Médico é preso
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A Polícia Civil do Rio de Janeiro cumpriu, na manhã desta quinta-feira (23), um mandado de prisão contra o médico Adolfo Antônio Pires, condenado a 10 anos de reclusão por seu envolvimento em um elaborado esquema de falsificação de laudos médicos. A prisão foi realizada por agentes da Delegacia de Roubos e Furtos (DRE) no bairro de São Conrado, Zona Sul da cidade.

As investigações, que se desdobram há mais de um ano, apontam Adolfo como peça fundamental de uma quadrilha que se utilizava de fachadas médicas para sustentar atividades ilícitas. A prática consistia na emissão de laudos falsos, que diagnosticavam pacientes com doenças graves. Esses documentos eram posteriormente utilizados para obter autorizações judiciais que permitiam o cultivo caseiro de maconha, sob a justificativa de “uso medicinal”.

Médico é Preso no Rio
Médico foi preso por agentes da Delegacia de Roubos e Furtos (DRE) Fonte: Reprodução

Na realidade, conforme detalhou o delegado Jefferson Nascimento, titular da DRE, os laudos serviam para mascarar operações de tráfico de drogas. “Ele emitia laudo falso dizendo que era para fins medicinais. Com isso, a pessoa conseguia um habeas corpus para cultivar maconha em casa, possibilitando o consumo e a venda”, explicou o delegado.

A atuação crimiosa de Adolfo, no entanto, não se limitava à falsificação. As apurações revelaram que o médico também extorquia seus clientes. Após fornecer o documento fraudulento, ele ameaçava revogar o laudo caso não recebesse pagamentos adicionais, aproveitando-se da vulnerabilidade dos pacientes e seus familiares.

Esta não é a primeira vez que o médico tem contato com a lei. Em 2023, ele já havia sido preso na Operação Seeds, que desmantelou uma extensa rede dedicada à manipulação de documentos médicos. Na ocasião, descobriu-se que dezenas de pessoas foram falsamente diagnosticadas, sem qualquer necessidade clínica, para viabilizar o cultivo da planta destinada ao comércio ilegal.

Com a condenação agora transitada em julgado, Adolfo Antônio Pires foi levado para o sistema penitenciário, onde cumprirá pena em regime fechado. O caso expõe os desvios na frágil regulamentação do uso medicinal da cannabis no país e serve como alerta para as autoridades sobre a urgência de maior controle na emissão de tais autorizações.