Perigos na navegação, riscos à saúde pública, vazamento de resíduos oleosos e outras substâncias, diminuição do turismo na região, são apenas alguns problemas que o abandono de embarcações na Baía de Guanabara podem causar. Diante deste cenário, surgiu o projeto denominado “Descomissionamento de embarcações abandonadas na Baía de Guanabara para reciclagem em estaleiros de Niterói” lançado pelo Programa de Desenvolvimento de Projetos Aplicados – PDPA, da Prefeitura Municipal de Niterói, em parceria com a Universidade Federal Fluminense – UFF e a Fundação Euclides da Cunha-FEC.
“O PDPA foi construído em parceria entre a prefeitura de Niterói e a UFF com apoio da FEC, em um modelo de gestão com planejamento estratégico de médio e longo prazo, para trazer soluções para a cidade diante dos grandes desafios que o município enfrenta. A questão dos barcos abandonados é um destes desafios, mas que a solução pode resultar em geração de renda, fomentar o turismo, criar um movimento sustentável e saúde pública, dentre muitos outros aspectos que foram apresentados pelos pesquisadores de alto nível da nossa Universidade.” afirma o reitor da UFF, prof. Antonio Claudio Lucas da Nóbrega
“O projeto visa fornecer as bases para identificar o quantitativo de embarcações abandonadas, as condições em que se encontram considerando aspectos operacionais e riscos ambientais, associados ao processo de preparação para o descomissionamento, a remoção do local de abandono e reciclagem em estaleiros localizados na área no entorno de Niterói.” explica o coordenador do projeto, professor Dr. Newton Narciso Pereira.
Existe um problema que tem afetado significativamente a Baía de Guanabara, no estado do Rio de Janeiro, que se refere ao abandono de embarcações. Levantamentos oficiais indicam que existem aproximadamente setenta e oito embarcações abandonadas dos mais diversos portes nesta região. Especialmente na Ilha da Conceição e ilhas adjacentes, o que tem causado impactos na operação do Terminal Pesqueiro de Niterói.
O ato de abandonar embarcações em portos e baías tem gerado impactos em diversas partes do mundo, o que resulta na necessidade das autoridades marítimas dos locais afetados realizarem ações de notificação do armador, e em últimos casos apreender o navio. Segundo o Dr. Newton Pereira, o armador perde a posse do navio, sendo que o mesmo pode ser leiloado para outros fins de uso e até mesmo para a reciclagem.
“O posicionamento da autoridade marítima é motivado pelos inúmeros danos socioambientais que estas embarcações abandonadas podem provocar: eventuais perigos para a navegação; despejo e/ou vazamento de resíduos oleosos e outras substâncias; riscos gerais para a saúde pública; diminuição do turismo na região de praias; propagação de doenças; dentre outros problemas.” explica o pesquisador.
Por outro lado, o pesquisador também explica que estas embarcações abandonadas também poderão servir para criação de um novo mercado de reciclagem de navios. “O mercado de reciclagem de embarcações também precisa ser desenvolvido, o que colocaria os estaleiros de Niterói na vanguarda desse segmento, podendo dominar toda a cadeia que envolve a remoção do local e a reciclagem, não somente no Brasil como em toda a América Latina. Assim, poderão ser utilizados os estaleiros que estão com pouca capacidade de atendimento na atividade de reciclagem completa destas embarcações.” Explica o Dr. Newton Pereira.
O desenvolvimento do mercado de reciclagem de embarcações em Niterói pode ainda atrair outros segmentos da indústria naval, tais como, os serviços de inspeção de embarcações, limpeza de casco e reboque até o estaleiro, o que resultaria em um aumento do potencial de geração de emprego e renda para a região. “A remoção das embarcações abandonadas na Baía de Guanabara trará grandes benefícios socioambientais para a região. Áreas que hoje não podem ser utilizadas, como, por exemplo, o Terminal de Pesca de Niterói, poderão ser aproveitadas para a remoção destes cascos.” completa o pesquisador.
A equipe do projeto é formada pelos pesquisadores da Escola de Engenharia Industrial Metalúrgica da UFF de Volta Redonda, Prof. Dr. Newton Pereira, Profa. Dra. Conny Ferreira, Profa. Dra. Ana Angelo, Patrick Fernandes Da Fonseca, Andresa de Oliveira e Glenda Dias, pelo pesquisador da Faculdade Sul Fluminense – FASF, Prof. MSc. Euler Ocampo e pela pesquisadora Heloisa Mello da Engenharia de Recursos Hídricos e do Meio Ambiente da UFF.
O projeto é parte do PDPA, trata-se de uma parceria construída entre a Prefeitura de Niterói, a UFF e a FEC com o objetivo de utilizar a inteligência e a expertise da Universidade para a resolução de problemas públicos da cidade, de forma a contribuir, de maneira efetiva, para o desenvolvimento sustentável e equânime do município.
“Uma vez que tanto a Universidade quanto a Prefeitura possuem compromisso com o desenvolvimento da sociedade, o PDPA é o reflexo de uma parceria que só é esperado sucesso, com benefícios que transcendem limites físicos e geográficos a nível econômico, social, cultural e ambiental. Embora este Programa incentive o desenvolvimento de projetos ligados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS, podemos dizer que ele é já é reflexo do cumprimento de um dos ODS mais importantes, que é o 17 “Parcerias e Meios de Implementação”, comemora o professor.