Biodiversidade Faunística

Biólogos identificam mais de 300 espécies na Enseada de Jurujuba

Inventário da Biodiversidade Faunística da Enseada de Jurujuba

Foto: Luciana Costa
Foto: Luciana Costa

A Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade de Niterói, concluiu a primeira fase dos estudos do Inventário da Biodiversidade Faunística da Enseada de Jurujuba. O relatório parcial, feito por biólogos da Piper3D, empresa de consultoria ambiental responsável pela coleta, pesquisa e avaliação dos dados, identificou mais de 300 espécies reconhecidas e registradas durante as análises de campo em terra e pelo mar, incluindo, entre outras, répteis, anfíbios, aves, peixes e insetos.

“Esse diagnóstico chega como complemento das ações de sustentabilidade implementadas pelo município. Já atuamos com o programa Enseada Limpa, com bons resultados. Estamos avaliando, com este trabalho, o processo de recuperação do ecossistema. Além de contribuir para conscientização das comunidades locais através da promoção de conversas e oficinas, os dados observados e analisados pelos biólogos constituem importante base para geração de subsídios para tomadas de decisão e ações de melhoria das políticas públicas de saneamento e de conservação ambiental,” explica o secretário municipal de Meio Ambiente, Rafael Robertson.

As visitas realizadas na primeira etapa do projeto, que percorreu trechos do Parque Natural Municipal de Niterói e da Área de Proteção Ambiental do Morro do Morcego, da Fortaleza de Santa Cruz e dos Fortes do Pico e do Rio Branco, renderam a identificação de 12 espécies de anfíbios (sapos, rãs e pererecas) e 05 espécies de répteis (uma serpente, três espécies de lagartos e um de tartaruga ), tendo como destaque deste grupo o registro da tartaruga-verde (Chelonia mydas) ameaçada de extinção pela IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza), e do lagarto teiú (Salvator merianae), presente na lista da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES).

A bióloga Liliane Seixas, especialista em Avifauna (conjunto de aves de uma região) fez o registro de 84 espécies de aves. Nesta fase da pesquisa destes animais, houve destaque para a identificação da Patagioenas picazuro (asa-branca), espécie de pomba brasileira com populações distintas, ocupando o sul e o Nordeste do país, e da Myiopsitta monachus (caturrita), uma espécie exótica de periquito que expandiu sua população da sua região de origem, em áreas temperadas da América do Sul, em direção a América do Norte e hoje, também, em países da Europa.

Já na coleta de dados de pequenos, médios e grandes mamíferos, os biólogos obtiveram, nesta primeira campanha, registros de tatu-galinha, ouriço-cacheiro, mico-estrela e cachorro-do-mato, além da presença de espécies de gambás diferenciados.

“Niterói é uma cidade com uma extensa lista de espécies de mamíferos. Existem locais que, como o Parque Estadual da Serra da Tiririca, já sofreram de alguma forma com a ação do homem. Então é natural que algumas espécies acabem se afastando e estamos avaliando o quanto isso já influenciou esses ecossistemas”, explica Júlia Luz, responsável técnica da Piper3D.

O levantamento feito para espécies de morcegos para o projeto de inventário é o primeiro já realizado na Enseada de Jurujuba. Até o momento, foram registradas 11 espécies na região, e se esperam novos registros nas próximas campanhas realizadas para o inventário. Para a categoria de insetos, no entanto, já foram identificadas 203 espécies nos locais visitados.

“Nesta parte do estudo, até o momento foram registradas 24 espécies de 16 famílias e 12 ordens taxonômicas, indicando grande diversidade de espécies e grupos”, afirma a bióloga.

As pesquisas de campo para o Inventário da Biodiversidade Faunística da Enseada de Jurujuba seguem ao longo deste ano, e a próxima campanha in loco da equipe de biólogos está marcada para os próximos dias, com novas visitas aos locais determinados para coleta de dados sobre as espécies da região.

O Projeto

O Projeto é desenvolvido pela Prefeitura de Niterói, por intermédio da Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade, tem investimento de R$ 1,8 milhão do governo federal, por meio do Ministério da Justiça e Segurança Pública, e tem como objetivo produzir um catálogo de espécies animais de seis bairros que formam a Enseada de Jurujuba, promovendo educação ambiental e conhecimento da biodiversidade local, e tem como parceiro que vão ajudar a desenvolver o projeto: o Instituto Moleque Mateiro, a Piper 3D.

Entre as ações do projeto, além da produção do inventário em si, está o lançamento de uma campanha de educação ambiental, para promover o conhecimento do assunto entre as escolas da região e a população local. A área do estudo é a mesma trabalhada pelo Enseada Limpa. Desde 2013, com a implantação do programa, a balneabilidade da água para banho na região chegou a 59,9%, em dados de 2021.

O público-alvo do mapeamento é a população residente em seis bairros – os quais compõem parcial ou integralmente a área de atuação à qual se destina diretamente este projeto – somando 37.325 mil pessoas (Censo IBGE, 2010). Também serão impactados cerca de 600 alunos e profissionais de três escolas municipais da região.