Justiça

Agosto Lilás expõe 28 mil casos de violência contra mulheres no RJ

Agosto Lilás expõe realidade dura no RJ: 28.500 casos de violência contra mulheres em 2025, mas só 5 mil denúncias foram formalizadas..

Agosto Lilás

O Rio de Janeiro já soma mais de 28 mil casos de violência contra mulheres em 2025, apenas no primeiro semestre. Em meio ao Agosto Lilás, campanha que reforça a importância da Lei Maria da Penha, o dado revela um abismo entre a realidade das vítimas e o número de denúncias registradas.

Violência contra a mulher no RJ em 2025

Segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, foram 28.539 casos de violência contra a mulher no estado só no primeiro semestre deste ano. Porém, apenas 5.281 denúncias foram formalizadas, evidenciando o silêncio que ainda cerca a maioria das vítimas.

Tipos de violência e o impacto do silêncio

Os registros incluem desde violência física e doméstica até abusos psicológicos, morais e patrimoniais.
A advogada e professora de Direito da Anhanguera, Andrea Souza, explica que o medo de denunciar está ligado a fatores como:

  • Dependência emocional ou financeira
  • Medo de represálias do agressor
  • Vergonha e estigmas sociais
  • Desconhecimento dos direitos

“Muitas mulheres acreditam que não terão acolhimento ou que a denúncia não mudará sua realidade”, afirma Andrea.

Lei Maria da Penha: avanços e desafios

Ao longo de quase 20 anos, a Lei Maria da Penha trouxe avanços como:

  • Medidas protetivas de urgência
  • Criminalização do agressor
  • Atendimento prioritário às vítimas
  • Direito à matrícula em escolas para filhos de mulheres agredidas

Mas, segundo a docente, a eficácia da lei depende de aplicação, fiscalização e, sobretudo, da confiança das vítimas.

Educação e autonomia como prevenção

Andrea reforça que o enfrentamento da violência vai além da lei:

  • Educação para igualdade de gênero desde a infância
  • Políticas públicas contínuas de prevenção e acolhimento
  • Oportunidades de independência financeira para mulheres

“Quando a mulher tem autonomia econômica, fica mais fácil romper com o ciclo abusivo”, destaca.

Canais de denúncia e acolhimento

Dois números são fundamentais para buscar ajuda:

  • 180 – Central de Atendimento à Mulher
  • 190 – Polícia Militar

“O silêncio não protege, ele perpetua. A denúncia pode ser o primeiro passo para salvar uma vida”, conclui Andrea.