Homenagem a Clara Nunes é destaque na Sala Nelson Pereira dos Santos
Foto: Divulgação

A Sala Nelson Pereira dos Santos, em Niterói, será palco de uma noite de emoção e ancestralidade com o show “Samba às Claras”, em homenagem a Clara Nunes. Reunindo vozes femininas, elementos cênicos e um repertório de clássicos, o espetáculo resgata a trajetória da artista e sua conexão com as raízes negras e populares do país. O evento integra a programação do Novembro Negro, reforçando a importância da representatividade no samba e na cultura brasileira.

Homenagem a Clara Nunes na Sala Nelson

Na sexta-feira, 14 de novembro de 2025, às 20h, a Sala Nelson Pereira dos Santos, em São Domingos, Niterói, recebe o projeto “Samba às Claras”, um tributo à cantora Clara Nunes. O espetáculo é comandado pelas cantoras Janaina Bessa, Vitória Bessa, Michele Andrade e Victoria Coutinho, que se unem para revisitar a obra de uma das maiores vozes do samba brasileiro.

Além das interpretações ao vivo, o show conta com a participação da dançarina e atriz Geisi Nara dos Santos, que adiciona um forte componente visual à apresentação. Com isso, o espetáculo ganha uma dimensão cênica mais envolvente, reforçando a narrativa sobre a vida, a arte e a ancestralidade de Clara.

O repertório traz canções que consagraram Clara Nunes como recordista de vendas de discos entre as décadas de 1960 e 1983. O público poderá reviver clássicos que marcaram gerações, acompanhados de textos narrados e áudios extraídos de entrevistas da própria artista, recurso que torna a homenagem ainda mais emocionante e próxima da história real da cantora.

O evento integra a programação do Novembro Negro, reforçando o papel de Clara como símbolo de afirmação das raízes negras, da fé, da ancestralidade e da luta por igualdade social.

Homenagem a Clara Nunes é destaque na Sala Nelson Pereira dos Santos
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Ancestralidade, raízes negras e as “três raças”

Mais do que cantar sucessos, o projeto “Samba às Claras” se propõe a revisitar a trajetória de Clara Nunes e o seu processo de reconhecimento das raízes negras e das chamadas “três raças” brasileiras, tema presente em um de seus álbuns mais vendidos. Essa abordagem se torna o foco central do espetáculo.

A mudança de Clara do universo do bolero para o samba é apresentada como um ponto de virada fundamental em sua carreira e em sua vida. Essa transformação aproximou a artista de sua ancestralidade e de sua relação com o sagrado, permitindo que sua voz desse expressão ao cotidiano do povo, à construção da autoimagem e à esperança de igualdade social.

Dessa forma, o show não apenas revisita a discografia de Clara, mas também destaca o impacto simbólico e cultural de sua obra para o povo negro, para o samba e para a identidade brasileira.

Samba da Mulher: mulheres à frente do samba de raiz

Origem do grupo Samba da Mulher

O grupo “Samba da Mulher” foi criado em 2017 pela cantora e produtora Janaina Bessa, com o propósito de reunir mulheres instrumentistas da chamada cidade serrana. A ideia era acolher tanto musicistas já atuantes quanto aquelas que tinham interesse em aprender e se aproximar da prática instrumental.

O projeto surgiu como um espaço de incentivo para que mais mulheres se conectassem ao samba de raiz, tomando o instrumento como ferramenta de expressão, autonomia e protagonismo. A partir daí, o grupo passou a ser referência em iniciativas que unem mulher, samba e resistência cultural.

Produções e homenagens

Ao longo da trajetória, o Samba da Mulher gravou três álbuns para o YouTube dentro do projeto “O Samba tá na…”, além de realizar dois especiais e participar de projetos dedicados a importantes nomes do samba brasileiro.

