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Estudo revela: praias do Rio e de Niterói podem 'desaparecer' até 2100

Pesquisas indicam que praias icônicas do Rio e Niterói podem 'desaparecer' até 2100 com mudanças climáticas.

Praias do Diabo, Arpoador, Ipanema e Leblon | Foto: Fernando Maia Riotur
Praias do Diabo, Arpoador, Ipanema e Leblon | Foto: Fernando Maia Riotur

Estudos recentes apontam para mudanças significativas nas principais praias do Rio de Janeiro até o ano de 2100, com destaque para a redução expressiva das faixas de areia em áreas icônicas. A pesquisa conduzida pela Universidade Federal do Rio de Janeiro utilizou modelos numéricos avançados para analisar o impacto do aumento do nível do mar, atribuído principalmente às mudanças climáticas e ao aquecimento global. Os dados apontam que casos como o de Copacabana e Leme podem registrar perdas relevantes até o final do século, alterando profundamente a paisagem carioca.

O levantamento estima que, sem ações de mitigação, locais como Ipanema, Leblon e Botafogo também devem perder parte considerável de suas áreas de lazer e recreação. Além disso, as projeções mostram que espaços naturais de grande importância ecológica, incluindo manguezais na Área de Preservação Ambiental de Guapimirim, enfrentam o risco de desaparecimento. O panorama futuro exige planejamento tanto das autoridades quanto da população, sobretudo em atividades litorâneas e desenvolvimento urbano.

Como a elevação do nível do mar afeta as praias do Rio de Janeiro?

O fenômeno do aumento do nível do mar não ocorre de forma instantânea e sua principal causa está na elevação das temperaturas médias globais. Isso provoca expansão térmica dos oceanos e acelera o derretimento de geleiras e calotas polares. Conforme demonstrado no estudo, o avanço gradativo do mar transforma perigos antes esporádicos, como tempestades e ressacas, em ameaças permanentes para bairros à beira-mar. Hoje, a faixa de areia de Copacabana, por exemplo, já encolheu cerca de 10% em apenas uma década.

Não se trata apenas de perder lazer e turismo. A subida das águas do Atlântico dificulta o escoamento de chuvas intensas em áreas localizadas ao nível do mar — como a Lagoa Rodrigo de Freitas —, aumentando o risco de enchentes prolongadas. Projeções sugerem que enchentes, antes passageiras, poderão permanecer por meses ou se tornarem uma característica fixa em pontos da orla. O fenômeno acarreta consequências diretas ao cotidiano dos moradores, ao meio ambiente e às atividades econômicas.

copacabana
Praia de Copacabana | Reprodução

Quais regiões estão mais ameaçadas pela elevação do mar?

As praias de Copacabana e Leme aparecem no topo da lista entre as mais impactadas, mas Ipanema, Leblon e Botafogo também apresentam índices preocupantes de perda de areia. Na Região Oceânica de Niterói, áreas entre o porto e a lagoa de Piratininga somam-se ao quadro de risco elevado. Já os manguezais de Guapimirim, fundamentais para a proteção costeira e abrigo de biodiversidade, podem desaparecer até o fim do século, caso a tendência se mantenha.

Lagoa de Piratininga | Arquivo

Outro fator observado envolve a Baía de Guanabara, cuja orla está cada vez mais exposta à inundação prolongada devido à dificuldade enfrentada pela água das chuvas para escoar, uma consequência da elevação do oceano. Algumas localidades, inclusive pequenas comunidades pesqueiras, podem ser diretamente afetadas pela erosão acelerada da costa e pelo desaparecimento de áreas úmidas, essenciais para várias espécies.

Praia de São Francisco, em Niterói | Foto: cidadedeniteroi.com

O que está sendo feito para monitorar e enfrentar os impactos das mudanças climáticas nas praias cariocas?

Diante do cenário identificado, especialistas e órgãos públicos iniciaram a implantação de sistemas de monitoramento e pesquisa de alta precisão. Um acordo entre a prefeitura do Rio e o Instituto Nacional de Pesquisa do Oceano (Inpo) prevê o uso de boias oceânicas, marégrafos e sensores para colher dados em tempo real sobre níveis do mar, correntes e ondas. Essas informações são essenciais para prever e, eventualmente, mitigar os efeitos das ressacas e ondas de calor marítimas.

Além das ações tecnológicas, existem iniciativas baseadas na natureza para tentar conter o avanço do mar. Recuperação de recifes de corais, replantio de manguezais e utilização de barreiras naturais em outros pontos do litoral brasileiro têm sido testados para absorver parte do impacto das ondas e evitar a erosão. Algumas cidades, como Santos, optaram ainda por barreiras emergenciais, como sacos de areia, enquanto avaliam soluções definitivas mais integradas ao meio ambiente.

  • Monitoramento em tempo real: Sistemas automáticos para analisar variáveis oceânicas e climáticas.
  • Prevenção de ressacas: Uso de tecnologias para prever grandes tempestades e maremotos.
  • Infraestrutura adaptativa: Planejamento urbano com foco na resiliência costeira.
  • Soluções baseadas na natureza: Recuperação de ecossistemas como recifes e manguezais.

Como a população pode colaborar com a preservação das praias?

O engajamento da sociedade é relevante no enfrentamento aos desafios impostos pela elevação do nível do mar. Atitudes que reduzem a emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa — como uso consciente de energia, descarte adequado de resíduos e apoio a políticas ambientais — colaboram na mitigação das causas do aquecimento global. Além disso, a participação nos debates públicos e o estímulo à fiscalização ajudam a garantir a execução de estratégias preventivas por parte do poder público.

O futuro das praias do Rio de Janeiro depende da combinação de informação, monitoramento e atuação coordenada entre cientistas, gestores e população. A preservação dos cartões-postais cariocas passa tanto pela adaptação às novas condições quanto pela transformação coletiva rumo a práticas mais sustentáveis, fundamentais para manter o equilíbrio dos ecossistemas litorâneos.