
O professor e técnico de voleibol Walner Santos, um dos fundadores do Niterói Vôlei Clube, foi vítima de racismo na noite do último sábado (4), durante uma partida entre JF Vôlei e Montes Claros, pelo Campeonato Mineiro de Vôlei Masculino, em Juiz de Fora (MG).
Walner, que hoje comanda o Montes Claros Vôlei, denunciou o caso e classificou o episódio como “um crime covarde e inaceitável”.
Torcedor foi preso por injúria racial
Um homem de 68 anos foi identificado após proferir ofensas racistas contra membros da equipe de Montes Claros. Ele foi retirado do ginásio por seguranças, encaminhado à delegacia de plantão e teve a prisão ratificada por injúria racial, crime inafiançável segundo a legislação brasileira.
O episódio ocorreu no terceiro set da partida, quando integrantes da comissão técnica apontaram o torcedor como autor das ofensas. Mesmo após resistência, ele foi retirado com apoio de outros torcedores.
A diretoria do JF Vôlei pediu desculpas publicamente aos atletas e técnicos do Montes Claros e repudiou qualquer forma de discriminação.
Depoimento e reação
Walner registrou boletim de ocorrência logo após o jogo e usou as redes sociais para se manifestar.
“É inadmissível que em pleno 2025 alguém consiga se expressar de forma racista. Fui covardemente alvo de um crime inafiançável. Sou um homem negro, de origem humilde, com 25 anos de profissão. Trabalhei duro para realizar sonhos — ninguém vai me tirar esse direito com atitudes criminosas”, escreveu o técnico.
O treinador agradeceu o apoio dos atletas, da diretoria do Montes Claros, da Federação Mineira de Vôlei e da torcida adversária, que também se solidarizou.
A Federação Mineira de Vôlei afirmou em nota que repudia o episódio e que está apurando os fatos para tomar as medidas cabíveis.
Trajetória e reconhecimento
Natural de Niterói (RJ), Walner Santos é um dos nomes mais respeitados do voleibol brasileiro, com mais de 25 anos de carreira, passagens por clubes, seleções regionais e nacionais e atuação como técnico e formador de atletas.
Fundador do Niterói Vôlei Clube, criado em 1º de março de 2004, Walner sempre defendeu o esporte como instrumento de inclusão, mérito e transformação social.
“Em toda minha carreira, onde tenho passagens por clubes, seleções regionais e nacionais, nunca tinha presenciado um ato tão racista e agressivo. Sempre lutei pelo meu espaço de forma ética e fui respeitado junto dos meus por onde passei. Falo isso porque oportunizar profissionais negros no voleibol sempre fez parte da minha caminhada e isso nunca foi problema. Se aqui eu cheguei e continuo em busca dos meus sonhos, foi por merecimento. Então ninguém vai me tirar esse direito com atitudes criminosas. E de onde eu vim, muitos ainda estão pra chegar! E também vão ficar!”, completou o treinador.