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Animal raro em Niterói: entenda a visita do elefante-marinho

Descubra a visita inesperada do elefante-marinho em Niterói. Conheça os detalhes sobre esse raro animal na costa brasileira.

Fotos/vídeos: Lucas Benevides
Fotos/vídeos: Lucas Benevides

Rio de Janeiro - Na manhã de sábado (26), um elefante‑marinho‑do‑sul (Mirounga leonina) surgiu em Piratininga, Niterói, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, deixando banhistas surpresos e encantados. Com cerca de 3 a 4 toneladas, o jovem animal repousava sobre as pedras. Profissionais da Guarda Ambiental de Niterói e da Econservation isolaram um raio de 40 metros em torno dele para garantir a segurança de todos e estão monitorando sua saúde até que possa seguir seu caminho de forma segura.

Vídeos: Raro: elefante-marinho de 4 toneladas surge em Niterói +

“Já acompanhávamos seu trajeto desde Maricá. O isolamento é essencial para protegê-lo e permitir seu retorno ao habitat natural com segurança”, explicou Jociley Neves, coordenador da Guarda Ambiental.

Fotos/vídeos: Lucas Benevides

Avistamentos ao longo da costa brasileira

Embora incomum, registros de elefantes‑marinhos‑do‑sul na costa brasileira vêm ocorrendo desde a década de 1950. Entre 1954 e 2008, foram contabilizados 46 registros distribuídos por oito estados litorâneos, incluindo Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia. Esses animais, muitas vezes jovens machos, são considerados “vagantes” — indivíduos que se afastam de suas colônias na Patagônia e chegam ao Brasil arrastados por correntes como a do Malvinas.

Registros mais recentes entre 2012 e 2017 mostram avistamentos recorrentes de um mesmo indivíduo em Espírito Santo, identificado por cicatrizes marcas de perigo e organismos marinhos aderidos ao corpo.


Sobre a espécie Mirounga leonina

Características físicas e adaptações

  • Machos podem atingir 6,5 m e até 4 ton., enquanto fêmeas medem cerca de 3,5 m e pesam até 1 ton.
  • A tromba inflável característica dos machos (probóscide) serve para exalar sons autoritários e conservar umidade durante prolongado jejum.
  • Vivem cerca de 80% da vida embaixo d’água, mergulhando por até 80 minutos ou a profundidades superiores a 1.500 m.
Fotos/vídeos: Lucas Benevides

Comportamento e reprodução

  • São animais com forte dimorfismo sexual: machos adultos dominam haréns durante a reprodução, jejuando durante semanas, enquanto as fêmeas amamentam os filhotes por cerca de 23 dias.
  • A reprodução ocorre no verão do Hemisfério Sul, especialmente em colônias da Patagônia argentina e ilhas subantárticas.

Por que aparecem em praias tropicais como as do Brasil?

Fenômenos climáticos e correntes marítimas, como a corrente das Malvinas, auxiliam no deslocamento de animais jovens, especialmente durante outono e inverno (maio a agosto).
Um estudo de 2020 observou o aparecimento de um filhote de elefante-marinho após uma forte atividade ciclônica no Atlântico Sul, sugerindo que eventos extremos também podem influenciar esses movimentos erráticos.

Fotos/vídeos: Lucas Benevides

Panorama dos avistamentos na costa brasileira

Ano / PeríodoEstadoObservações
1954–2008RS, SC, PR, SP, RJ, ES, BA46 registros documentados
2012–2017Espírito SantoMesmo indivíduo avistado por anos
2020Rio de Janeiro (Barra da Tijuca)Filhote observado e associado a ciclone

Mais do que curiosidade, um fenômeno ecológico

O avistamento ocorrido em Niterói é um exemplo fascinante de dispersão errática natural de uma espécie antártica até águas temperadas. Esses registros são valiosos para entendermos mudanças ambientais, a influência das correntes oceânicas e o impacto de eventos climáticos extremos.

Além disso, reforçam a importância de protocolos de salvamento e monitoramento da fauna marinha — bem como o papel essencial de instituições como a Guarda Ambiental, a Econservation e os centros de reabilitação especializados.

Segundo o veterinário Diogo Cristo, da Econservation, o animal é um jovem com 3 a 4 toneladas e encalhou na Praia de Piratininga à primeira vista, para descansar, se deslocando pelas correntes vindas da Patagônia, sendo monitorado desde Jaconé.

Fotos/vídeos: Lucas Benevides

O elefante-marinho-do-sul (Mirounga leonina) pode medir até 6 metros e pesar mais de 3 toneladas. Durante o inverno no Hemisfério Sul, é comum que jovens da espécie apareçam em praias do Sudeste, incluindo o litoral fluminense.

A Coordenadoria de Meio Ambiente da Guarda Municipal reforça que, ao avistar um animal silvestre, a população deve acionar o Cisp pelo telefone 153 e nunca tentar alimentá-lo. Casos de resgate seguem protocolos específicos, com avaliação veterinária e, se necessário, encaminhamento a centros especializados como o Cras, Cetas ou Instituto Vital Brazil.