
A palestra de Oswaldo Maneschy foi uma verdadeira aula de Jornalismo, Política e fatos históricos, no Fórum da Memória do Jornalismo Fluminense.
Ele lembra que, na década de 60, ainda com alguns colegas do Liceu Nilo Peçanha, criou o Jornal do Grêmio Estudantil e recorda com orgulho de ter participado da Passeata dos 100 Mil.
Formado em Jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Maneschy não poupa críticas à primeira turma da qual foi aluno, “por ser um curso improvisado e muito ruim”.
Segundo ele, a mudança só começou em 1970, com a chegada de mestres como Nilson Lage, Muniz Sodré e Theodoro de Barros, este último ex-editor da Última Hora.
“Éramos abusados e resolvemos criar um jornal, o Dois Pontos, com pretensão de venda em bancas. Só resistiu por nove edições”, destaca.
Em Niterói, passou pelos jornais A Tribuna e O Fluminense, com uma Coluna Estudantil feita em parceria com Gilson Monteiro.
Sua carreira profissional começou como estagiário no Jornal do Brasil. Ao longo da trajetória, atuou ora no Jornal do Brasil, ora no O Globo, incluindo o Globo Niterói. Trabalhou também na Rádio JB e em veículos de Moçambique, na África.
Maneschy relembra os momentos difíceis da época da Ditadura Militar, marcados pela censura e pela criação do AI-5.
De tantos fatos, conta que, no O Globo, chegou a receber do editor um título de matéria acompanhado da seguinte ordem:
“O título é este. Se vira com a matéria.”
Em outra ocasião, também no O Globo, foi escalado para fazer uma matéria contra Leonel Brizola. Na redação, levantou-se e gritou:
“Não vou fazer esta matéria mentirosa!” — e saiu do jornal.
Além das redações, Maneschy trabalhou como assessor de imprensa de Saturnino Braga e de Leonel Brizola, em cuja gestão foi subsecretário de Comunicação.
Foi também secretário de Comunicação dos prefeitos de São Gonçalo, Edson Ezequiel e João Bravo.
Entre outras funções, atuou como secretário de Trabalho do prefeito Jorge Roberto Silveira e, na militância sindical, foi diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro e diretor da ABI.
Ainda em Niterói, foi vereador por seis meses como suplente, mas o então presidente da Câmara, José Vicente, inicialmente não quis empossá-lo. Só após pressão de João Batista Petersen, Maneschy assumiu o cargo.
Sua carreira concilia o jornalismo de redação com a militância. Foi ativo em entidades como o Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini.