
O Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap-UFF) realizou, em 22 de agosto, a primeira criobiópsia de nódulo pulmonar guiada por EBUS radial. O exame, inédito no SUS da Região Metropolitana II do RJ, acelera o diagnóstico precoce do câncer de pulmão com maior precisão e segurança. O impacto é direto para pacientes: procedimento minimamente invasivo, menos riscos e alta no mesmo dia.

Criobiópsia pulmonar guiada por EBUS radial: o que muda
O Huap-UFF, vinculado à Ebserh, passou a oferecer um exame que combina ultrassonografia endobrônquica radial (EBUS radial) e criobiópsia para lesões pulmonares periféricas — um marco para a rede pública da região.
- Benefícios ao paciente: fragmentos maiores e com menos alterações, melhorando a leitura do patologista; redução de riscos; sem necessidade de leito; alta no mesmo dia.
- Impacto no SUS: acesso local a uma tecnologia de alta complexidade, ampliando a capacidade de diagnóstico precoce e estadiamento do câncer de pulmão.

Ganho diagnóstico: de 40% para 70%–80%
Segundo a pneumologista e broncoscopista Maria Clara Simões (Serviço de Endoscopia Respiratória), a broncoscopia convencional tem sensibilidade de até 40% para lesões periféricas. Com o EBUS radial, o índice sobe para 70% a 80%, graças à localização precisa do nódulo durante o exame.
Modernização tecnológica com apoio da Faperj
O procedimento integra o projeto “Integra – uma proposta de integração academia/serviço”, aprovado pelo edital nº 15/2023 da Faperj (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro).
- Investimento: R$ 4.438.000 para 24 meses de execução.
- Equipamentos: aquisição de EBUS linear e radial, permitindo visualização completa do pulmão e estadiamento (classificação do tipo de tumor).
- Serviço envolvido: Endoscopia Digestiva e Respiratória do Huap-UFF, com parque tecnológico modernizado.
Caso clínico e segurança do paciente
O primeiro procedimento foi realizado em homem, 66 anos, com DPOC e tabagismo, referenciado ao Huap-UFF para diagnóstico da lesão.
- Durante a broncoscopia, o EBUS radial localizou o nódulo e a criobiópsia coletou os fragmentos.
- Com a precisão do método, os riscos inerentes ao exame são reduzidos e não há necessidade de internação: o paciente é liberado no mesmo dia.
Equipe integrada e capacidade assistencial
As endoscopias respiratórias são realizadas de forma integrada pelos serviços de Endoscopia e Cirurgia Torácica, com apoio de anestesiologistas.
- Volume assistencial: de janeiro a julho de 2025, o Hospital realizou 288 procedimentos do tipo.
- Meta: ampliar a capacidade com os novos equipamentos, priorizando diagnóstico precoce e estadiamento do câncer de pulmão, destaca Omar Mourad, chefe da Cirurgia Torácica do Huap-UFF.
Tecnologia a serviço do ensino na UFF
Desde 1970, o Hospital mantém a especialidade de cirurgia torácica, atendendo:
- Trauma das vias aéreas superiores
- Cirurgias de traqueia
- Câncer de pulmão
- Enfisema
O professor emérito Luiz Felippe Júdice (Membro Honorário da Academia Nacional de Medicina), colaborador do serviço, foi um dos primeiros docentes da disciplina na UFF. Ele desenvolveu o traqueobroncoscópio Bhiosupplay-Judice e participou da primeira biópsia de nódulo pulmonar por broncoscopia do hospital.
“O ensino da medicina é um subproduto da assistência. Com boa assistência, há bom ensino — e o Huap, com novos equipamentos, integra especialidades e expõe alunos a novas tecnologias”, avalia Júdice.
Gestão pública, Ebserh e missão no SUS
Para o superintendente Beni Olej, o procedimento representa um marco no desenvolvimento tecnológico do Hospital, beneficiando pacientes e estudantes ao aproximar academia e serviço.
O reitor da Universidade Federal Fluminense, Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, reforça a missão do Hospital Universitário na rede SUS: ofertar serviços de média e alta complexidade. A qualificação do parque tecnológico com equipamentos de ponta é essencial para cumprir essa missão, integrando ensino, pesquisa e assistência — com melhor atendimento à população.
Sobre a Ebserh
O Huap-UFF integra a Rede Ebserh desde o início de 2016. Vinculada ao MEC, a Ebserh foi criada em 2011 e atualmente administra 45 hospitais universitários federais, apoiando suas atividades com gestão de excelência. Como unidades ligadas a universidades federais, os hospitais atendem pacientes do SUS e fomentam formação profissional, pesquisa e inovação.