
A cidade de Maricá registrou um dos debates mais intensos do Legislativo nas últimas semanas. Um projeto que pretendia alterar práticas alimentares em escolas do município chegou a ser incluído na pauta da Câmara Municipal, mas acabou retirado antes da votação. A iniciativa envolvia diretamente instituições públicas e privadas e mobilizou opiniões divergentes entre os vereadores.
O texto, apresentado pelo vereador Dr. Felipe Auni, propunha impedir a oferta e a venda de alimentos ultraprocessados nas escolas de educação infantil e fundamental de Maricá. A medida alcançaria itens como salgadinhos, biscoitos recheados, refrigerantes e hambúrgueres. No caso das unidades particulares, estava prevista notificação e, em reincidências, aplicação de multa diária.
O que motivava a proposta
Segundo a justificativa original, a ideia partia do entendimento de que a maior parte da ingestão calórica das crianças acontece no ambiente escolar. O documento também fazia referência aos riscos associados ao consumo frequente de ultraprocessados, como obesidade e doenças crônicas.
Vereadores se dividiram sobre o tema
Durante a sessão, a discussão se ampliou. Entre os críticos ao projeto, o vereador Ricardinho Netuno (PL) disse que a regra interferia na liberdade das famílias. Para ele, cabe aos responsáveis decidir o que os filhos podem ou não consumir. Ele ainda apontou problemas na merenda escolar de Maricá, alegando que muitos alunos rejeitam as refeições oferecidas, o que tornaria a proibição injusta.
Do outro lado, parlamentares favoráveis defenderam que a regulação poderia incentivar hábitos alimentares mais saudáveis e reduzir riscos futuros, como obesidade e diabetes. Mesmo assim, o impasse sobre até onde vai a responsabilidade da escola e da família impediu um consenso.
Projeto pode voltar revisado
Com o ambiente polarizado, a proposta foi retirada da pauta e não chegou a ser votada. Por enquanto, não há definição sobre um possível retorno. Caso seja reapresentado, o texto poderá passar por ajustes, como limitar o alcance às escolas públicas ou incluir ações voltadas à educação alimentar para alunos e responsáveis.