Como ignorar, lidar e superar nossos famosos haters

Leo Lins: humorista de verdade ou hater fascista?

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É muito chato isso. Ter que lidar com discursos de ódio, injustiças e manipulações. Mas faz parte da existência humana, o jogo é esse e a vida não é bolinho.

Sei de um caso recente de uma pessoa que passou um ano e meio trabalhando ao lado de uma magrinha abusiva. Esse amigo meu sofria nas mãos da fofa! Ela solicitava que ele fizesse uma ação profissional, ele ia lá, fazia com louvor. Só que, ardilosamente, não era aquilo que era pra fazer. Resultado? Ele tinha “errado” e a culpa recaia sempre sobre ele. Claro, perdeu o trabalho, já que a mocinha era protegida do patrão.

Outro caso que durou décadas foi o que se passou com outro querido. Uma aberração, uma tristeza mesmo. O cara tem um encosto encarnado, infelizmente. Uma pessoa narcisista de sua família, por inveja, inversão de valores e manipulações diversas, o persegue desde a infância. Sofria quando jovenzinho, o rapaz. Era abuso emocional, alienação parental e muita desqualificação de sua pessoa. Após ele desenvolver sua personalidade, ainda era vítima dos abusos. Porque nem sempre a vítima sabe o que está acontecendo, até procurar um terapeuta, receber conselhos de amigos realmente verdadeiros ou mesmo amadurecer sozinho em suas conclusões. Mas, graças a Deus, bons terapeutas existem. Bons advogados, também. O cara tomou consciência psicológica e jurídica, possui assistência judicial para caso de ataques diretos, e se afastou do objeto que lhe causava tamanho transtorno e dor. O pior de tudo: era alguém muito próximo, considerado um grande amigo-irmao. Hoje em dia ainda é atacado por pseudo-perseguições, mas que já não possuem a força necessária de o afetar. Se curou. Mas, também, né? Ao custo de duas décadas de abusos velados.

O terceiro e último caso é um artista amigo meu, que é homem trans. Só e apenas por ser trans ele já incita, naturalmente e sem qualquer razão, o preconceito alheio nas redes sociais e fora delas. Pior ainda é ter gente que assina o perfil do menino, que é artista, só pra xoxar e gongar. No caso dele existe pelo menos um fator supostamente positivo (para quem é terapeutizado e aguenta bullying): esses haters movimentam sua relevância nas redes e ele ganha dinheiro com isso. Seria o feitiço dos haters se voltando contra eles mesmos? Querem agredir o artista trans, mas estão dando audiência e dinheiro pra ele.

Para encerrar, é preciso falar da treta do momento: o Léo Lins. Piadas racistas, homofóbicas, xenófobas e capacitistas não poderiam ser a razão da fama de um ‘humorista’. Em sua defesa ele diz que, no palco, é um personagem e não ele mesmo. Mas essa resposta passa longe de colar. O cara é o roteirista, foi alertado várias vezes que não deveria abusar da liberdade de expressão, mas ele intensificou seu suposto “estilo”. Ou seja: ele seguiu incorrendo nos crimes em cima dos palcos, milhões de pessoas viram aquele show de horrores, e agora o cara foi justamente condenado e deve pagar pelo seu crime. O tal Leo, que envergonha meu apelido e meu nome, cunhou a frase “se rir virou crime, o silêncio virou regra”. Mas ele está esquecendo que a liberdade de expressão não é um direito absoluto, porque nenhum direito é absoluto. Por exemplo, se você vier me atacar e eu reagir e te matar, eu estava defendendo a minha vida. A isso se dá o nome de legítima defesa. Como também se tentam um golpe contra o Brasil, essa atitude em si já é crime, porque se a tentativa de golpe fosse consolidada já teríamos perdido o estado democrático de direito – já que ele deveria ser laico, também, mas não é. As condutas do comediante alinhado ao fascismo se enquadram nas leis 7.716/1989, que define crimes de preconceito de raça ou cor, e 13.146/2015, de crimes contra pessoas com deficiência.

Por isso precisamos aprender a rir ou tirar proveito financeiro dos haters. Mas, quando eles se acham semideuses, acima do bem e do mal, insistindo de forma reincidente em seus crimes, o jeito mesmo é conseguir prende-los.

Espero que todos possamos refletir juntos para construir uma sociedade menos manipuladora e mais inclusiva. Em família, no teatro, no trabalho ou aonde for.

Até a próxima coluna e fiquem na paz – mesmo quando te forçam a uma guerra  Beijos e abraços, meus queridos. Boa semana.

Leonardo Rivera

Atuante no jornalismo fluminense desde a adolescência, Leonardo Rivera teve passagens por jornais de sua cidade, Niterói – como os saudosos LIG e Opinião, além do diário A Tribuna. Tornou-se diretor artístico da área musical no final dos anos 90, tendo trabalhado na Universal Music com grandes nomes da nossa música, e em seguida criou um selo para novos talentos. Também se tornou escritor, ao lançar a biografia sobre Seu Jorge (2015) e participar da equipe da autobiografia de Luiz Fernando Guimarães (2022). Segue dirigindo o selo musical, colaborando com biografias e veículos de comunicação.

Atuante no jornalismo fluminense desde a adolescência, Leonardo Rivera teve passagens por jornais de sua cidade, Niterói – como os saudosos LIG e Opinião, além do diário A Tribuna. Tornou-se diretor artístico da área musical no final dos anos 90, tendo trabalhado na Universal Music com grandes nomes da nossa música, e em seguida criou um selo para novos talentos. Também se tornou escritor, ao lançar a biografia sobre Seu Jorge (2015) e participar da equipe da autobiografia de Luiz Fernando Guimarães (2022). Segue dirigindo o selo musical, colaborando com biografias e veículos de comunicação.