CIDADE – A Prefeitura de Niterói entregou na tarde desta quinta-feira (22/12) as duas galerias do túnel Charitas-Cafubá, parte integrante da obra da TransOceânica. Também foi feito o primeiro evento-teste para a passagem de carros, ônibus, bicicletas e motocicletas que transcorreu até o início da noite.
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CIDADE: Niteroienses fazem fila para atravessar Túnel Charitas-Cafubá
A previsão, segundo o prefeito Rodrigo Neves, é que as duas galerias de 1.350 metros sejam definitivamente abertas ao tráfego no mês de fevereiro e toda a obra da TransOceânica, incluindo o sistema de transporte do BHS, no segundo semestre de 2017.
Faltam ainda concluir os acessos ao túnel nos trechos 1, que terá uma rótula, e 3.
Estão em obras ainda os trechos 4,5,7 e 8. O 6 só vai começar no ano que vem.
O túnel está entre os mais modernos da América Latina. As duas galerias contam com um sistema de monitoramento por câmeras 24 por dia. São 36 dispositivos móveis e fixos. Conta ainda com um sistema de refrigeração, com 16 ventiladores. Além disso, foram instaladas 1,1 mil lâmpadas de LED.
O prefeito Rodrigo Neves afirmou que essa obra era esperada há mais de 70 anos na cidade. Ele se disse mais orgulhoso em concluí-la em um contexto de crise no país.
“Hoje é um dos momentos mais felizes da minha trajetória, da minha vida pública. Muito orgulho de estar aqui, neste momento histórico. Há mais de 70 anos se fala desta obra na cidade. Tenho um sentimento de muito orgulho em tirar essa obra do papel tendo em vista o momento muito ruim que vive o Brasil, com a crise econômica. Vencemos 50 obstáculos para chegar ao dia de hoje. Passamos por etapas nos ministérios da Cidade e do Planejamento, Tribunal de Contas, Secretaria do Tesouro Nacional, Banco Central, Caixa Econômica. Foi um projeto sério, auditado, teve estudo de impacto ambiental. Fizemos 250 desapropriações e nenhuma delas judicializada. Lembrando que o túnel ligando São Francisco e Icaraí, que é cinco vezes menor, levou cinco anos para ficar pronto. Tudo isso para vocês terem mais tempo com sua família, mais tempo para o lazer. O morador que levava uma hora para ir do Engenho do Mato até Charitas, vai levar agora dez minutos e atravessar o túnel em dois minutos”, disse.
O vice-prefeito Axel Grael lembrou que o projeto começou a ser tocado pela atual administração municipal antes mesmo da posse, em janeiro de 2013.
“Antes de tomarmos posse, começamos a fazer o planejamento. Incluímos a TransOceânica no PAC da Mobilidade. Se não tivéssemos feito isso, estaríamos começando somente hoje essa obra. Fomos a Brasília negociar. Passamos por muitas etapas, estudos, planejamentos, estudo de impacto ambiental, avaliamos a fauna, a flora, a paisagem, conseguimos o licenciamento ambiental. Selecionamos o consórcio que toca essa obra com velocidade e qualidade. Essa obra muda a geografia de Niterói. Toda a cidade vai reconhecer o esforço de toda a nossa equipoe de transformar esse túnel em realidade. Estou bastante orgulhoso”, declarou.
A secretária municipal de Urbanismo e Mobilidade Urbana, Verena Andreatta, afirmou que a entrega das galerias é uma emoção muito forte.
“É muita emoção e honra ter visto essa obra sair do papel. Uma obra que integra duas regiões importantes da cidade. Hoje, as pessoas levam uma hora para chegar do Engenho do Mato até Charitas, 18 quilômetros, e agora serão nove quilômetros. Vamos intensificar o uso do transporte público e do transporte não motorizado, de bicicleta e vamos transformar uma via urbana (Francisco da Cruz Nunes) como uma via qualificada, integrando regiões para que Niterói se locomova melhor”, frisou.
Durante a cerimônia, as famílias do ex-prefeito João Sampaio e do escritor Luís Antônio Pimentel, que darão nomes as duas galerias do túnel, foram homenageadas.
A obra
A TransOceânica terá 9,3 quilômetros de extensão, vai atender diretamente a 11 bairros da Região Oceânica de Niterói e por ela circularão cerca de 80 mil pessoas por dia.
A obra terá um papel importante na mobilidade de Niterói: além de 13 estações de ônibus BHLS, contará com ciclovia e estará integrada à estação do catamarã de Charitas. No sistema BHS, os ônibus têm ar-condicionado, portas dos dois lados, circulam em faixas exclusivas e os passageiros pagam a passagem no terminal, antes de embarcar.
O principal ganho que a TransOceânica vai trazer para Niterói será no trajeto entre a Região Oceânica e a Zona Sul, reduzindo o tempo e a extensão pela metade. Hoje, os 18 quilômetros que separam as duas regiões são percorridos em uma hora. A obra tem custo de R$ 310 milhões, financiados com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento, do Governo Federal (R$ 292 milhões); e da Prefeitura (R$ 18 milhões).
Expectativa de que comércio dobre na RO nos próximos cinco anos por conta da TransOceânica
Moradores, comerciantes e representantes de entidades foram unânimes em dizer que a entrega das duas galerias e a futura inauguração da TransOceânica serão um divisor de águas para a cidade.
O presidente do Sindilojas, Charbel Taiul, foi enfático ao afirmar que o clima de hoje vivenciado pelo niteroiense que teve a oportunidade de atravessar experimentalmente os dois túneis é semelhante a vivido pela população de Niterói em 1974, durante a inauguração da Ponte Rio-Niterói .
“O túnel é uma obra grandiosa que é esperada pela população há mais de 40 anos. Um empreendimento de mobilidade que levará um crescimento maior para Região Oceânica e facilitará a vida dos moradores e comerciantes. Podemos até arriscar em dizer que a previsão é que, em cinco anos, o número de comércios e ofertas de produtos dobre na Região Oceânica em função da inauguração. A entrega das galerias é um grande marco”, disse Charbel Tauil.
O secretário de Desenvolvimento Econômico de Niterói, Fabiano Gonçalves, engrossa o coro de quem aposta no desenvolvimento econômico da região em curto prazo.
“Nossa previsão é que apesar de crise de hoje haja um crescimento em todas as áreas, incluindo restaurantes, padarias, perfumarias em comércio em geral. É outro momento, outra vida.” disse Fabiano Gonçalves.
Moradores quiseram ser os primeiros a passar
Nem o sol forte e o calor impediram que alguns moradores da Região Oceânica fossem conferir de perto a abertura das galerias. Enquanto aguardavam muitos aproveitavam para registrar através de fotografias.
“Estou aposentado, mas nada como aproveitar a tecnologia para eternizar este momento. Parecia mentira que eu ainda iria viver para ver isso. Muitos achavam que era mentira, mas não, está ai o túnel saiu do papel. Essas fotos vão passar para outras gerações”, afirmou Wilson Medeiros Cunha Neto, 72 anos, morador de Piratininga.
De férias o técnico de enfermagem Levi Andrade também não resistiu. Levou os filhos de 8, 6 e 3 anos para atravessar o túnel pela primeira vez.
“Praia termos aqui toda hora pra ir queria que eles vissem esse momento e mais lá na frente pudessem contar o que viveram” observou.
Fotos: Bruno Eduardo Alves e Luciana Carneiro