
Rio de Janeiro - A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) deve analisar nos próximos dias se mantém ou derruba a prisão preventiva do presidente da Casa, o deputado estadual Rodrigo Bacellar (União Brasil). O parlamentar foi preso nesta quarta-feira (3) pela Polícia Federal, durante a Operação Unha e Carne.
Segundo a PF, Bacellar é suspeito de vazar informações sigilosas sobre a Operação Zargun, que investiga a ligação de agentes públicos com o Comando Vermelho, além de tráfico de armas e drogas.
Como será o processo na Alerj
Mesmo preso, o futuro do presidente afastado está nas mãos dos próprios deputados estaduais. Assim que a notificação oficial do Supremo Tribunal Federal for recebida:
- A decisão será publicada no Diário Oficial
- O caso seguirá para análise da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ)
- O parecer da CCJ será votado no plenário da Alerj
- Deputados podem revogar ou manter a prisão
A CCJ é presidida pelo deputado Rodrigo Amorim, aliado político de Bacellar.
Enquanto isso, o comando da Assembleia está sob responsabilidade do vice-presidente Guilherme Delaroli (PL).
O que diz a Polícia Federal
A corporação afirma que o vazamento de informações interrompeu investigações da Zargun, operação relacionada a:
- tráfico internacional de armas
- corrupção e lavagem de dinheiro
- envolvimento de agentes públicos
- fornecimento de armamentos e equipamentos ao crime organizado
De acordo com as investigações, o preso TH Joias, também deputado na época, teria usado o mandato para favorecer o Comando Vermelho, inclusive nomeando cúmplices na Alerj.

Histórico: Alerj já derrubou prisões antes
Não é a primeira vez que o parlamento fluminense é protagonista de crises envolvendo sua própria liderança. Outras decisões já libertaram deputados presos:
| Ano | Caso | Decisão da Alerj |
|---|---|---|
| 2017 | Operação Cadeia Velha | Soltaram Picciani, Paulo Melo e Albertassi |
| 2019 | Operação Furna da Onça | Cinco deputados libertados |
Essas votações se basearam em entendimento do STF que permite às assembleias reverter prisões de parlamentares estaduais, ampliando suas imunidades.
O que está em jogo
A decisão terá impacto direto:
- na governabilidade da Alerj
- na continuidade de investigações criminais
- na relação com o STF e o Governo Federal
- na imagem política do RJ, já marcada por escândalos recentes
Rodrigo Bacellar foi afastado da presidência da Alerj por ordem do ministro Alexandre de Moraes.
E agora?
A votação deve ocorrer após a chegada da notificação oficial do STF à Casa, que pode ser feita ainda esta semana. Até lá, parlamentares evitam antecipar posições.