Entre as homenagens já realizadas, estão tributos a Zé Keti, Dona Ivone Lara e Beth Carvalho, e agora a Clara Nunes. Esse percurso revela o vasto conhecimento do grupo sobre a cultura musical, o samba, o Brasil e o lugar da mulher nessa história.

A banda e as artistas em cena

Formação instrumental do espetáculo

Para o show “Samba às Claras”, o grupo será acompanhado por uma banda formada por:

  • Leandro Junnhyor – violão e guitarra
  • Gabriel Moreira – flauta
  • Fernando Morais – baixo
  • Deivid Preceito – percussão

Essa formação traz um som completo e sofisticado, reforçando a riqueza dos arranjos das canções eternizadas por Clara Nunes.

Janaina Bessa: voz, produção e formação clássica

A cantora e produtora Janaina Bessa atua profissionalmente desde 2007 e é multi-instrumentista. Ela iniciou a carreira cantando com o irmão Rubinho Bessa na banda “Nó da Madeira”.

Em seguida, aprofundou sua formação na escola de música da UCP, estudando técnica e teoria musical. Durante sete anos, integrou o coral da instituição, experiência que contribuiu para sua versatilidade vocal e sua segurança em palco, além de reforçar sua autoridade artística.

Vitória Bessa: percussão, pandeiro e paixão pelo samba

Vitória Bessa é percussionista e pandeirista, com experiência em coral sob regência do maestro Paulo Afonso. Com o tempo, desenvolveu forte paixão pela música popular brasileira e pelo samba, influência que veio das apresentações dos irmãos Janaina e Rubinho, já atuantes no mercado musical.

Essa trajetória consolidou Vitória como uma musicista comprometida com a linguagem do samba de raiz, somando técnica, vivência e sensibilidade.

Michele Andrade: percussionista autodidata

A percussionista Michele Andrade é autodidata e começou cedo: aos 7 anos já tocava repique, tantan e pandeiro. Na adolescência, integrou a bateria de uma escola de samba local, experiência que a aproximou ainda mais da cultura do carnaval e do samba de comunidade.

Após um período afastada da música, Michele retomou a carreira por acaso, em um encontro na cidade de Maricá, onde conheceu as integrantes do grupo. Desde então, passou a fazer parte do Samba da Mulher, trazendo sua energia, técnica e história de retomada para o projeto.

Victoria Coutinho: talento niteroiense no tantan

Nascida em Niterói, Victoria Coutinho começou a tocar aos 16 anos. Curiosa, é dedicada a aprender “um pouco de cada instrumento”, embora tenha como especialidade o tantan. Muito alegre e presente nas rodas de samba e pagode da cidade, ela cresceu influenciada pela família e pela convivência com o universo musical.

Com um repertório jovem e atualizado, Victoria se destacou nas rodas, até decidir também assumir o lugar de quem toca e participa ativamente das formações musicais, reforçando a presença feminina nos instrumentos de samba.

Novembro Negro, samba e representatividade

O espetáculo “Samba às Claras” integra a programação do Novembro Negro, período dedicado à valorização da cultura negra, à reflexão sobre o racismo estrutural e ao reconhecimento das contribuições da população negra para o Brasil.

Ao escolher Clara Nunes como figura central dessa homenagem, o projeto reforça a importância de revisitar artistas que, por meio do samba, da religiosidade e da estética, ajudaram a reposicionar a identidade negra e popular no centro da cena cultural.

Para o público de Niterói e região, o show representa uma oportunidade de vivenciar uma experiência artística que combina memória, música, ancestralidade e protagonismo feminino.

Serviço – Samba às Claras na Sala Nelson

  • Espetáculo: O Samba às Claras – Homenagem a Clara Nunes
  • Data: Sexta-feira, 14 de novembro de 2025
  • Horário: 20h
  • Classificação indicativa: Livre
  • Duração: 90 minutos
  • Ingresso: R$ 40 (inteira)
  • Local: Sala Nelson Pereira dos Santos
  • Endereço: Av. Visconde do Rio Branco, 880 – São Domingos, Niterói