Nessa primeira mensagem psicografada dos Deuses para o novo ano, quero confessar aqui pra vocês que um dos meus ídolos no colunismo, o saudoso Artur Xexéo, sempre se preocupava em “escrever como falava”, para dar a máxima impressão de que a pessoa estava ali, na sua frente, conhecida sua. Pois bem. Esse estilo Xexéo me inspira bastante nessa coluna.
Ele mesmo disse, em uma entrevista ao programa Sem Censura uns dez anos atrás, que gostava de escrever de uma tacada só, sem ler depois muito, apenas passando a vista num copidesque básico – e não deixar passar erros gramaticais ou adverbiais. Portanto, que fique claro: me inspiro em muitas colunas dele, já publicadas no Jornal do Brasil e, no final de sua vida, em O Globo. Um estilo de escrever realmente fluido e simples, de fácil entendimento. Esse é nosso objetivo.
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Mudando de assunto, ainda dá tempo de planejar o ano novo, né? Porque o final do ano passado foi bem feliz para a Democracia brasileira tão vilipendiada, com a prisão de Braga Netto e o medinho de Bolsonaro. Mas virou um grande programa do Chaves, fábrica de memes e foco de assuntos de ceias familiares. Mas a prisão do crápula também me lembrou aquela frase da música Faroeste Caboclo, da Legião Urbana, que diz “e não protejo general de dez estrelas, que fica atrás da mesa com o cú na mão”.
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O problema de ser um cara que começou jovem é esse: a gente fica com traumas de situações e pessoas que se aproximam passar a perna na tua vida. Eu estou com olhar atento para as situações.
Uma das coisas que mais me movimenta a viver é trabalhar contra o apagamento das biografias de pessoas – sejam elas famosas ou anônimas. Todo mundo tem uma biografia, mesmo que ela não vire um livro ou ninguém jamais a reconheça. Porém, quando se trabalha com comunicação, produção artística e etc, é mais complicado deixar barato para quem ‘apaga’ os outros. Como diria, de novo, a Legião Urbana, ou melhor, o Renato Russo na letra de Geração Coca-Cola, “vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês”. Punks de Brasília.
Não é justo uma pessoa ter sua história apagada para botar empada na azeitona dos outros. Filho “feio” não tem pai, né? Mas se é “bonito”, todo macho alfa quer fazer exame de DNA. Então, vale lembrar: estamos de olho. Vivemos a época da reparação histórica destes apagados, isto é, “quem ri por último ri melhor”.
O filósofo Zeca Pagodinho apregoou: “deixa a vida me levar, vida leva eu” e estou utilizando essa máxima, sem perder o foco em combater assédios morais sofridos em qualquer instância: trabalho, família ou vida afetiva. A vida já é difícil demais para a gente complicar ela mais ainda. Sejamos leves, mas sejamos firmes.