
A estação Central do Brasil/Centro virou ponto de encontro com a história e a arte negra no Rio. Até 20 de dezembro, o MetrôRio exibe “Memórias da Pequena África” e “Recortes de Memória”, ação do Mês da Consciência Negra dentro da campanha “Respeito move novas rotas”. A proposta é provocar reflexão no caminho do trabalho e ampliar a representatividade no espaço público.
MetrôRio recebe duas exposições na Central do Brasil até 20/12
O MetrôRio está com duas exposições em cartaz na estação Central do Brasil/Centro: “Memórias da Pequena África” e “Recortes de Memória”. A iniciativa integra a campanha institucional “Respeito move novas rotas”, com o slogan: “Valorize a cultura negra para fortalecermos um caminho para uma sociedade mais justa e diversa”.

Memórias da Pequena África: seis fotos inéditas e um percurso pela história
A exposição “Memórias da Pequena África” é realizada pelo Rio Memórias, organização social dedicada a promover a história e a cultura da cidade, em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura. A mostra, que também homenageia o Rio Capital Mundial do Livro, reúne seis fotos inéditas do acervo do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro.
As imagens retratam lugares fundamentais para a memória da presença negra no Rio e ajudam a revelar as camadas históricas que moldaram — e continuam moldando — a nossa identidade. O convite ao passageiro é olhar para uma região marcada pelo comércio de pessoas escravizadas, mas também pela formação do espírito carioca a partir da riqueza da cultura africana.
Locais retratados na mostra
O percurso destacado pela exposição passa por:
- Cais do Valongo e Largo de Santa Rita (testemunhos do horror da escravidão)
- Largo da Prainha, Casa da Tia Ciata, Praça da Harmonia e Praça Onze (espaços de resistência e criatividade, que construíram novas formas de sociabilidade e deixaram raízes culturais até hoje)
Recortes de Memória: 11 obras e personagens negros apagados da narrativa
Já a mostra “Recortes de Memória”, da artista visual Fátima Farkas, com curadoria de Vera Simões, reúne 11 obras que combinam fotografia e pintura em linguagem contemporânea. A proposta é refletir sobre memória e representatividade de personagens negros na história do Brasil, convidando o público a revisitar vozes e narrativas que ajudaram a moldar o país.
A seleção apresenta figuras históricas e contemporâneas ligadas à luta e à resistência negra, como:
- João Cândido Felisberto (o Almirante Negro)
- Benedito Meia Légua
- Rainha Nzinga
- o arquiteto Diébédo Francis Kéré, entre outros personagens
As obras trabalham cor e recorte fotográfico, explorando contrastes de luz e sombra nas camadas simbólicas da memória e da ancestralidade. A artista propõe dar visibilidade a personalidades negras cujas histórias foram apagadas, destacando feitos que transformam a narrativa do apagamento desde o período da escravização no Brasil até os dias atuais.
Quem é Fátima Farkas
Fátima Farkas iniciou sua trajetória no design e, depois, nas artes visuais. Seus trabalhos dialogam com questões étnicas e culturais brasileiras, especialmente ligadas ao Recôncavo Baiano. Entre as criações recentes está a exposição “Será o Benedito”, exibida no Instituto dos Pretos Novos (IPN), no Rio de Janeiro, durante as celebrações dos 19 anos do instituto e dos 250 anos do sítio arqueológico do Cemitério dos Pretos Novos.
Respeito move novas rotas: campanha também incentiva troca de livros
Além das exposições, a campanha institucional do metrô deste ano convida os clientes a deixarem um livro inspirador sobre a cultura negra nas estantes “Livro Vai, Livro Vem”, disponíveis nas estações Pavuna, Central do Brasil/Centro, Saens Peña/Tijuca e General Osório/Ipanema. O objetivo é ajudar a espalhar conhecimento, representatividade e orgulho.
“Valorizar a cultura negra é ir além de sua celebração. É combater o racismo em todas as formas e, essa luta é diária e um dever de todos”, afirma Simone Pfeil, gerente de Comercial e Marketing do MetrôRio.