Em visita ao local, que abrigará a primeira Ilha Museu do país, prefeito de Niterói destacou que a visitação deverá ser feita em pequenos grupos
A Prefeitura de Niterói vai concluir as obras da Ilha de Boa Viagem no fim de agosto. O anúncio foi feito pelo prefeito Axel Grael em visita ao local nesta quarta-feira (21). A ilha será a primeira do país a ter o conceito de Ilha Museu, com experiências interativas desde a entrada, criando um conceito de museu a céu aberto com várias atrações para os visitantes. O projeto é uma parceria da Secretaria Municipal de Ações Estratégicas com a Unesco.
O prefeito de Niterói, Axel Grael, destacou que as obras estão avançadas e que a ilha será aberta para visitação em pequenos grupos para uma melhor experiência. “Estamos na fase final das obras, com a parte do casarão bem avançada. Até o fim de agosto, devemos estar com tudo pronto. Após as obras, vem o trabalho museológico de preparar as exposições. Nós vamos franquear o acesso a um espaço histórico e cultural da cidade que ficou fechado por 70 anos. Até o fim do ano, vamos abrir visitações controladas para pequenos grupos, para respeitar a estrutura da ilha e também para termos qualidade na experiência de quem visita. Queremos que a experiência de visitar essa ilha seja um orgulho para o niteroiense e que as pessoas saiam daqui também com uma visão educativa”, disse o prefeito.
De acordo com o secretário de Ações Estratégicas e Economia Criativa, André Diniz, a Ilha será uma referência não só nacional, como internacional. “A gente está aproveitando todo o potencial histórico e natural da ilha, que é centenária e tem uma relação muito grande com a Baía de Guanabara. A ideia é resgatar isso através de exposições na Ilha Museu, que é um conceito muito moderno, com uma série de estruturas e de interações, onde você vai poder perceber a ilha no tempo”, afirmou o secretário.
As obras estão em estágio avançado. Na Capela, já foi concluída a restauração do piso hidráulico e, no momento, a pintura está sendo executada. Ao redor da construção, a equipe está trabalhando no assentamento do piso de terracota. A Capela foi construída em 1650, com sua estrutura original em estilo colonial. Ela foi destruída durante a invasão francesa de 1711 e reconstruída em 1780, já seguindo um estilo neoclássico. O serviço de conservação e restauro incluiu adequação da instalação elétrica, colocação de ar-condicionado dentro da capela, nova iluminação e instalação de banheiros. Ao lado da igreja, está em andamento o conserto de um poço que se transformará em cisterna, dividida com água pluvial e potável para abastecer a igreja, o fortim e o castelo.
A restauração do Fortim já foi finalizada. O Fortim era uma bateria que servia, a princípio, de suporte para o Forte do Gragoatá. Quando as obras começaram, o local estava em ruínas. Foi restaurado a partir do que havia de vestígios da construção e se transformou em um espaço de contemplação. Além da pintura, drenagem e instalação de câmeras, teve o emboço recuperado e o piso recomposto em terracota.
No caminho entre a Capela e o Castelo a fase é de instalação de guarda-corpo. Já Castelo, que será a sede de um museu com uma sala de exposição e uma cafeteria, a equipe trabalha na colocação de massa, nos arremates de pó de pedra da fachada e no assentamento dos revestimentos de cerâmica da parede. Além disso, está em processo a instalação do ar condicionado e fechamento dos quadros de elétrica.
Christiana Saldanha, representante da Unesco no Rio, contou um pouco sobre a parceria com a Prefeitura na transformação da ilha. “Agradeço por essa união e por estar de fato construindo um projeto que será um legado para Niterói. Temos um patrimônio que está sendo recuperado e que tem uma pretensão de ser sustentável por muitos anos, para as futuras gerações. A ideia é que esse seja um espaço educativo, que possa fazer de fato a transmissão do conhecimento igualitário e que faça com que as pessoas se envolvam, sejam crianças, adolescentes, jovens e toda a família. Eu acho que esse é um presente para a Niterói”, afirmou.
O professor de natação Cláudio Júnior, fundador da escola Cardume Nit, que funciona na Praia da Boa Viagem, participou da visita junto com outros atletas e adorou o que viu. “Eu acho muito bonito ver essa iniciativa de reforma, porque sempre nadei por aqui e via a construção. É uma praia maravilhosa e a história de Niterói está aqui. Vai ser um orgulho para todos os niteroienses visitar esse local. E será uma emoção poder trazer minha filha aqui.”, disse.
Todo o conjunto arquitetônico e paisagístico da Ilha da Boa Viagem é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Devido à importância histórica da área e por seu grande potencial turístico, o município apresentou um projeto ao Iphan, que foi aprovado. A Prefeitura de Niterói assumiu a obra com recursos próprios, no valor de R$ 5,5 milhões.