipa, visando minimizar os impactos da escassez.
A Cedae suspendeu as atividades do Sistema Imunana-Laranjal na última quarta-feira (3), devido à detecção de uma mudança na qualidade da água bruta (não tratada) na fonte de captação. Exames realizados indicaram que tal alteração foi provocada por contaminação por tolueno, e até o momento, não há previsão para o restabelecimento do serviço.
Em um supermercado na Av. Sete de Setembro, em Icaraí, consumidores encontram apenas água com gás. Um funcionário do estabelecimento informou ao cidadedeniteroi.com que em questão de horas o estoque de água mineral sem gás acabou. Nas filas dos caixas carrinhos cheios de água mineral foram vistos.
Diversas instituições de ensino, incluindo a Universidade Federal Fluminense (UFF), comunicaram que permanecerão fechadas nesta sexta-feira caso o fornecimento de água não seja restabelecido. “Orientamos a comunidade a aguardar novas informações sobre o restabelecimento do fornecimento de água. Caso permaneçam os problemas no abastecimento e, outros prédios e unidades da UFF em Niterói apresentarem falta de água amanhã (05 de abril), a orientação é suspender as atividades acadêmicas e administrativas. A UFF agradece a compreensão de todos!” diz comunicado da UFF.
MPRJ cobra informações e medidas sobre a presença de poluentes e paralisação do sistema Imunana-Laranjal
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) cobrou informações da Cedae sobre as medidas adotadas diante da presença de possível poluente químico/industrial no manancial de captação de água do Sistema Imunana-Laranjal, provocando a interrupção das operações. O sistema é responsável pelo abastecimento das mais de 2 milhões de pessoas que vivem nos municípios de São Gonçalo, Niterói, Itaboraí, parte de Maricá e na Ilha de Paquetá.
A partir de uma atuação conjunta e integrada entre o Grupo Temático Temporário instituído pela Resolução GPGJ nº 2.582 (GTT-Saneamento Básico, Desastres Socioambientais e Mudanças do Clima) e os órgãos ministeriais com atribuição na região, busca-se entender as causas, os riscos envolvidos e o que está sendo feito pelos órgãos e entidades responsáveis pela preservação e monitoramento do manancial para apurar as responsabilidades. O MPRJ apura também os impactos no abastecimento potável de água nos municípios afetados pela paralisação da operação da Estação de Tratamento de Água (ETA) Laranjal.
A 2ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva do Núcleo Nova Friburgo oficiou a companhia para que informe o que provocou a poluição, quais medidas foram adotadas para garantir a segurança da água que chega à população e a previsão para normalidade da operação. Para tanto requer relatórios de monitoramento, ações de prevenção e mitigação adotadas para prevenir captação da água bruta contaminada, medidas do plano de contingência adotadas, bem como relatórios preliminares com a identificação dos possíveis responsáveis.
Também requereu ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea) para o recebimento de informações sobre a realização de fiscalização e investigação em curso pelo órgão para identificar as possíveis fontes de contaminação e os prováveis responsáveis. A promotoria requer as informações até a tarde de sexta-feira (05/04).