Celulares antigos, micro-ondas e computadores escondem um segredo valioso: ouro puro em suas placas internas.
Mesmo sendo considerados sucata, esses aparelhos contêm um metal precioso cada vez mais desperdiçado no lixo eletrônico.
Por que o ouro é essencial nos aparelhos eletrônicos?
O ouro em dispositivos eletrônicos não é questão de luxo, mas de desempenho. Embora sua condutividade elétrica seja menor que a de prata e cobre, o ouro oferece uma resistência superior à corrosão e não sofre oxidação, diferentemente desses metais.
Isso o torna ideal para componentes sensíveis como conectores, chips e placas-mãe, onde a falha por corrosão pode comprometer todo o funcionamento.
Mesmo os eletrônicos mais simples, como celulares antigos ou controles remotos, podem conter frações desse metal, acumulando valores ignorados por quem descarta sem cuidado.
O que acontece com o ouro quando descartamos um eletrônico?
Lixo eletrônico é uma mina urbana subestimada. Em 2023, mais de 53 milhões de toneladas de equipamentos foram descartadas em todo o mundo.
Esses materiais carregam metais preciosos como ouro, prata e paládio diretamente para os aterros sanitários, junto com substâncias tóxicas como chumbo e mercúrio.
- Placas eletrônicas podem conter entre 100 a 500 mg de ouro, dependendo do modelo. A pesquisa da ETH Zurich extraiu 450 mg de ouro a partir de 20 placas juntas, demonstrando o potencial acumulado do material
- Bilhões de reais em metais são desperdiçados anualmente
- A recuperação exige processos químicos especializados
- Grande parte dos aparelhos nem chega a ser desmontada
Como o soro do leite pode recuperar ouro de eletrônicos?
Cientistas da ETH Zurich criaram um método surpreendente: usam proteínas do soro de leite como filtros biológicos que extraem ouro dissolvido em soluções ácidas.
As proteínas passam por um tratamento químico que as transforma em estruturas porosas, parecidas com esponjas. Essas estruturas capturam apenas o ouro, ignorando os demais metais da solução.
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Dica rápida: Esse processo une dois resíduos – lixo eletrônico e subproduto de laticínios – criando uma tecnologia sustentável e inovadora.
Quais etapas compõem essa extração com soro de leite?
A recuperação do ouro com soro de leite segue um processo seguro, mas complexo. Ele ocorre em laboratórios com controle rigoroso de temperatura e química.
- Tratamento químico das proteínas do soro até ficarem porosas
- Dissolução das placas em ácido para liberar os metais
- Filtragem seletiva do ouro pelas esponjas proteicas
- Purificação e fusão em pepitas de 22 quilates (91% de pureza)
É possível ganhar dinheiro recuperando ouro de eletrônicos antigos?
Sim. Segundo os pesquisadores, apenas 10 placas eletrônicas descartadas podem gerar até R$ 170 mil em ouro puro, dependendo do preço de mercado.
Isso mostra o valor oculto em gavetas, porões e centros de reciclagem, onde milhões de componentes permanecem inutilizados ou descartados de forma incorreta.
Por que esse processo é considerado uma solução sustentável?
O uso do soro de leite para recuperação de ouro fortalece a economia circular e reduz danos ambientais causados pelo descarte indevido.
Além de evitar contaminação do solo e da água, ele transforma resíduos da indústria de alimentos em ferramentas úteis para a reciclagem tecnológica.
- Diminui o impacto ambiental do lixo eletrônico
- Reaproveita subprodutos do setor agroindustrial
- Cria valor econômico a partir do descarte
- Impulsiona inovação em reciclagem de metais raros
É seguro tentar esse tipo de extração em casa?
Jamais tente. O processo envolve ácidos corrosivos e manipulação de materiais altamente tóxicos, que podem causar queimaduras, intoxicações ou explosões.
Esse tipo de extração só pode ser feito com segurança em laboratórios equipados e por profissionais capacitados. A curiosidade vale, mas a execução exige responsabilidade.