Rio

Carnaval em luto: intérprete da Portela morre no Rio

O carnaval carioca sente a grande perda, intérprete da Portela, que morreu aos 55 anos após cirurgia bariátrica.

Gilsinho durante o desfile da Portela de 2024 | Nelson Malfacini / Site Carnaval
Gilsinho durante o desfile da Portela de 2024 | Nelson Malfacini / Site Carnaval

O cantor Gilsinho, intérprete oficial da Portela, morreu nesta terça-feira (30), aos 55 anos, no Rio de Janeiro. A escola de Madureira informou que a morte ocorreu “em decorrência de complicações após um procedimento cirúrgico”.

Segundo amigos próximos, Gilsinho havia passado por uma cirurgia bariátrica na última semana. Ele recebeu alta no sábado (27), mas apresentou complicações a partir de segunda-feira (29).

Trajetória no samba

Gilsinho chegou à Portela em 2006 e, desde então, tornou-se uma das vozes mais marcantes do Carnaval carioca. Era conhecido pelo grito de guerra “Vai na Ginga, Portela!”, além da voz potente que embalava a escola já no aquecimento para a Sapucaí.

De raízes portelenses, ele era filho de Jorge do Violão, integrante da Velha Guarda da escola nos anos 1970 e 1980, e afilhado do lendário compositor Casquinha. No Carnaval de 2024, emocionou o público ao interpretar “Maria Maria”, no desfile em homenagem a Milton Nascimento.

No Carnaval paulista, Gilsinho também marcou história, defendendo a Tom Maior e sendo campeão pela Vai-Vai em 2015, com enredo em homenagem a Elis Regina.

Homenagens

A Portela decretou luto oficial de três dias. Em comunicado, destacou:

“Sua voz embalou momentos inesquecíveis, emocionou gerações e marcou profundamente o Carnaval do Brasil. Gilsinho será sempre lembrado como a voz e a alma portelense.”

A Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio) também lamentou:

“Sua trajetória ficará eternizada na história do samba e na memória da nossa Avenida, onde emocionou gerações com sua voz potente e cativante.”

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, portelense declarado, escreveu:

“O ‘maestro vocal’ da nossa Portela nos deixou de maneira inesperada hoje. Que Deus possa confortar o coração de todos os seus familiares e da imensa família portelense! Gilsinho vai fazer muita falta ao carnaval carioca.”

Já a Tom Maior, de São Paulo, afirmou estar “em pranto”:

“Partiu Gilsinho, o nosso eterno intérprete, e com ele vai um pedaço da nossa história, da nossa voz. Você nos deu o privilégio de viver os dias mais intensos. Escolheu ficar nos momentos mais difíceis e nos ajudou a reerguer.”

Outras escolas, como Salgueiro, Mocidade, Paraíso do Tuiuti e Acadêmicos de Niterói, também manifestaram pesar pela morte do cantor.

Legado

Ao longo de quase duas décadas, Gilsinho se consolidou como um dos maiores intérpretes da história da Portela, levando a tradição da azul e branco a novos patamares. Sobrinho de coração da cantora Clara Nunes, deixa filhos, amigos e uma legião de admiradores que o reconheceram como a voz de uma era no samba.