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460 focos de incêndio em um dia no Rio

© Corpo de Bombeiros RJ/Divulgação
© Corpo de Bombeiros RJ/Divulgação

O Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro enfrentou um recorde de ocorrências de incêndio nesta quinta-feira (12), com 460 focos combatidos em um único dia, o maior número registrado em 2024. Desde o início do ano, mais de 16 mil incêndios foram atendidos, marcando um aumento significativo de 85% em comparação ao mesmo período de 2023. Cidades como Rio de Janeiro, São Gonçalo e Duque de Caxias lideram o ranking de áreas mais afetadas.

Entre as áreas de maior preocupação, estão o Parque Estadual da Pedra Branca, em Realengo, e o Morro das Andorinhas, em Niterói, onde incêndios têm se alastrado próximos a comunidades. Na Serra dos Órgãos, outro ponto crítico, brigadistas enfrentam dificuldades devido ao relevo acidentado e ventos fortes, que complicam o controle das chamas.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que o estado já registrou 840 focos de queimadas em 2024, o maior número desde 2017. Em setembro, o Inpe já identificou 135 incêndios florestais no Rio de Janeiro, reforçando a preocupação com a qualidade do ar. A situação é agravada pelo clima seco e o fenômeno climático El Niño, que tornam as áreas de mata mais vulneráveis.

Embora as condições climáticas favoreçam as queimadas, 95% dos incêndios têm origem em ações humanas, sejam acidentais ou intencionais. Investigações estão em andamento, e prisões relacionadas a incêndios criminosos já foram realizadas em estados como São Paulo e Goiás.

Em resposta à crise, o governo estadual substituiu o comando da Secretaria Estadual de Defesa Civil, com Tarciso Salles assumindo o cargo e a criação de um gabinete de crise para coordenar as ações. O ex-secretário Leandro Monteiro lamentou o corte de R$ 90 milhões destinados ao combate a incêndios, apesar da defesa do governador Cláudio Castro, que minimizou o impacto do corte, afirmando que “não falta nada para os bombeiros”.

A qualidade do ar no estado também está comprometida. De acordo com o boletim do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), a quantidade de áreas com qualidade do ar “moderada” ou “ruim” aumentou significativamente nos últimos dias. A queda na qualidade do ar pode gerar problemas de saúde, especialmente para crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias ou cardíacas. O Ministério da Saúde recomenda o aumento da ingestão de líquidos, a permanência em ambientes fechados com ar-condicionado e a suspensão de atividades físicas ao ar livre, principalmente nos períodos de maior concentração de ozônio, entre 12h e 16h.

Delegado da PF diz que há indícios de ação coordenada

O delegado da Polícia Federal, Humberto Freire de Barros, afirmou que alguns dos incêndios florestais que vêm ocorrendo no Brasil podem ser fruto de ações coordenadas. A declaração foi dada em entrevista à Globo News nesta sexta-feira (13).

Barros, que ocupa o cargo de diretor de Amazônia e Meio Ambiente da PF, destacou que investigações preliminares apontam para a possibilidade de incêndios simultâneos, o que levanta suspeitas de ação orquestrada.

“Observamos que alguns focos de incêndio começaram praticamente ao mesmo tempo, o que sugere uma possível coordenação deliberada. Esse é um ponto inicial da nossa investigação”, afirmou o delegado.

A suspeita de ação humana intencional nas queimadas que devastam o país, especialmente em regiões como a Amazônia e o Pantanal, também foi levantada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino. Na última terça-feira (10), durante uma audiência de conciliação no STF, Dino defendeu a necessidade de investigar e punir os responsáveis pelas queimadas ilegais e ressaltou a urgência de medidas para enfrentar a crise ambiental.