Por Mário Sousa
Recentemente, numa ida à Câmara de Vereadores de Niterói, quando eu conversava com um vereador, ele viu um rapaz que estava saindo do prédio e me falou:
– “É o Paçoca, o cara foi uma fera!”
Ele atiçou minha curiosidade e perguntei:
– Fera de quê?
– Foi um grande tenista!
Logo descobri que a “fera” é o Guilherme Vasques Vaz da Silva, o Paçoca, um ex-tenista, hoje com 34 anos, mas que, por quase duas décadas, foi o maior vencedor deste esporte no Estado, no País e em torneios internacionais, acumulando cerca de 70 troféus.
Nesta entrevista, presencial, Guilherme conta sua história e suas emoções, a cada disputa e em cada categoria. Sua vida no tênis começa aos 7 anos numa academia em Itaipu. Seu pai treinava tênis e ele ficava brincando no paredão com uma raquete. Aconselhado pelo treinador, seu pai inscreve o filho nas aulas e pouco tempo depois começa seu ciclo de disputas e vitórias.
Com 11 anos, Guilherme é o campeão num torneio em Niterói, e o 4º no Estado do Rio de Janeiro; aos 12 anos é o primeiro do ranking do Estado do Estado do Rio de Janeiro e o 4º do País. Depois alterna 1º, 2º e 3º colocados no Brasil pelo ranking da Confederação Brasileira de Tênis. Aos 14 anos, disputando pela Confederação Sul Americana de Tênis, fica entre os três melhores colocados no ranking Sul Americano. Com 16 anos, foi campeão do Circuito Banco do Brasil; vice campeão do Sul Americano, disputado em Londrina. Fecha um ciclo com mais de 30 jogos invictos.
Durante esta jornada, em quase 9 anos, acumulou experiências em viagens pelo Estado e em quase todos os países do Continente Americano, assim como na Europa e outros continentes, sempre disputando. Foi também para o EUA aos 16 anos patrocinado pela Nike; e aos 17 anos viajou para a Espanha, lá morou dois anos na Academia do Emilio Sanches e Sergio Casal, treinando e jogando torneios profissionais pela Europa.
Guilherme conta de sua emoção e alegria ao jogar tanto no juvenil como no profissional com os melhores do Brasil e do Mundo como Juan Martin Del Potgro, Thomas Belluci, Andy Murray, Caio Zampieiri, João Olavo de Souza, Marcelo Melo e muitos outros.
Após tantos títulos e disputas, aos 19 anos, ainda na Espanha, no início do ciclo profissional, Guilherme perde sua mãe e retorna ao Brasil. Ainda participa de alguns torneios, mas decide abandonar o tênis. Após deixar o esporte, encara faculdade de Direito e entra no mercado. Hoje, é um profissional na área do empreendedorismo e Consultoria.
Pai de duas meninas, Guilherme, ressalta que este ciclo esportivo e viagens e moradias nos EUA e na Espanha foi um acumulo de experiências e de vida. Para ele, no entanto, o tênis no Brasil ainda fica muito a desejar. O nosso foco ainda é o futebol. Aqui, faltam muitos investimentos. A escola de tênis no Brasil não se compara com a da Espanha. “Nós demos um salto muito grande por causa do Guga, por ser um craque e por sua empatia. Convivi muito com Guga, ele é uma referência e uma pessoa admirável”, destaca.
Ao mostrar os troféus e páginas de jornais, relacionando seus importantes títulos, pergunto ao Paçoca:
Ainda há possibilidade de retorno a este esporte, talvez como professor, com uma escola, aqui, na região?
Ele faz menção a seu pai, Adelson Virgilio Vasques da Silva e a sua mãe Vera Lúcia Vaz da Silva, aponta para sua costa, e fala das marcas que o esporte deixou e das dores lombares que sente e afirma:
– É sempre um apelo positivo de um esporte que me deu muitas alegrias e agregou muito como ser humano.
Mário Sousa é jornalista