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Furto com máscara realista em Niterói envolve assessor da Câmara

Assessoria parlamentar e crime: advogado envolvido em furto com máscara realista é exonerado. Acompanhe todos os detalhes do caso.

Máscara foi comprada pela internet, segundo depoimento do autor | Foto: Reprodução
Máscara foi comprada pela internet, segundo depoimento do autor | Foto: Reprodução

O advogado criminalista Luis Mauricio Martins Gualda, protagonista de um furto inusitado em Niterói usando uma máscara realista de silicone, atuava até esta semana como assessor parlamentar na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. Gualda foi exonerado do cargo nesta quarta-feira (14), após a ampla repercussão do caso.

Lotado no gabinete do vereador Rogério Amorim (PL) desde janeiro de 2023, Gualda exercia atividades externas e recebia um salário líquido de R$ 15.805. Em seu depoimento à Polícia Civil, no dia 7 de maio, ele confessou ser o autor do furto, mas omitiu qualquer vínculo com o gabinete parlamentar, declarando apenas que trabalhava em uma empresa sediada em Niterói.

Segundo o vereador Rogério Amorim, a exoneração foi imediata assim que o caso veio à tona. Ele afirmou não ter conhecimento de que o advogado mantinha outro vínculo empregatício.

Máscara, terno e relógios de luxo: os detalhes do crime

As imagens de câmeras de segurança de um apart-hotel no Gragoatá, em Niterói, revelam a ousadia da ação. Em 7 de fevereiro, uma sexta-feira, Gualda chegou ao seu local de trabalho às 10h50, com calça jeans e camisa verde. Ao sair, às 19h, ele já estava disfarçado: vestia terno, gravata e a máscara de silicone, que custou cerca de R$ 1.800, comprada em uma loja virtual internacional.

Foto: Reprodução/TV Globo

Com aparência completamente modificada — parecendo um homem careca —, Gualda foi flagrado pelas câmeras circulando com um celular no ouvido, indicando que mantinha contato com alguém durante toda a ação. Ele entrou em áreas restritas a funcionários, arrombou a porta de um apartamento de luxo e furtou oito relógios avaliados em R$ 80 mil. A ação durou cerca de 18 minutos.

Divulgação

Influência e fuga

Gualda afirmou à polícia que cometeu o crime por dificuldades financeiras e que agiu sob a influência de Alexandre Ceotto André, apontado como mentor intelectual do furto. Ceotto, que já foi candidato a vice-prefeito de Niterói e ex-diretor do Instituto Rio Metrópole, está foragido.

Os amigos Maurício Gualda e Alexandre Ceotto em campanha política em Niterói.

Ele também atuou como assessor do deputado estadual Rodrigo Amorim (União), irmão de Rogério Amorim, entre setembro de 2021 e janeiro de 2022. Em nota, Rodrigo Amorim disse que exonerou Ceotto por decisão própria e que, desde então, não mantém qualquer relação com ele.

A Delegacia de Niterói (76ª DP) segue investigando o caso, que envolve um dos furtos mais elaborados registrados recentemente no estado do Rio.

Nota na íntegra de Rogério Amorim:

“O advogado Maurício Gualda foi exonerado do gabinete do vereador Rogério Amorim assim que se tomou conhecimento dos fatos execráveis nos quais esteve envolvido. A conduta criminosa dele é inadmissível e não pode ser tolerada em hipótese alguma. O trabalho dele era externo e entre suas funções, elaborava pareceres para projetos de lei e também representações feitas a órgãos públicos. O gabinete não tinha conhecimento de outro local de trabalho do ex-advogado. Pelo Estatuto da OAB o advogado é um profissional liberal que só não pode atuar contra a Fazenda que o remunera.”