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Niterói teve apenas nove casos confirmados de dengue em 2023

Soltura de mosquitos em Jurujuba
Soltura de mosquitos em Jurujuba
Na contramão dos números do restante do estado, até o momento a cidade notificou 59 casos de dengue, sendo apenas nove confirmados. A redução é de quase 100% desde 2016

Na contramão da maioria dos municípios e da capital do estado, Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, apresenta números baixíssimos de casos de dengue, zika e chikungunya no primeiro trimestre de 2023. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, até o momento foram notificados 59 casos de dengue, sendo apenas nove confirmados. Os números mostram uma redução de 98,2% de notificação de casos de dengue na cidade desde 2016, quando os números de casos chegaram a 3.369.

O motivo, segundo a Prefeitura de Niterói, está no projeto de liberação de mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia, em parceria com a Fiocruz e o World Mosquito Program (WMP), aliado à organização das políticas públicas de Saúde.

Soltura de mosquitos em Jurujuba

Em 2021, foram notificados 46 casos de dengue e 16 confirmados. Já em 2022, foram 97 casos notificados, sendo 12 confirmados. Não houve registro de óbito em 2021, um óbito em 2022 e, até o momento, nenhum registro neste ano. Além da redução dos casos da doença, desde janeiro deste ano até o momento, foram notificados apenas nove casos de chikungunya e um de zika em Niterói.

O prefeito Axel Grael comemora a marca. “É uma satisfação enorme poder apresentar à população números tão baixos de uma doença que até hoje mata tantas pessoas. A parceria entre a Prefeitura de Niterói e a Fiocruz para a implantação do mosquito com a Wolbachia na cidade foi uma inovação importante. Niterói tinha algumas condições geográficas favoráveis ao uso da tecnologia e também por nossa tradição de ação na Vigilância Sanitária e no Controle de Zoonoses. Vamos em frente até que esse número esteja zerado!”, afirma Grael.

Para a secretária municipal de Saúde de Niterói, Anamaria Schneider, os números controlados de casos das arboviroses estão relacionados ao trabalho diário dos profissionais em conjunto com a tecnologia da Wolbachia. “A Secretaria mantém um trabalho periódico de combate às arboviroses o ano todo. Esse conjunto de ações, junto com a implantação do Projeto Wolbachia, em parceria com a Fiocruz, mantém um cenário positivo dos casos das doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti”, ressalta a secretária.

Niterói foi uma das primeiras cidades a apostar no método Wolbachia e a primeira a apresentar bons resultados nos números da doença. A explicação está na série de políticas de prevenção à dengue realizadas pela Secretaria de Saúde, que continuaram acontecendo aliadas à experiência da Fiocruz. A partir daí, o município virou modelo para outras cidades do país. No final de março, uma coletiva de imprensa da Fiocruz, da WMP Brasil e de membros do Ministério da Saúde anunciou a expansão do acesso ao método Wolbachia a todo Brasil.

De acordo com o chefe do Centro de Controle de Zoonoses, Fábio Villas Boas, o setor realiza medidas de prevenção e controle da doença durante todo o ano, e não apenas na época de maior incidência. “Além do trabalho diário dos Agentes, mutirões são realizados aos finais de semana, intensificando as ações de combate. O CCZ conta ainda com fiscais sanitários que vistoriam imóveis abandonados que são potenciais criadouros de mosquitos. A equipe de comunicação e saúde também leva até as escolas, públicas e municipais, informações sobre a prevenção às arboviroses e combate ao Aedes aegypti”, explica Fábio.

Niterói também conta com seis comitês regionais de combate ao Aedes aegypti, que realizam ações em seus territórios, orientando e mobilizando a população no combate aos criadouros do mosquito. O setor de Informação, Educação e Comunicação (IEC), do Centro de Controle de Zoonoses, também realiza ações educativas em escolas, unidades de saúde do município e locais públicos, distribuindo material educativo e orientando a população quanto aos cuidados para evitar e combater o mosquito.

Moradora de Jurujuba, a aposentada Rita de Cássia Martins, de 63 anos, comemora a redução dos números da doença. “Eu nasci e cresci em Jurujuba. A gente tinha muitos casos de dengue por aqui. Agora, me sinto muito mais segura. Apesar de ainda termos o mosquito, não vejo um grande problema se sou picada. Além disso, temos visitas constantes de agentes de controle de zoonoses em nossas casas, fazendo esse acompanhamento ao projeto do mosquito, ensinando a não deixar água no prato das plantas etc. Esse processo é muito importante, além da soltura dos mosquitos com a bactéria. A dengue é uma doença que é muito ruim, ela mata”, alerta a aposentada.

O método Wolbachia – Desenvolvido pela World Mosquito Program (WMP) e, no Brasil, conduzido pela Fiocruz, o método consiste na liberação de Aedes aegypti com Wolbachia para que se reproduzam, estabelecendo, aos poucos, uma nova população de mosquitos. Quando presente no Aedes aegypti, a Wolbachia impede que os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela urbana se desenvolvam dentro dele, contribuindo para redução destas doenças.

As primeiras liberações dos Aedes aegypti com Wolbachia ocorreram em 2015, no bairro de Jurujuba, em Niterói. Em 2016, a ação foi ampliada em larga escala em Niterói. Hoje, a cidade conta com 100% do seu território coberto pelo projeto Wolbachia.