
Os avanços e as experiências bem-sucedidas de Niterói na área da segurança pública estiveram em debate, nesta segunda-feira (01), na edição de estreia do “Caminhos de Niterói”. O encontro aconteceu no auditório da Editora Globo, no centro do Rio, e foi organizado pelos jornais O GLOBO e EXTRA, com apoio da Prefeitura de Niterói.
Quem participou do encontro
O evento reuniu:
- o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves;
- o ex-secretário de Segurança de Bogotá (Colômbia), Hugo Acero;
- o diretor-executivo do Instituto Cidade Segura, Alberto Kopittke;
- a coordenadora do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni-UFF), Carolina Grillo;
- e o comandante do 12º Batalhão da Polícia Militar, coronel Leonardo Ribeiro de Oliveira.
O encontro teve a presença de especialistas e gestores em segurança pública.

Rodrigo Neves aponta bases: planejamento e integração institucional
O prefeito destacou que segurança pública sempre foi sua prioridade, mesmo que o tema seja, pela Constituição, de responsabilidade dos governos federal e estadual. Segundo ele, o combate à violência em Niterói tem como bases o planejamento e a integração institucional entre todas as forças de segurança.

Tecnologia, efetivo e Proeis: os números citados
Na apresentação, foram mencionados pontos do modelo de Niterói, como:
- criação do Grupo de Gestão Integrada do Município (GGIM);
- implementação do Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp);
- monitoramento com Cercamento Eletrônico;
- implantação recente de sistema de detecção de tiros (shotspotter);
- aumento da Guarda Municipal de 180 para 800 agentes;
- investimento de R$ 1 milhão por mês via Proeis;
- e mais de 10 programas de prevenção à violência com foco na juventude.
“Segurança pública é um tema muito importante. Por isso escolhi como tema para a Reunião de Cúpula da Rede Mercocidades (entre quarta e sexta-feira desta semana, em Niterói). Sem segurança pública não há outras políticas públicas. Os governos estaduais, sozinhos, já não são capazes de enfrentar esse desafio. Niterói vivia um cenário dramático. Em 2013, decidimos encarar este desafio. Elaboramos um plano com base em evidências. O Grupo de Gestão Integrada do Município (GGIM) se tornou responsável pela integração entre as forças de segurança. Montamos o Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp), que monitora as entradas e saídas da cidade com o Cercamento Eletrônico. Recentemente, implantamos um sistema de detecção de tiros (shotspotter). Tínhamos 180 guardas municipais, hoje temos 800. Através do Proeis, investimos R$ 1 milhão por mês para dobrar o efeito do 12º Batalhão nas ruas. Tenho convicção de que temos que disputar a juventude. Por isso, temos mais de 10 programas de prevenção à violência com foco na juventude. Tratamos segurança de forma institucional. Nos últimos sete anos, evitamos cerca de 10 mil crimes violentos em Niterói”, explicou Rodrigo Neves.

Hugo Acero: Bogotá e Medellin e a defesa do trabalho em equipe
O “Caminhos de Niterói” foi aberto com uma palestra do ex-secretário de Segurança de Bogotá e consultor em segurança de Medellin, Hugo Acero. O especialista falou sobre as experiências nas duas cidades colombianas e ressaltou que a união é o melhor caminho para enfrentar a criminalidade.
“Trabalhar em equipe é fundamental para combater a criminalidade. É preciso chamar todas as instituições envolvidas na área da segurança para um alinhamento. Segurança pública não se resume a ações policiais e de forças militares. As ações de desenvolvimento social precisam chegar nos territórios onde estão os grupos armados. Não há como enfrentar a violência em territórios onde o Estado não tem controle. É preciso um trabalho integrado e com planejamento. A polícia precisa trabalhar lado a lado com as comunidades. O respeito aos direitos humanos não limita o trabalho policial. Muitas vezes é um trabalho longo de recuperação. Conheci em Niterói o Parque Esportivo e Social do Caramujo (PESC). É uma bela alternativa”, afirmou Hugo Acero.
Tecnologia com método: o alerta de Alberto Kopittke
O diretor-executivo do Instituto Cidade Segura, Alberto Kopittke, ressaltou o papel da tecnologia no enfrentamento da violência — sem abrir mão da integração entre instituições.
“Niterói mostra o papel da Prefeitura de integrar as instituições para combater o crime. As prefeituras podem transformar territórios, sobretudo com uma visão avançada de prevenção. Um modelo de segurança pública não pode se basear em operações pontuais. Combater o crime é lidar com grupos organizados e estruturados. Niterói tem o melhor uso da tecnologia para combater a criminalidade porque potencializa a integração. Não é apenas a tecnologia de forma isolada. O Cercamento Eletrônico é uma ferramenta muito potente porque aciona as forças policiais”, disse Alberto Kopittke.
Geni-UFF: por que as prefeituras são estratégicas no combate ao crime
A coordenadora do Geni-UFF, Carolina Grillo, afirmou que as prefeituras ocupam uma posição estratégica para atuarem no combate ao crime — sobretudo por estarem mais presentes nas comunidades por meio de serviços como saúde e educação.
“A população mais afetada pela violência de grupos criminosos mora nas comunidades. As prefeituras se fazem mais presentes nestas áreas com, por exemplo, unidades de saúde e educação. As prefeituras podem oferecer propostas que ataquem as bases econômicas do crime. Em Niterói, o Cercamento Eletrônico identifica carros roubados e, desta forma, evita outros roubos. O roubo é a principal causa da falta de sensação de segurança, sobretudo roubo à mão armada. Niterói tem alcançado muitos avanços”, pontuou Carolina Grillo.
12º Batalhão da PM: ações “técnicas” e reuniões semanais
O comandante do 12º Batalhão da PM, coronel Leonardo Ribeiro de Oliveira, defendeu que as ações de segurança pública precisam ser baseadas em técnica, integração e participação da população.
“Em Niterói, o município acreditou na Polícia Militar. Essa união é fundamental. Temos tecnologias compartilhadas e temos também a participação da população. Só a união entre as instituições envolvidas em segurança pública consegue bons resultados. Existe muito a se fazer, mas estamos no caminho certo. As reuniões entre os órgãos envolvidos são feitas semanalmente. Nossas ações são integradas. Segurança Pública tem que ser tratada de forma institucional, técnica e profissional. É isso que acontece em Niterói”, disse o coronel Leonardo Ribeiro de Oliveira.
Mercocidades e proposta nacional: coordenação para enfrentar o desafio
Ao final, Rodrigo Neves acrescentou que Niterói mostrou que, assim como Bogotá e Medellin, é possível alcançar bons resultados em segurança pública. Ele também citou a complexidade do tema e defendeu coordenação em nível nacional.
“Não há contradição em combater o crime com firmeza e ter ações coordenadas e continuadas de curto, médio e longo prazo. Não há soluções simples para problemas complexos. Por isso, o Governo Federal poderia considerar a criação do Ministério de Segurança Pública para coordenar os governos estaduais e os poderes públicos locais para enfrentar o desafio da segurança pública”, concluiu Rodrigo Neves.
O debate reforçou que resultados em segurança pública dependem de continuidade, integração entre instituições e ações que combinem firmeza, tecnologia e prevenção — com impacto direto na vida cotidiana da população.