
A Polícia Civil apresentou uma mudança importante na investigação sobre o desaparecimento de Eduardo Aguiar Ferreira, de 24 anos, ocorrido na segunda-feira (24) na Região Oceânica de Niterói.
O jovem foi forçado a entrar em um Corolla prata no Engenho do Mato e, desde então, não fez contato com a família. Agora, a polícia trabalha com um cenário diferente da primeira versão divulgada.
No relatório atualizado, a 81ª DP descarta a hipótese de motivação amorosa e passa a considerar que o caso pode ter relação com o comércio de cigarros de origem clandestina, atividade na qual, segundo os investigadores, o próprio Eduardo e pessoas próximas poderiam estar envolvidos.
Como ocorreu o sequestro em Niterói
Eduardo foi abordado por três homens na Rua Jaerthe Pimentel de Medeiros, por volta das 16h40. Moradores registraram em vídeo o momento em que o grupo retira o jovem da motocicleta e o coloca dentro do carro. O veículo seguiu em direção à Avenida Central.
A família procurou a Delegacia Antissequestro no mesmo dia, às 22h. Como ninguém exigiu resgate, os parentes foram orientados a aguardar um possível contato e a preservar qualquer prova. Horas depois, o celular do jovem marcou localização em Magé e, depois, no bairro de Imbariê, em Duque de Caxias, onde permaneceu sem movimentação.
Linha de investigação muda após depoimentos
Desde o início, a equipe da 81ª DP recolheu imagens e ouviu testemunhas. A investigação trabalhava com duas possibilidades: um conflito envolvendo o atual companheiro de uma ex-namorada ou o envolvimento do jovem com uma carga de cigarros contrabandeados.
Ao assumir o caso, o delegado Deoclecio Assis identificou inconsistências nos relatos da família. Investigadores afirmam que parentes próximos sabiam de detalhes relevantes que não haviam sido mencionados.
A virada na investigação ocorreu quando agentes foram até a casa de Jeovani, primo de Eduardo, apontado como alguém que teria conhecimento sobre uma carga de cigarros ilícitos ligada ao jovem. Os policiais verificaram que a mercadoria já tinha sido retirada. Jeovani não esclareceu onde estava a carga, tentou dificultar o trabalho dos agentes e acabou levado para a delegacia.
Primo é detido após mudar depoimento
Na delegacia, uma parente informou que Jeovani havia dado uma versão falsa para proteger outra pessoa envolvida na situação. Ele admitiu a mentira. A carga foi encontrada e apreendida.
Jeovani foi preso em flagrante por fraude processual e liberado após pagamento de fiança.
Histórico de Eduardo e avanço em Niterói
A polícia aponta que Eduardo já havia sido detido em 2023 com uma carga de cigarros roubada. Agora, os agentes analisam a possibilidade de o jovem atuar como intermediário na distribuição de cigarros ilegais em Niterói.
A pessoa que Jeovani tentou encobrir já foi identificada: trata-se do proprietário de uma tabacaria na cidade. Duas pessoas que estavam com o Corolla no dia do crime também foram localizadas. Para não prejudicar as diligências, a Polícia Civil afirma que mantém as apurações sob sigilo e lamenta que informações falsas tenham atrapalhado os primeiros passos da investigação.
O que a família dizia inicialmente
Familiares relataram, nos primeiros dias, que Eduardo teria ido vender sua moto e poderia ter caído em uma armadilha. A ex-namorada, Paula Nalanda, afirmou que ele não tinha inimigos, era evangélico e tinha pouco convívio social. Ela também disse que muitas versões começaram a circular após o sequestro, aumentando o desespero da família.
A primeira narrativa divulgada por parentes e moradores dizia que Eduardo havia sido atraído para uma emboscada ao tentar vender sua motocicleta. Os familiares negavam qualquer ligação dele com atividades ilegais e aguardavam um contato dos sequestradores.