
Jourdan Amora, nosso irmão, amigo, mestre, sempre — ou quase sempre — recusava homenagens, mas perdia mesmo a calma quando recebia qualquer proposta de benefício ou de emprego, respondendo de forma direta: “Enfia…”. Era o jeito de ser e a dignidade de Jourdan.
Em relação às homenagens, Jourdan foi mudando. No Fórum da Memória do Jornalismo Fluminense, realizado pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, não controlou a emoção ao falar de sua história.
Agora, a pergunta é: qual homenagem Jourdan merece?
São tantas as possibilidades, mas, se resgatarmos algumas das lutas e o amor que Jourdan tinha pela profissão, tenho uma sugestão e um apelo: resgatar o Museu da Imprensa, que ele criou e que, criminosamente, foi despejado pelo então governador Sérgio Cabral e pelo presidente da Imprensa Oficial, Haroldo Zager, à época.
Vamos relembrar um fato: quando o prédio do jornal A Tribuna da Imprensa, de Hélio Fernandes, foi incendiado pelo governo da ditadura militar, Jourdan não só colocou à disposição a rotativa de seu jornal A Tribuna, como também imprimiu, sem cobrar nada, durante meses, o jornal A Tribuna da Imprensa.
E quem era o diretor de produção da Tribuna da Imprensa nessa época? Haroldo Zager.
Passou o tempo e, anos depois, nomeado por Sérgio Cabral ao cargo de presidente da Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro, Zager foi o responsável por despejar o Museu da Imprensa criado por Jourdan.
Entenderam? A realidade é que os canalhas não mandam flores!
Jourdan também tinha uma paixão por cachaças, esclarecendo que não era um “bebum”, mas um admirador, a ponto de criar um museu particular de marcas de cachaça, trazidas de várias partes do Brasil e por meio de presentes que recebia.
O que poucos sabem é o apoio que Jourdan dava à Cultura de Niterói, onde se destacaram os grandes festivais de teatro.
Agora, especula-se como homenagear Jourdan após sua morte. Já imagino ele, lá de cima, blasfemando:
“Que palhaçada é esta? Nem com o meu museu se preocuparam?”
Enfim, querendo ou não, Jourdan será homenageado — e já são várias as iniciativas.
No bar Yorubar, na Praça Leoni Ramos, em São Domingos, onde batia ponto para um bom chope com Renato, que também organizou um brinde a Jourdan na última sexta-feira, surgiram várias propostas de amigos e jornalistas.
O advogado e amigo de Jourdan, Célio Junger, colaborador com artigos em A Tribuna, sugere que se troque o nome da Rua Marquês do Paraná, em Icaraí, para Rua Jourdan Amora.
No velório, o ex-prefeito Jorge Roberto Silveira afirmou que, se ainda estivesse no cargo, encomendaria uma estátua de Jourdan.
O grupo de jornalistas e amigos de Jourdan defende a criação de uma estátua na Praça Leoni Ramos, próxima à sua casa — e também ao ponto de encontro regado a chope no bar do Renato.
A decisão depende de seu amigo, o prefeito Rodrigo Neves, que pode concordar com Jorge Roberto Silveira e com todos os seus amigos jornalistas — ou terá outra opção na cartola?