Cidades

Niterói espera um Centro de Memória mas há várias iniciativas que merecem aplausos

Alexandre Porto | Divulgação
Alexandre Porto | Divulgação

Niterói, através de várias instituições, vem construindo a memória da cidade com muito profissionalismo mas sem recursos e estrutura técnica, a espera do Centro de Memória do município.

A Universidade Federal Fluminense faz um trabalho sério na área acadêmica, o Instituto Histórico e Geográfico resiste com seus abnegados membros assim como o Arquivo da Câmara de Niterói, a Academia Fluminense de Letras e outras instituições.

Havia um bom trabalho no Departamento de Pesquisa do jornal O Fluminense, que começou com o jornalista Emmanuel de Macedo Soares Bragança. O jornal foi vendido e até hoje não se sabe o que foi feito com o acervo. Também o nosso poeta, jornalista e pesquisador Luis Antonio Pimentel tinha um acervo memorável de suas pesquisas e registros. Onde está esta relíquia histórica? Já o jornalista Carlos Ruas, recentemente, mostrou numa exposição o seu riquíssimo, importante e histórico acervo fotográfico.

No antigo prédio da Imprensa Oficial do Estado, em Niterói, funcionava o Museu da Imprensa, criado pelo jornalista Jourdam Amora, mas o presidente da época da Imprensa Oficial, com o aval do governador Sergio Cabral, vendeu o prédio e despejou o museu. Agora, o governador Claudio Castro quis vender o Caio Martins, que além de sua história marcante na área esportiva, foi um dos três estádios do Mundo que virou prisão na época da ditadura militar de 64.

A Neltur (antes Enitur) já teve um Centro de Memória que se chamava Arquivo Memória e muitas personalidades foram entrevistadas. No Solar do Jambeiro, Gabriela Linhares realizava um projeto de resgate da memória do teatro, entrevistando e filmando personalidades da área artística. Da mesma forma, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro desenvolve o Projeto Memória do Jornalismo Fluminense, no Solar do Jambeiro, há dois anos, onde já participaram jornalistas ilustres do Estado do Rio de Janeiro, mas também sem apoio logístico.

Memória Niterói, uma iniciativa que merece aplauso

Agora, fui convidado por Alexandre Porto para dá um depoimento no projeto Memória Niterói, que por lá já passaram, Carlos Ruas, Ismênia Lima, Arthur Lima, Chico Batera, Ronaldo do Bandolim, Paulinho Guitarra, Fátima Regina, Biafra, Márcio Selles, Alex Malheiros, Marcos Sabino, Sérgio Chiavazzoli, Bia Bedran, Antônio Carlos De Caz, Elyzio Falcato, Cláudia Araújo, Marilda Ormy, Luiz Carlos de Carvalho e Sílvio Fróes.

Sem dúvida, mesmo restrito a personalidades artísticas, é um trabalho sério, profissional e com uma excelente estrutura técnica e de profissionais capacitados, com aval da FAN. É uma importante iniciativa que poderia ser ampliado para os todos os segmentos de Niterói, com seus aspectos urbanos, culturais e sociais e poderá ser o embrião do Centro de Memória de Niterói.

Alexandre Porto, que comanda o projeto, fala com entusiasmo sobre o seu trabalho, lembrando que sempre foi muito interessado nas questões relacionadas ao Patrimônio Cultural da cidade de Niterói e, ainda, como estudante do Centro Educacional de Niterói, participou de movimentos para a restauração da Praça da República, que aconteceu com a implosão do esqueleto do prédio que seria o novo fórum da cidade. Acompanhou também o movimento “Niterói tem que Sumir”, que tinha como objetivo salvar a Fundação de Atividades Culturais, que estava sob risco de extinção.

Alexandre afirma que só começou a se identificar com a história da cidade, quando, em 1993, trabalhou na edição do livro “Minha Terra e Minha Vida – Niterói há Cinquenta Anos”, de Everardo Beckeuser, uma edição comentada pelo historiador Emmanuel Bragança.

Lembra com entusiasmo dos restauros do Teatro Municipal e do Solar do Jambeiro, sob o comando de Cláudio Valério e também do restauro do Palácio Arariboia, que foi construído, num terreno que foi de uma parente sua.

Mario Sousa

Mário Sousa é jornalista e analista político

Mário Sousa é jornalista e analista político