
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi presa nesta terça-feira (30) na Itália, após ser incluída na lista vermelha da Interpol, que a tornava procurada em 196 países. A prisão cumpre decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a pena de 10 anos de prisão por crimes como falsidade ideológica e invasão de sistema eletrônico.
Zambelli havia deixado o Brasil há dois meses, escapando pela fronteira com a Argentina, em Foz do Iguaçu, e embarcando rumo aos Estados Unidos. Posteriormente, seguiu para a Itália, alegando possuir cidadania italiana, o que, segundo ela, a tornaria “intocável”.
Por que Zambelli foi condenada?
Em maio de 2024, a parlamentar foi condenada pela Primeira Turma do STF por envolvimento na invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em parceria com o hacker Walter Delgatti, que também foi condenado a mais de 8 anos de prisão.
Entre os documentos forjados estavam um falso mandado de prisão contra Alexandre de Moraes e uma falsa ordem de quebra de sigilo bancário do ministro.
Tentativa de escapar da Justiça brasileira
Na decisão que determinou a prisão, Moraes afirmou que a viagem de Zambelli à Europa foi uma “inequívoca tentativa de se furtar à aplicação da lei penal”, feita às vésperas da rejeição do recurso que tornaria sua condenação definitiva. A ordem de prisão foi emitida a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
“A natureza da alegada viagem à Europa revela a intenção clara de evitar a aplicação da Justiça brasileira”, escreveu Moraes.
Câmara dos Deputados terá a palavra final
Com a prisão decretada e executada no exterior, a Câmara dos Deputados será notificada e o plenário deverá votar se mantém ou revoga a prisão da parlamentar.
“Vamos notificar para que ela possa se defender. A palavra final será do plenário”, declarou Hugo Motta, presidente interino da Casa, em junho.
Outros processos contra a deputada
Além da condenação por falsidade ideológica, Carla Zambelli ainda é ré em outro processo no STF, onde é acusada de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal, em episódio ocorrido nas eleições de 2022.
Nesse caso, já há maioria dos ministros a favor da condenação a 5 anos e 3 meses de prisão, além da cassação do mandato parlamentar. A conclusão do julgamento foi suspensa após pedido de vista do ministro Nunes Marques.
Próximos passos: extradição e impacto político
A prisão de Zambelli agora depende dos trâmites legais entre Brasil e Itália, e o governo brasileiro deverá iniciar o pedido formal de extradição. Mesmo com cidadania italiana, a extradição pode ocorrer devido à gravidade dos crimes e ao trânsito em julgado da condenação.