
Niterói - Parece que o elefante-marinho gostou mesmo de Niterói. Depois de ser ajudado a sair do Canal de São Francisco por uma equipe da Guarda Ambiental da Prefeitura, com apoio de pesquisadores do Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores (Maqua) da UERJ e da empresa de monitoramento ambiental Econservation, o animal voltou a nadar livremente pela Baía de Guanabara — e decidiu descansar mais um pouco na Praia de São Francisco.
O animal havia entrado no Canal nesta terça-feira (29) e precisou ser ajudado para encontrar novamente o caminho de volta ao mar. A Guarda Ambiental removeu a barreira de contenção de lixo para garantir a segurança do mamífero e permitir que ele seguisse sua rota. O elefante-marinho retornou à Praia de São Francisco, onde segue descansando. A expectativa dos especialistas é que ele permaneça na região até quarta-feira (30), buscando áreas rasas ou com pedras, que oferecem melhores condições de repouso.

O ex-prefeito Axel Grael, que é ambientalista e consultor estratégico para temas ambientais da Prefeitura de Niterói, esteve no local e destacou a importância do trabalho coordenado entre os especialistas, a equipe do Município e a população.
“As condições do mar estão adversas, com vento forte e ressaca, e ele está bem longe de casa, provavelmente trazido pelas correntes da Patagônia. Sabemos que ele se alimentou, mas aqui dentro da baía isso é mais difícil. Nossa esperança é que ele encontre o caminho de volta ao oceano. Fizemos a retirada da barreira no Canal de São Francisco para que ele pudesse retornar ao mar. Ele voltou para a Praia de São Francisco, parece que gostou de Niterói”, completou Grael.
O secretário de Ordem Pública, Gilson Chagas, reforçou o empenho das equipes envolvidas na ação.
“Estamos muito satisfeitos com o resultado da operação. A retirada da barreira foi fundamental para que o animal pudesse retornar à sua habitação natural. Foi um trabalho cuidadoso da Coordenadoria de Meio Ambiente da Guarda Municipal e de todos os especialistas e voluntários envolvidos”, afirmou o secretário.
O guarda ambiental Angelo Lima relatou a dinâmica da operação e destacou a importância do apoio da população.
“Fomos acionados através de um chamado ao 153. De pronto, nossa equipe veio para o local, isolou o perímetro e retirou a barreira de contenção para que o animal pudesse retornar livremente à Baía de Guanabara. A população tem sido nossos olhos, e esse contato direto com o Cisp 153 tem sido fundamental para esse monitoramento. Esse trabalho de proteção é feito respeitando o tempo do animal. Ele está em repouso, e a prioridade é garantir tranquilidade para que possa descansar e, quando estiver pronto, seguir seu destino”, informou o agente.

O biólogo Rafael Carvalho, do Laboratório de Mamíferos Aquáticos da UERJ, explicou que o animal está saudável e com comportamento normal, apesar da surpresa da população com sua presença.
“Estamos monitorando esse elefante-marinho desde Jaconé, há cerca de cinco dias. Ele já passou por Ponta Negra, em Maricá, e na Praia de Piratininga antes de chegar à Baía de Guanabara. Está fisicamente bem e se comporta como esperado. Esses animais aparecem praticamente todos os anos, é um comportamento natural da espécie em busca de descanso durante suas viagens. Aqui em São Francisco, temos contado com o apoio fundamental da Guarda Ambiental para garantir o isolamento necessário. É muito importante que as pessoas respeitem esse momento de descanso para que o animal consiga seguir viagem de forma segura”, destacou Rafael.
A operação também foi acompanhada de perto por moradores e banhistas. O pequeno Lorenzo Karpp, de 10 anos, que presenciou a movimentação, se emocionou com o desfecho.
“Ele é grandão! Eu torci muito para ele sair. Ainda bem que tiraram a rede, agora ele pode nadar de novo”, comemorou o menino.
Alerta para aparições de pinguins nas praias da cidade
Além do elefante-marinho, a Guarda Ambiental também tem recebido diversas chamadas relacionadas ao aparecimento de pinguins nas praias de Niterói, devido à migração sazonal da espécie.
“É importante que a população não tente resgatar ou manusear esses animais. Muitos estão apenas descansando na areia. Jamais coloquem o pinguim em caixas com gelo. Basta ligar para o 153 que nossa equipe vai até o local com todo o equipamento necessário, garantindo a segurança tanto do animal quanto das pessoas envolvidas”, reforçou Angelo Lima.
A Coordenadoria de Meio Ambiente da Guarda Municipal lembra que, ao avistar qualquer animal silvestre – seja um mamífero marinho, ave ou pinguim – a população deve entrar em contato com o Centro Integrado de Segurança Pública (CISP) pelo telefone 153. Em todos os casos, a orientação é clara: não se aproximar, não alimentar, não tocar e nunca tentar retirar o animal por conta própria.