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Um homem morreu após invadir a jaula de uma leoa no Parque Zoobotânico Arruda Câmara (Bica), em João Pessoa (PB), na manhã deste domingo (30). O ataque foi registrado por visitantes e causou grande comoção na cidade.

Vídeo mostra momento do ataque

Nas imagens, o homem escala as grades e uma parede de cerca de seis metros de altura, ultrapassando a área de segurança. Já dentro do recinto, ele se pendura em uma árvore, enquanto a leoa, inicialmente deitada, percebe a invasão e se aproxima.

Os dois chegam a ficar frente a frente, até que o homem escorrega. É nesse momento que o animal avança e o captura. Ele ainda tenta se levantar após os primeiros golpes, mas logo é derrubado novamente e não aparece mais nas imagens.


Prefeitura investiga o caso

Segundo a administração municipal, o homem invadiu deliberadamente o recinto, ignorando orientações e medidas de proteção existentes no local.

O parque foi interditado temporariamente para isolamento da área, remoção do corpo e início da apuração oficial pela Secretaria de Meio Ambiente.

A leoa foi rapidamente reconduzida ao setor de segurança, sem necessidade de dardos tranquilizantes. De acordo com técnicos do zoológico, isso só foi possível devido ao treinamento contínuo do felino.

A prefeitura afirmou que as medidas de segurança excedem as normas exigidas, incluindo borda negativa e estrutura reforçada, mas destacou que a ação do homem foi rápida e inesperada.


Quem era a vítima

O jovem foi identificado como Gerson de Melo Machado, 19 anos, apelidado de “Vaqueirinho”.

Ele tinha diagnóstico de esquizofrenia e foi acompanhado ao longo da infância pelo Conselho Tutelar. Gerson e os quatro irmãos foram retirados da mãe — também diagnosticada com esquizofrenia — mas somente os irmãos foram adotados. Ele cresceu em abrigos e instituições do Estado.

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Ainda quando criança, dizia ter o sonho de ir para a África para “domar leões”. Em uma das tentativas de fuga, chegou a ser encontrado no trem de pouso de um avião, acreditando que viajaria para o continente africano.

Sem perspectivas, acumulou passagens por delegacias e centros socioeducativos. Dois dias antes do ataque, havia sido solto após tentar danificar caixas eletrônicos. Depois, voltou a ser detido por apedrejar uma viatura — relatando que queria ser preso por estar com fome e sem lugar para dormir.


Debate sobre saúde mental e abandono

O caso expõe a vulnerabilidade extrema enfrentada por muitos jovens com transtornos mentais no Brasil, especialmente aqueles fora do ambiente familiar e sem suporte social.

Gerson cresceu entre instituições, prisões e ruas, sem acolhimento estável. Especialistas reforçam que tragédias como esta evidenciam falhas graves na rede de proteção à saúde mental e assistência social.


Leoa não será sacrificada

Como o animal agiu instintivamente diante da invasão ao território, a leoa não sofrerá punições. Ela segue monitorada por veterinários do parque.


A morte do jovem, marcada por um histórico de abandono e sofrimento psicológico, levanta questões importantes sobre:

  • segurança em zoológicos
  • acolhimento de pessoas em sofrimento mental
  • políticas públicas para a juventude em vulnerabilidade extrema

Enquanto isso, o parque segue parcialmente fechado até a conclusão das investigações.