Jourdan Amóra | Foto: A Tribuna
Jourdan Amóra | Foto: A Tribuna

Com um início de semana amargo para familiares e amigos, domingo, dia 19 de outubro, logo pela manhã chegou a notícia da morte de um lutador que Niterói conheceu já na sua destemida participação como líder estudantil e na iniciante vida jornalística que, por décadas, não fez outra coisa senão defender os interesses da coletividade niteroiense. O que nos conforta é o legado deixado, pois Jourdan foi uma figura ímpar, de gestos simples, que jamais fez distinção de raça, cor da pele ou até daqueles que não tiveram oportunidades para estudar. Para ele, todos tinham o mesmo tratamento, o mesmo procedimento. Era tudo igual e misturado.

Há mais de 60 anos, dedicou-se com afinco ao que os niteroienses precisavam para se protegerem dos maus governantes que transitaram pela ex-capital do Estado do Rio de Janeiro. Sempre fez as denúncias necessárias e oportunas, sem jamais participar de qualquer acordo com os que se consideravam atingidos. Era um jornalista 24 horas por dia. Nunca foi funcionário público federal, estadual ou municipal. Era só jornalista. Jamais aceitou convites de governantes para acomodações nas notícias.

Por valorizar sua classe, foi criador e fundador de vários órgãos de imprensa que defendiam os profissionais do setor, quando, tanto em Niterói, no Estado e no Brasil, seu dinamismo foi observado e aplaudido por todos que estavam à sua volta. Sem falar no que fez pela cultura da cidade, sempre apoiando os eventos que ocorriam. Homens da estirpe de Jourdan Amóra jamais morrem — ficam sendo lembrados por gerações e, como era tão importante para a cidade, espera-se que as pessoas que comandam o município promovam uma homenagem do mesmo tamanho daquelas que já outorgaram a outros que também partiram para outro plano. Uma homenagem idêntica àquelas que trocaram os nomes da Praia de Icaraí e da Rua Coronel Moreira César. Uma sugestão: a Av. Marquês do Paraná ficaria bem melhor com o nome de Av. Jornalista Jourdan Amóra.

Verdadeiramente, ninguém fez por Niterói mais do que Jourdan fez. Talvez por isso, no início dos anos 1970, com a ditadura militar em curso, pagou caro com prisões, e, certa vez, foi defendido pelo brilhante advogado e deputado Cláudio Moacyr, que “meteu o pé na porta” e o soltou pela injustiça que praticaram. O delegado é que quase foi preso e o chefe do DOPS exonerado. Sem qualquer receio, no dia seguinte, Jourdan usou de seu A Tribuna para denunciar a arbitrariedade e covardia que lhe impuseram e, aí, sua já conhecida marca profissional não parou de ser aplaudida por aqueles que sempre acreditaram no seu profissionalismo, exercido com retidão.

Sua qualidade na profissão fez escola, que foi transformada na “Universidade Jourdan Amóra”, de onde foram extraídos importantes jornalistas Brasil afora. Depois de tudo, fica traduzido na convivência muito próxima deste baluarte, por várias décadas, que, sem dúvida, nos marcará a todos. Da mesma forma, depois desses relatos, fica registrada nossa gratidão ao querido e inesquecível mestre e amigo.

OBRIGADO, JOURDAN! MUITO OBRIGADO! MUITÍSSIMO OBRIGADO!