Levantamento Dasa e CHN revela que, nas duas cidades, em média, 95% das mulheres com idade e indicação clínica para a realização de mamografia não fizeram o exame no último ano
Um levantamento feito pela área de Data Analytics da Dasa, rede de saúde integrada do Brasil, da qual o Complexo Hospitalar de Niterói (CHN) faz parte, aponta que 40 mil mulheres em Niterói e São Gonçalo com idade elegível e indicação clínica para a realização de mamografia deixaram de fazer o exame de rastreio ou para o diagnóstico de câncer de mama no último ano nas unidades da rede.
A análise revela que 91% das niteroienses e 99,1% das moradoras de São Gonçalo podem estar com o acompanhamento atrasado. Nesse contexto, a Dasa estima que mais de 600 casos suspeitos de câncer de mama deixaram de ser rastreados dentro da rede, o que representa 1,7% do universo de mulheres dessas regiões que não realizaram os exames entre agosto de 2020 e de 2021.
Segundo Victor Machado, oncologista do CHN, equilibrar os benefícios da identificação precoce do câncer de mama com os riscos de contrair a Covid-19 é um dos principais dilemas atuais para médicos e pacientes: “As consequências do atraso no diagnóstico representam um dano em potencial para a saúde feminina, já que os tumores de mama podem progredir de estágio com o passar do tempo. Por isso, fazer o exame para a detecção precoce da doença é essencial e aumenta as chances de cura, que pode chegar a 90%”, afirma o oncologista.
A avaliação dessa lacuna para os exames de rastreio segue as diretrizes da Sociedade Brasileira de Mastologia, que recomenda que essa investigação seja feita anualmente para mulheres a partir dos 40 anos, de acordo com critérios médicos individuais.
Para Victor Machado, o diagnóstico precoce nessa faixa etária pode melhorar o prognóstico da doença e a efetividade do tratamento e diminuir a morbidade associada. “A mamografia de rastreio é indicada para mulheres que não possuem sinais ou sintomas sugestivos de câncer, com o objetivo de identificar alterações indicativas à doença e, assim, encaminhar as pacientes com resultados anormais para uma investigação aprofundada.”
No Brasil, o câncer de mama é o mais prevalente entre as mulheres – excluindo os tumores de pele não melanoma –, com a estimativa de cerca de 60 mil casos novos em 2020, ou seja, 29,7% dos diagnósticos de câncer entre elas e a primeira causa de morte por câncer na população feminina de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca).