
Rio de Janeiro - Na manhã de sábado (26), um elefante‑marinho‑do‑sul (Mirounga leonina) surgiu em Piratininga, Niterói, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, deixando banhistas surpresos e encantados. Com cerca de 3 a 4 toneladas, o jovem animal repousava sobre as pedras. Profissionais da Guarda Ambiental de Niterói e da Econservation isolaram um raio de 40 metros em torno dele para garantir a segurança de todos e estão monitorando sua saúde até que possa seguir seu caminho de forma segura.
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“Já acompanhávamos seu trajeto desde Maricá. O isolamento é essencial para protegê-lo e permitir seu retorno ao habitat natural com segurança”, explicou Jociley Neves, coordenador da Guarda Ambiental.

Avistamentos ao longo da costa brasileira
Embora incomum, registros de elefantes‑marinhos‑do‑sul na costa brasileira vêm ocorrendo desde a década de 1950. Entre 1954 e 2008, foram contabilizados 46 registros distribuídos por oito estados litorâneos, incluindo Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia. Esses animais, muitas vezes jovens machos, são considerados “vagantes” — indivíduos que se afastam de suas colônias na Patagônia e chegam ao Brasil arrastados por correntes como a do Malvinas.
Registros mais recentes entre 2012 e 2017 mostram avistamentos recorrentes de um mesmo indivíduo em Espírito Santo, identificado por cicatrizes marcas de perigo e organismos marinhos aderidos ao corpo.
Sobre a espécie Mirounga leonina
Características físicas e adaptações
- Machos podem atingir 6,5 m e até 4 ton., enquanto fêmeas medem cerca de 3,5 m e pesam até 1 ton.
- A tromba inflável característica dos machos (probóscide) serve para exalar sons autoritários e conservar umidade durante prolongado jejum.
- Vivem cerca de 80% da vida embaixo d’água, mergulhando por até 80 minutos ou a profundidades superiores a 1.500 m.

Comportamento e reprodução
- São animais com forte dimorfismo sexual: machos adultos dominam haréns durante a reprodução, jejuando durante semanas, enquanto as fêmeas amamentam os filhotes por cerca de 23 dias.
- A reprodução ocorre no verão do Hemisfério Sul, especialmente em colônias da Patagônia argentina e ilhas subantárticas.
Por que aparecem em praias tropicais como as do Brasil?
Fenômenos climáticos e correntes marítimas, como a corrente das Malvinas, auxiliam no deslocamento de animais jovens, especialmente durante outono e inverno (maio a agosto).
Um estudo de 2020 observou o aparecimento de um filhote de elefante-marinho após uma forte atividade ciclônica no Atlântico Sul, sugerindo que eventos extremos também podem influenciar esses movimentos erráticos.

Panorama dos avistamentos na costa brasileira
Ano / Período | Estado | Observações |
---|---|---|
1954–2008 | RS, SC, PR, SP, RJ, ES, BA | 46 registros documentados |
2012–2017 | Espírito Santo | Mesmo indivíduo avistado por anos |
2020 | Rio de Janeiro (Barra da Tijuca) | Filhote observado e associado a ciclone |
Mais do que curiosidade, um fenômeno ecológico
O avistamento ocorrido em Niterói é um exemplo fascinante de dispersão errática natural de uma espécie antártica até águas temperadas. Esses registros são valiosos para entendermos mudanças ambientais, a influência das correntes oceânicas e o impacto de eventos climáticos extremos.
Além disso, reforçam a importância de protocolos de salvamento e monitoramento da fauna marinha — bem como o papel essencial de instituições como a Guarda Ambiental, a Econservation e os centros de reabilitação especializados.
Segundo o veterinário Diogo Cristo, da Econservation, o animal é um jovem com 3 a 4 toneladas e encalhou na Praia de Piratininga à primeira vista, para descansar, se deslocando pelas correntes vindas da Patagônia, sendo monitorado desde Jaconé.

O elefante-marinho-do-sul (Mirounga leonina) pode medir até 6 metros e pesar mais de 3 toneladas. Durante o inverno no Hemisfério Sul, é comum que jovens da espécie apareçam em praias do Sudeste, incluindo o litoral fluminense.
A Coordenadoria de Meio Ambiente da Guarda Municipal reforça que, ao avistar um animal silvestre, a população deve acionar o Cisp pelo telefone 153 e nunca tentar alimentá-lo. Casos de resgate seguem protocolos específicos, com avaliação veterinária e, se necessário, encaminhamento a centros especializados como o Cras, Cetas ou Instituto Vital Brazil.